VISÃO DO CORREIO

Inflação em alta

''Manter o dragão sob rédeas curtas é providência que se impõe ao governo, ao lado de medidas que reconduzam o país a uma nova era de crescimento''

Correio Braziliense
postado em 26/11/2020 06:00 / atualizado em 26/11/2020 08:48

Aprévia da inflação deste mês ficou em 0,81%, 0,13 ponto percentual abaixo da taxa registrada em outubro. Porém, a mais alta para novembro desde 2015 (0,85%). O aumento nos preços de alimentos e bebidas (2,16%) foi o que mais pesou no bolso dos brasileiros, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado pelo Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado deste ano, a inflação chega a 3,13%, ainda abaixo da meta fixada para 2020: 4%, podendo variar 1,5 ponto para mais ou para menos. Nos últimos 12 meses, o índice é de 4,22% contra 3,52% registrados nos 12 meses anteriores. A flexibilização da quarentena, com retomada de atividades em todos os setores da economia, levou os empresários a repassarem para os consumidores a alta de custos, puxada pelo dólar.

No segmento da alimentação, o avanço da inflação é um desastre, quando há cerca de 14 milhões de trabalhadores desempregados e com poucas perspectivas de retorno ao mercado. Portanto, eles têm mais dificuldades de colocar comida à mesa. Entre os vilões, tem destaque a batata-inglesa, que encareceu 33,73% em novembro. O preço do tomate teve alta de 19,89%, seguido pelo óleo de soja, com aumento de 14,85%.

Enquanto os preços sobem, os investimentos estão em queda no país, o que dificulta ainda mais a tão desejada retomada da economia. Nos primeiros 10 meses deste ano, o índice de investimentos diretos nos setores produtivos recuou 44,6%. Ou seja, totalizaram US$ 31,9 bilhões, contra US$ 57,6 bilhões em igual período do ano passado. Na análise do Banco Central, a retração está associada às incertezas provocadas pela pandemia do novo coronavírus, que pode entrar em uma terceira onda na Europa. No Brasil, epidemiologistas garantem que o aumento do número de casos nas últimas semanas caracteriza uma segunda onda no país.

Mas não é só isso, na avaliação dos especialistas. As eleições municipais pararam o Congresso Nacional. Uma paralisia que antecede ao pleito e que indica a dificuldade de liderança no Executivo diante da base parlamentar de apoio, a fim de que sejam discutidas e aprovadas as proposições oriundas da equipe econômica. Desde o ano passado, o governo fala da importância das reformas administrativa e tributária, sem que ambas sejam libertadas do papel ou discurso.

Conter a alta da inflação é desafio colocado à equipe do governo. No passado, o descontrole inflacionário levou a economia brasileira ao caos. Um cenário que não pode se repetir diante do acúmulo de mazelas socioeconômicas existentes no país. Manter o dragão sob rédeas curtas é providência que se impõe ao governo, ao lado de medidas que reconduzam o país a uma nova era de crescimento.

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