O eixo da economia mundial se desloca para a Ásia. Os Estados Unidos (EUA) nunca pensaram nos continentes americanos e a Europa fechou-se em si mesma. O jornal Valor nos diz que após anos de negociações espinhosas, a China e outros 14 países assinaram o maior acordo comercial do mundo, e que se mostra um dos primeiros desafios à política comercial do presidente eleito dos EUA, Joe Biden.
A Parceria Regional Econômica Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) cria um bloco que responde por mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Reúne as maiores e mais pujantes economias da região da Ásia-Pacífico, que deixaram diferenças geopolíticas de lado para finalizar o acordo. Além da China, também fazem parte da RCEP Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia e 10 países do sudeste asiático, como Indonésia, Vietnã, Tailândia e Cingapura.
“Encorajar o livre comércio é ainda mais importante agora, que existe uma depressão da economia global e há sinais de países voltando-se para dentro” disse o primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, durante reunião da RCEP com outros líderes, segundo representante do governo japonês. Os EUA, maior economia do mundo, não fazem parte do grupo, exigência da China.
Eles estavam envolvidos na concepção de um bloco diferente — a Parceria Transpacífico (TPP), que não incluía Pequim e tinha por objetivo conter o crescente poder de influência da China... (a tentativa gorou). Mas, Washington, que, durante o governo Trump, evitou grandes acordos comerciais multilaterais, optou por não entrar na TPP, pois sabia que perderia a autonomia imperial que sempre o animou.
O novo pacto aumenta a pressão sobre Biden para aprofundar o envolvimento comercial dos EUA na região da Ásia-Pacífico. Em 2019, ele alertou para o risco de que se os EUA não escrevessem as regras do jogo, a China iria fazê-lo. Disse que tentaria renegociar a TPP, mas passou o momento para isso. A China, de fato, escreveu as regras. Embora a maioria dos países da RCEP tenha fortes laços comerciais entre si — as trocas comerciais vão desde arroz até semicondutores —, o novo tratado é considerado importante porque resultará em um sistema comercial unificado, na parte do mundo que cresce em velocidade e tem muita gente.
Na cerimônia realizada por videoconferência em razão da pandemia, os ministros dos 15 países-membros assinaram o pacto e mostraram suas assinaturas para as câmeras. O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse que a assinatura mostrou que o multilateralismo e o livre comércio “ainda representam a direção certa da economia mundial e da humanidade”.
De acordo com o governo do Japão, o RCEP eliminará tarifas sobre 91% das mercadorias comercializadas entre os membros. Reduzirá, ainda, as barreiras comerciais com muitos dos principais parceiros comerciais do Japão. A porcentagem de itens livres de tarifas do país enviados à Coreia do Sul aumentará de 19% para 92%, e à China, de 8% para 86%. A indústria automotiva japonesa, um forte motor da economia do país, deverá sair beneficiada. O acordo elimina as tarifas sobre quase US$ 50 bilhões em autopeças enviadas à China por ano, segundo o governo do Japão.
O pacto ainda precisa ser ratificado pelos governos nacionais antes de entrar em vigor. Ao longo de mais de oito anos de negociações, o tratado deparou-se com grandes problemas para equilibrar os interesses dos países em vários estágios de desenvolvimento. A Índia, que fez parte das negociações, saiu em 2019, por receio de que a RCEP levasse a uma enxurrada de importações e ficou isolada. Agora são três classes de blocos econômicos: a sino-asiática, a CEE e os EUA.
O resto da economia mundial é o resto do mundo. É nele que nós estamos. A diplomacia econômica do governo Bolsonaro inexiste, é um zero à esquerda. Mas não falta ideologia, de resto ultrapassada. É de se perguntar qual o papel econômico do Brasil no contexto das Américas, especialmente com os países andinos e os da costa atlântica (Uruguai, Argentina, Venezuela). Como devemos implementar (parado) o acordo Europa (CEE) — Mercosul. O presidente vive no mundo da lua. Outro dia, queixou-se de países europeus que criticam a sua real má gestão da floresta amazônica, acusando sem provas que os europeus: “Compram madeira ilegal tirada do Brasil”. É coisa de aspirante a tenente, jamais de um estadista. Acirra os ânimos em vez de buscar abafar a questão e construir pontes.
E há o aspecto geopolítico. O megatratado era ideia da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), mas só ganhou dimensão ao ser encampado pela China. Em 2017, o presidente Trump abandonou as discussões da parceira Transpacífico (TPP). Seria significativo para os EUA em direção à Ásia-Pacífico que é, hoje, a locomotiva da economia mundial. A China queria incluir o Mercosul, mas o Brasil não se interessou, continua quintal dos EUA. É só decepção esse governicho, meio besta, meio lixo. Ainda mais com esse Eduardo Bolsonaro arrotando besteiras dia e noite.
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