O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou, em audiência pública, aos integrantes da comissão do Congresso Nacional que acompanha as ações do governo frente à crise epidemiológica, que os primeiros 15 milhões de doses chegarão ao país entre janeiro e fevereiro, procedentes da Universidade de Oxford e da empresa AstraZeneca, ambas do Reino Unido, em parceria com a Fiocruz.
Os britânicos vão transferir à Fiocruz a tecnologia de produção da vacina, intitulada AZD 122, que tem 90% de eficácia e é uma das mais baratas e de armazenamento prático na comparação com outros imunizantes em desenvolvimento, que somam mais de 200 em todo o mundo, dos quais 10 na reta final de testes.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por sua vez, informou que autorizará o uso emergencial de vacinas contra Covid-19 desde que utilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), medida que poderá ser suspensa a qualquer momento caso seja verificado algum evento adverso. Uma decisão correta.
Iniciar a vacinação em massa da população brasileira é urgente. Hoje, o país é um segundo em número de vítimas do vírus, com 173.975 mortes (dados de ontem) e o terceiro em relação aos infectados: 6,33 milhões. Em relação aos óbitos, perde apenas para os Estados Unidos: 270.630. Apesar dessa tragédia, o Brasil está entre os países como menor índice de testagem — menos de 15 milhões fizeram o exame para detectar o vírus. Mais de 3 milhões ignoraram as recomendações da ciência.
As pressões políticas e econômicas precipitaram o relaxamento da quarentena. Para os especialistas, o Brasil agora enfrenta a segunda onda da epidemia. Em pelo menos 15 estados, os governos recuaram da flexibilização, devido ao crescimento do número de casos e de mortes. Aumentaram a demanda por internações e a pressão por leitos nas Unidades de Terapia Intensiva.
Os exemplos mais expressivos são Rio de Janeiro, próximo de um colapso, e São Paulo, que obrigou o governo local a restringir o funcionamento do comércio. Em situação semelhante, com poucas variações, estão Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Estimular a vacinação em massa não é atribuição exclusiva dos médicos. É dever que se impõe ao Poder público. Os danos causados pelo vírus são contados pelo número de sepulturas abertas, pelo impacto na economia nacional, que levará o país a encerrar o ano com quase R$ 900 bilhões de rombo nas contas públicas e mais de 14 milhões de desempregados. Além das razões materiais, há as sequelas emocionais de uma sociedade que chora a perda dos seus familiares. O país espera, e é obrigação do Estado, como determina a Constituição, garantir saúde para todos. A negação dos efeitos positivos da imunização, por meio de fake news e outros artifícios mentirosos, tem levado o Brasil a amargar o recrudescimento de doenças evitáveis, que matam ou causam danos permanentes. Esse ciclo tem de ser interrompido.
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