Governos das mais diversas orientações ideológicas, em toda época e lugar, souberam que, em tempos de crise, como guerras, pandemias e outros eventos adversos, é preciso usar a imaginação e a criação para fazer do pouco que dispõe o material básico para soerguer o país e forçá-lo a entrar, novamente, nos trilhos da prosperidade.
É, em ocasiões como essa, que os verdadeiros líderes despontam, indicando caminhos e conduzindo seu povo para fora da zona de perigo. A história está repleta de acontecimentos como esses, a nos ensinar que, mesmo na distância do tempo e das circunstâncias particulares, devem ser tomados como exemplos a serem seguidos. Não seria exagero afirmar que estamos, todos nós, indistintamente, experimentando tempos bastante adversos e que, por sua complexidade única, parece turvar os horizontes futuro.
Para trazer maior complicação a um problema que, em si, já é bastante intrincado, a sensação geral é de estarmos, literalmente, perdidos em mar aberto, sem lideranças políticas confiáveis, ao sabor dos ventos do destino e dos humores ciclotímicos de nossos governantes. As eleições municipais, realizadas há pouco, quase nada acrescentaram ao cenário político do país. Foram a repetição de mais do mesmo. Na área federal, apesar dos esforços feitos, isoladamente, pelo ministro da Economia, para forçar a volta de índices aceitáveis de crescimento econômico, o que se observa é o desgaste a que foi submetido, tanto pelo Palácio do Planalto, quanto por parte da classe política.
Com isso, bem antes da eclosão da pandemia, o que se assistia era a perda paulatina de credibilidade do ministro, a falta de apoio às propostas, tanto no Executivo, quanto no Parlamento, o que, de certa forma, esvaziou os projeto de reforma apresentados, empurrando essas medidas necessárias para uma data incerta e distante. Diante de um quadro de apatia generalizada, e em que o PIB do país parece pronto para despencar, levando todos, de roldão, à inadimplência, não seria estranho que o Brasil viesse, mais cedo ou mais tarde, a voltar a tocar a campainha do Fundo Monetário Internacional (FMI), jogando-nos de volta a um passado que acreditávamos ter ficado para trás.
Pesadelo dessa natureza só pode ser evitado caso haja engenho e arte por parte da atual administração federal, o que parece pouco crível até aqui. Nesse compasso, 2021, como antessala das eleições de 2022, poderá se transformar em mais um período de estagnação, caso o governo prossiga, como tem feito desde o primeiro dia de mandato, em permanente campanha política, alheio ao que se passa em redor.
Com uma perspectiva desse tipo e diante de um cenário no exterior, também não muito promissor, não temos para onde correr, sendo mais aconselhável, nesse momento, seguir as ponderações daqueles que têm algo a acrescentar e que, com certeza, não são muitos.
A frase que foi pronunciada
A torpeza, a ignomínia, a podridão das entranhas vivas, o nascer ou morrer infamado ou infame é só do homem.
Camilo C. Branco
Imensidão
» É hora de se repensar a segurança e a infraestrutura do Parque das Garças. Lugar agradável, mas sem policiamento algum.
Esperteza
» Em 2020, os consumidores brasileiros sofrem com uma inflação galopante ditada pela indústria de alimentos. Aumentam o preço e diminuem a quantidade de produto na embalagem. Dizia o filósofo de Mondubim que a esperteza engoliu o dono.
Ser ou ser
» Ser idoso nesse país é uma incoerência. Paga-se meia entrada e meia passagem de ônibus por ser idoso. Mas os shoppings lhes negam estacionamento gratuito enquanto permitem entrada de cães. Os planos de saúde, depois de uma vida toda pagando, aumentam o valor quando a idade avança, quando o certo seria diminuir.
Ideia
» Endividar-se pelo Fies parece injustiça. Mas há solução. Se o governo cobrasse o retorno dos endividados em serviço, pelo menos uma parte do dia, o estudante, além de começar a ter uma profissão, pagaria o débito com serviços prestados.
Preto, amarelo e rosa
» Dona Milta de Jesus e família constatam que o problema não é a cor da pele. O problema é a desvalorização do ser humano. Foi acusada de ter furtado o chinelo que estava usando e foi parar no hospital, com o coração partido.
História de Brasília
Provavelmente não se realizará agora o concurso para médicos no IAPC. É voz corrente que a sua realização se efetivará somente depois da aprovação do projeto 620 — a que efetiva os interinos.(Publicado em 19/01/1962)
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