O governo bolivariano do ditador Nicolás Maduro, da Venezuela, montou inquestionável farsa nas eleições legislativas do último domingo, boicotadas pela maior parte da oposição e com taxa de abstenção considerada elevadíssima (apenas 25% da população compareceram às seções eleitorais), o que, na visão de lideranças mundiais, deixa de conferir legitimidade ao pleito. O regime denominado socialismo do século 21, fundado pelo também ditador Hugo Chávez, jogou o país vizinho numa das piores crises econômica, social e humanitária de sua história.
Agora, elegeu a maioria das 277 cadeiras da Assembleia Nacional, último bastião dos oposicionistas liderados pelo deputado Juan Guaidó, presidente do Parlamento e autoproclamado presidente da República reconhecido por mais de 50 países, entre eles Brasil, Estados Unidos e integrantes da União Europeia. Guaidó foi elevado ao mais alto cargo do país depois de ser apontado como líder da oposição e proclamado chefe do Executivo pela Assembleia Nacional em janeiro de 2019, depois da eleição presidencial considerada fraudulenta que reelegeu Maduro no ano anterior.
O Itamaraty não reconheceu o resultado das urnas do pleito de domingo passado e assinou comunicado conjunto nesse sentido com mais 15 países das Américas (Grupo de Lima), incluindo Canadá, Chile e Colômbia. A União Europeia também rechaçou, oficialmente, o resultado, devido à falta de transparência do processo eleitoral e ao impedimento da participação de várias agremiações políticas. Os Estados Unidos já sinalizaram que não aceitam o escrutínio e declararam que continuam apoiando Guaidó, o mesmo acontecendo com a Alemanha.
Chama a atenção dos analistas políticos o fato de o governo de Maduro não ter permitido a entrada, na Venezuela, de observadores independentes, como os da Organização dos Estados Americanos (OEA). Receberam autorização para acompanhar a eleição apenas observadores indicados por “países amigos”, como Turquia e Irã, além de admiradores do ditador bolivariano que estiveram no comando de suas nações, a exemplo de Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), ambos defensores do fracassado socialismo bolivariano.
O líder oposicionista venezuelano apoiado por dezenas de países esboçou uma reação considerada inócua pelos analistas. Ele convocou a população para uma consulta virtual para prolongar o mandato do atual Parlamento “até que seja possível organizar eleições livres e transparentes”. Ele se esquece que Maduro tem o controle territorial e das forças armadas, o que inviabiliza a montagem de qualquer outro governo, no momento. Resta a Guaidó manter o apoio internacional para continuar a pressão sobre o regime que não respeita os direitos humanos e levou a Venezuela ao gigantesco desastre econômico e humanitário.
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Miscelânea de tempos atuais
Tema 1: covid-19. Festa com 1,2 mil convidados no Gama. Evento sem distanciamento social e sem respeito ao uso de máscaras, com duração de dois dias, em Brazlândia. Bares de Taguatinga e Águas Claras lotados. A pandemia do coronavírus avança no Brasil sem dar trégua. São mais de 177 mil mortos e 6,6 milhões de infectados pelo Sars-CoV-2. Nas minhas redes sociais, quase toda semana me deparo com a notícia de que um parente ou amigo de um conhecido sucumbira ao coronavírus. Algumas vezes, jovens sem comorbidade, brasileiros que teriam a vida inteira pela frente. A tragédia que se sucede nos Estados Unidos, onde 14,7 milhões de pessoas foram infectadas e 282,2 mil morreram, tende a se repetir por aqui. As duas nações são governadas por ideologias similares, contaminadas pelo negacionismo e pela aversão à ciência. Quem participa de aglomerações em bares e de festas deve ter a noção de que coloca em risco a própria saúde e a do próximo. Mesmo sem consciência, põe em perigo a vida de terceiros.
Tema 2: violência. As balas de fuzis que vararam os corpos de duas crianças, em Duque de Caxias (RJ), na última sexta-feira, também atingiram em cheio milhões de corações brasileiros. As mortes de Emilly Victoria, 4 anos, e de Rebecca Beatriz, 7, são a expressão de uma sociedade fracassada. Onde o pobre e o negro são vítimas do racismo institucionalizado, cuja existência é negada pelas autoridades. Onde os governantes cultuam armas como se elas vendessem segurança. Pelo contrário. Armas, quase sempre, são prenúncios de tragédias, como as que se abateram sobre duas meninas indefesas.
Tema 3: tolerância. Está ligado aos dois assuntos anteriores. A incapacidade de olhar o outro como um semelhante é porta escancarada para o racismo, a aversão a pensamentos díspares. Durante a pandemia, muitas vezes vemos a ideologia política ceifar o bom senso. Muitos cidadãos transformam a máscara em símbolo político e menosprezam o direito do próximo de se proteger ante um inimigo invisível. Tantas vezes, cidadãos tomados por uma superioridade pretensa e ignóbil fazem questão de vomitar preconceito e ódio. Às vezes, tornam-se instrumentos da morte, como provavelmente ocorreu com Emilly, com Rebecca e com João Alberto Freitas, o homem negro de 40 anos espancado covardemente por seguranças do Carrefour, em Porto Alegre. Estamos cada vez mais distantes de nossa humanidade. O altruísmo tem perdido espaço para a egolatria, as convicções políticas colocadas acima do bem comum. E vamos nos afundando no pântano de nós mesmos.
Sr. Redator
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Covid
É um absurdo que o país com mais de 176 mil mortos por causa da covid-19 ainda assista à briga diária do presidente da República com o governador de São Paulo para saber quem será “o dono” da vacinação no Brasil. Isso não é brincadeira nem jogo político. É a vida das pessoas que está em risco, inclusive as de familiares deles. Essa briga precisa parar. O povo não aguenta mais ver seus parentes e amigos morrendo e os dois brigando pela imprensa.
Paulo César Silva, Asa Norte
O senhor Luiz Carlos Azedo errou na sua coluna “Poderia ser pior” (Correio, 4/12) ao dizer: “Não temos um plano efetivo de vacinação em massa por parte do Ministério da Saúde, cujo titular é um general de divisão da ativa, especialista em logística”. Como o Correio noticiou no último dia 2, o ministério anunciou que a campanha de vacinação contra a covid-19 será dividida em quatro fases, mas o plano mesmo será definido quando houver registro dos imunizantes pela Anvisa, o que não poderia ser diferente. Por outro lado, o fato de o titular do Ministério da Saúde ser um general de divisão da ativa, especialista em logística, nos deixa muito mais tranquilos, pois o maior problema enfrentado pela vacinação em massa em um país continental como o Brasil é justamente a logística.
Marcus A. Minervino, Lago Sul
Educação
Incrível a teimosia do Ministério da Educação em querer impor às universidades públicas federais e às particulares o retorno às aulas presenciais a partir de março do ano que vem. Antes, o MEC tentou impor em janeiro, mas a reação dos reitores, alunos e professores o fizeram recuar desta data. Mas, agora, ele volta de novo, com uma nova data em março.
Mônica Maciel, Águas Claras
O Brasil é um país totalmente dividido, são trinta e cinco (35) partidos políticos, é cada grupo buscando defender interesses pessoais, familiares ou de grupos. Impossível crescer nestas condições. Nenhum país do mundo tem tantos partidos. Os “governantes” governam para si mesmos, seus parentes e amigos. O povo vive jogado à própria sorte. Não há preocupação com o nacional, mas, sim, com o pessoal do grupo. Nessa toada, o Brasil jamais chegará ao nível dos países desenvolvidos. Impossível crescer com baixo conhecimento científico e tecnológico. O governo atual, meses atrás, andou em busca de verbas, tentou tirá-las da educação, mas foi contido. Quiz se meter a indicar reitores de universidades federais, foi brecado. País sem educação de qualidade é um país de futuro duvidoso. É preciso apoiar as universidades federais, e a educação de modo geral.
Anísio Teodoro, Asa Norte
Ônibus
O GDF é brincadeira! Normalmente, o transporte público é péssimo. De agora até fevereiro, vai reduzir o número de ônibus. Vai aumentar a aglomeração, Ibaneis Rocha!
Sebastião Machado Aragão, Asa Sul
Reeleição
O veto à reeleição dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), acirrou ainda mais a divisão que já existe entre dois grupos no Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros que votaram a favor da reeleição o fizeram acreditando que havia uma margem de segurança de que a maioria dos magistrados seguiria essa tese. Aliás, foi com base nisso que o caso foi pautado por seu relator, o ministro Gilmar Mendes. Os planos, porém, mudaram ao longo dos últimos dias. Votos contabilizados como certos pela reeleição nos bastidores do STF, com o do presidente da corte, Luiz Fux, que havia sinalizado que daria seu aval, e dos ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, foram favoráveis ao veto da mesma. Para os colegas, a mudança se deu devido à pressão da imprensa e da opinião pública, que apontavam que a reeleição na mesma legislatura na Câmara e no Senado feria a Constituição. Com isso, parte dos ministros que contavam com esses votos a favor da reeleição se sentiram traídos e expostos, e prometem dificultar a presidência de Fux. Para a sociedade não é novidade, nem surpresa, a postura dos ministros que votaram a favor da reeleição, inclusive com o voto do novato ministro Nunes Marques, pois os mesmos têm a praxe de rasgar a Constituição, bem como soltar da cadeia os locupletadores do erário. O bafo do dragão da sociedade transformou-se em um sopro de responsabilidade. Pelo visto, o presidente Fux, ao longo dos seus dois anos à frente da presidência da alta Corte, terá sentado ao seu lado ministros inimigos. Lamentavelmente, o STF tem pulsado negativamente por meio de certos magistrados contrários ao que determina a Carta Magna!
Renato Mendes Prestes, Águas Claras
Desabafo
Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição
Reino Unido dá a largada na vacinação contra a covid. Luz no fim do túnel. Aplausos para a ciência.
José Matias-Pereira — Park Way
Todo brasileiro responsável almeja: democracia, liberdade, solidariedade, fraternidade e, acima de tudo, a vacina da covid-19.
Eduardo Pereira — Jardim Botânico
Enquanto os governadores correm em busca de uma vacina para a população, Ibaneis segue imóvel feito uma rocha, girando apenas o seu copo de uísque on the rocks.
Eriston Cartaxo — Setor Noroeste
Decisão do Supremo Tribunal Federal jogou água no chope dos presidentes da Câmara e do Senado. Ainda bem!
Miguel Oliveira — Asa Sul
A estúpida politização da vacina contra a covid-19 se sobrepõe à vida dos cidadãos.
Joaquim Honório — Asa Sul