O poder da denúncia

Cida Barbosa
postado em 10/12/2020 00:14

Uma adolescente, de 17 anos, mostrou como se deve agir diante de covardia contra crianças. Babá numa casa em Balneário Camboriú (SC), ela notou marcas de agressão em um dos meninos, de 5, e denunciou ao Conselho Tutelar. Em depoimento, o garotinho disse que foi espancado porque fez xixi nas calças! Ele pediu várias vezes à mãe para ir ao banheiro e, sem ser atendido, acabou fazendo na roupa. A mulher o surrou com chinelo e cabo de rodo. Há uma imagem das costas da criança, bastante feridas. Ele também apanhou no rosto. Uma crueldade.
A mãe foi presa pelo crime de tortura. À polícia, alegou que “perdeu a cabeça”. Como eu gostaria que pessoas assim encontrassem outras que perdessem a cabeça com elas. Só para terem uma vaga ideia do que é sofrer maus-tratos.
O Conselho Tutelar constatou que o episódio não foi isolado. O menino era espancado com frequência. Agora, eu pergunto: e se a adolescente tivesse ignorado o que viu? E se tivesse considerado normais as agressões, já que, no Brasil, é naturalizado o fato de pais ou responsáveis infligirem castigos físicos a crianças ou adolescentes para “educar”? E se ela apenas tivesse virado o rosto, achando que não fosse da conta dela, como costuma acontecer, lamentavelmente? A jovem fez a diferença na vida daquele menino. Com a atitude que tomou, cessou o sofrimento dele.
Denúncias têm o poder de livrar meninas e meninos de suplícios, sejam espancamentos, sejam violência sexual, exploração e toda sorte de abusos. A comunicação dos crimes pode ser feita tanto em delegacias e Conselhos Tutelares quanto pelo Disque 100, app Direitos Humanos ou no site da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ouvidoria.mdh.gov.br/), que funciona 24 horas, inclusive em feriados e fins de semana. O Disque 100 também está disponível pelo WhatsApp — (61) 99656-5008 — e pelo Telegram (basta digitar na busca “DireitosHumanosBrasil” e enviar uma mensagem instantânea).
De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, “com essas ferramentas, é possível encaminhar denúncias com imagens, prints, áudios e vídeos”. “O material pode auxiliar na antecipação de medidas protetivas e restritivas, por exemplo”, diz a pasta. Crianças e adolescentes vítimas de abusos precisam do nosso socorro. Temos de agir, como fez a jovem de Santa Catarina. Cessar o sofrimento deles é da nossa conta, sim. Na verdade, é um dever de todos nós.

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