Desde 1960

Visto, lido e ouvido

Tempos de guerrilha

Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
postado em 10/12/2020 00:21

Em meio à mata e em terrenos de difícil visibilidade, é comum que as tropas e pelotões envolvidos em batalhas fiquem atentos às recomendações das cartilhas de guerrilhas que ensinam: “quando o inimigo avança, nós recuamos. Quando o inimigo recua, nós avançamos. Quando o inimigo para, nos aquietamos”. Uma lição dessa natureza pode ser empregada, também, em tempos de pandemia, quando o inimigo invisível, representado pelo vírus da covid-19, parece sitiar as populações em todo mundo.
Em tempos de guerra, pela preservação de vidas, e quando se prevê que na virada do ano cerca de 180 mil brasileiros poderão perder a batalha contra a doença sufocante, a recomendação mais sensata a ser seguida por aqueles que detêm o poder de governar uma cidade, seria exatamente a observância dos sinais emitidos pela pandemia. Nesse caso, e dado as ondas de avanço e recuo da doença, a prudência, aceita pelos homens de bom senso, manda que qualquer ação mais ousada por parte do governo deveria aguardar o momento propício para ser deflagrada.
Incluem-se nesses casos, além de todo o processo de privatização feito, ao ver de muitos, como uma ação um tanto açodada e sem medir as exatas repercussões que tais medidas trarão para a população, a médio e longo prazos, toda e qualquer realização de obras de grande vulto, que venham a demandar recursos públicos, numa hora tão delicada.
Na verdade, os recursos e poupanças públicas deveriam, nesse momento tão especial, ficar retidos para eventualidades, sendo sua utilização reservada apenas para casos de emergência pública. O momento requer serenidade e parcimônia com o dinheiro do contribuinte. A privatização de estatais, merecidas ou não, deveriam esperar outro momento. Assim como a construção de pontes, viadutos, estradas e outras obras de interesse do governo.
Os preciosos recursos, recolhidos da população, numa hora de incerteza como essa, deveriam, por parte de governantes prudentes, ficarem, prioritariamente, à disposição para serem gastos em necessidades de emergência, como na compra de medicamentos e insumos, aparelhamento de centros de saúde, hospitais, contratação de pessoal de saúde, compra de vacinas, geladeiras para acondicionar esses materiais, o restabelecimento de hospitais de campanha, compra de ambulâncias e uma infinidade de outros gastos necessários em tempos de guerra, como estamos presenciando.
Por certo, haverá oportunidade para que o Governo do Distrito Federal demonstre sua capacidade administrativa e de empreendedorismo, centrada na realização de obras vistosas nos quatro cantos da cidade. Por enquanto, o inimigo vindo do Leste, de terras distantes, está à espreita, comprando terras, portos, indústrias e atacando a cada movimento desastroso feito por nós, ceifando a vida de nossos cidadãos, sem piedade. É tempo de preservar a vida de nossos soldados, reunindo a tropa, mantendo-os seguros e protegidos do fogo inimigo. É tempo de nos aquietarmos.

 

A frase que foi pronunciada

“A política brasileira está dividida
entre paranoicos e messiânicos.”

Jaime Lerner, urbanista

Recordando Neusa

» Merecida homenagem à autora do Hino à Brasília, Neusa França. Debaixo do Bloco J, onde morou desde os primeiros anos da capital, os alunos Soledad Arnaud, Wandrei Braga e Alexandre Romariz e Beatriz Pimentel (por vídeo) tocaram músicas compostas pela mestra. Com a colaboração do Rogério Resende, que tratava o piano da Neusa como um cardiologista, o instrumento foi levado ao ar livre, onde a audiência aplaudia animada. Alexandre Romariz, Dib Francis e Durval Cesetti trataram da divulgação e quem organizou o evento, além dos alunos foi Mauria França, a nora de Neusa. Denise França, filha, não escondeu a emoção com o carinho dos alunos.

Pela cidade

» Leia no Blog do Ari Cunha a opinião da professora de arquitetura Emilia Stenzel em relação ao Setor Comercial Sul. Emília é representante do (Icomos) International Council on Monuments and Sites, ligado à Unesco.

Magia

» Reginaldo Marinho publicou, na coluna Bahia de Todos os Cantos, comentário sobre a magia das pedras encantadas da Serra do Sincorá. Tudo registrado no Blog do Ari Cunha.

Viva hoje

» Não sei o nome dela. Passou a vida inteira planejando a volta para Laranjeiras, no Rio. Juntou cada centavo que podia. Ano a ano. Eliminou viagens, passeios, almoços, só para economizar. Tudo conspirava a favor. Até que o grande dia chegou. O caminhão de mudança estacionava na Rua Estelita Lins. Um choro escapou por alguns minutos de tanta emoção. Dali em diante, sua vida virou um inferno. O vizinho era viciado em drogas pesadas e nunca mais ela conseguiu dormir em paz. Moral da história trazida pelo ditado iídiche: ‘Deus ri de quem faz planos’ (Mann Tracht, Um Gott Lacht).

 

História de Brasília

Não faz muito, denunciamos desta coluna, que numa granja depois de Taguatinga, seu proprietário alimentava porcos com abóbora e cenoura, porque não tinha comprador, e não tinha
lugar para vender na cidade. (Publicado em 20/01/1962)

 

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