Opinião

Artigo: Um Natal de dilema

Antes de tomar qualquer decisão sobre as celebrações natalinas, é preciso ter em mente que, infelizmente, a pandemia não acabou. Ao contrário. Estamos vivendo o que os especialistas chamam de segunda onda de contaminação

Sibele Negromonte
postado em 14/12/2020 06:04 / atualizado em 14/12/2020 09:42
 (crédito: Andreas SOLARO / AFP)
(crédito: Andreas SOLARO / AFP)

A 10 dias do Natal, as famílias que se mantêm firmes no isolamento social veem um dilema se aproximar. Será prudente quebrar a quarentena para que todos passem a ceia juntos? Os benefícios emocionais desse encontro compensam o risco, principalmente para os mais velhos?

Alguns podem até achar tudo isso uma bobagem, já que passamos por outras datas festivas relativamente bem — inclusive, em momentos em que a taxa de contaminação pelo novo coronavírus estava mais alta. Mas, o Natal é diferente. Sinônimo de reunião, renascimento e esperança, as festas de fim de ano costumam deixar as pessoas mais reflexivas e emotivas.

E, cá entre nós, fazer um balanço sobre o que passamos em 2020 é inevitável. E o resultado nem sempre será positivo, sobretudo para as 180 mil famílias brasileiras que perderam um ente querido — mais um motivo para quererem sofrer o luto com companhia.

Antes de tomar qualquer decisão sobre as celebrações natalinas, é preciso ter em mente que, infelizmente, a pandemia não acabou. Ao contrário. Estamos vivendo o que os especialistas chamam de segunda onda de contaminação, apesar de a primeira ainda nem ter sido completamente vencida. A média móvel de óbitos no Distrito Federal e em 21 estados subiu. Sete capitais brasileiras estão com mais de 90% dos leitos ocupados.

Enquanto a vacina não for uma realidade para um número suficientemente grande de nós, o vírus continuará circulando e fazendo estragos.

Mas, como bem mostrou reportagem publicada, ontem, na Revista do Correio, a saúde emocional precisa de toda nossa atenção. “Família mexe com o nosso senso de pertencimento. Então, é algo muito forte e mobilizador para as pessoas. Eu acredito que o conflito interno vai existir, porque muitos estarão mais motivados a quebrarem o isolamento social”, resumiu a psicóloga clínica Rebeca Potengy.

O ano foi de desafios e ressignificações para todos, sem exceção — para alguns, em menor ou maior grau. E a celebração natalina não podia ser diferente. Passar por todas essas provações em família, com quem amamos, certamente, é o melhor dos mundos. Mas, às vezes, a maior prova de amor é o distanciamento. Como tudo na vida, nossas escolhas resultam em consequências. E precisamos estar preparados para elas.
Que neste Natal, os abraços sejam substituídos por mais empatia, que os presentes cheguem em forma de afeto e que estejamos fortes para enfrentar 2021 de cabeça erguida. Afinal, somos sobreviventes!

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