Opinião

Artigo: Sobre ser vulnerável e aceitar o que somos

No ano em que tantos perderam, onde poderíamos resgatar o espírito natalino, o exemplo de Jesus e a coragem para seguir?

Ana Dubeux
postado em 20/12/2020 09:07
 (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press                )
(crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press )

Existe uma verdade à prova de quaisquer questionamentos: somos todos vulneráveis. Se nascemos humanos e não fomos premiados com nenhum poder mágico que nos salve da morte, estamos nas mãos do destino, da natureza das coisas, das intempéries da vida e, por que não dizer, da irresponsabilidade alheia. Em algum momento, todos nós sentimos a fragilidade arrombar nossas portas internas e mostrar o quão somos sujeitos a cair no poço. O que nos diferencia, afinal, é nossa capacidade de sair dele.

Na semana do Natal, ainda estamos às voltas com uma pandemia sem data para acabar e com a esperança de uma vacina sem data para chegar, pelo menos no Brasil — ainda que já esteja no nosso campo visual. No ano em que tantos perderam, onde poderíamos resgatar o espírito natalino, o exemplo de Jesus e a coragem para seguir? Acredito que o combo fé e resiliência forma comigo uma trindade forte o suficiente para continuar o bom combate.

Pode parecer papo de autoajuda (e talvez seja), mas o Natal de 2020, tão atípico quanto desafiador, convida a uma reflexão mais profunda. Hora de olhar ao redor e, ao mesmo tempo, para si próprio, e pensar o que pode nos fazer melhores, mais calmos, mais tolerantes, menos ansiosos, menos acumuladores, menos egocêntricos. Porque queremos sobreviver a todas essas dificuldades e precisamos criar nossas defesas emocionais e particulares.

Como diz a best-seller Brené Brown, autora de A coragem de ser imperfeito e de uma palestra assistida milhões e milhões de vezes: “É preciso coragem para ser imperfeito. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou.” Talvez seja por aí.

O primeiro passo é aceitar que, sim, somos frágeis, todos nós, independentemente de conta bancária e do tamanho da nossa arrogância. A partir disso, cultivar sentimentos e ações positivas, como a intuição, a flexibilidade para lidar com as dificuldades e adaptar-se a ela, o entendimento que a incerteza é e será sempre companheira. Não temos controle de absolutamente nada. Por isso, temos tão somente o tempo presente, servido de bandeja. Cá para nós, já é um banquete.

Desejo que seu Natal seja de esperança, apesar de tudo. Agradeço a sua leitura neste ano de reflexões tão profundas. Podemos desejar saúde uns aos outros e resiliência para aceitarmos nossas fraquezas e as de outrem. O futuro é pura distração e fantasia. Vamos viver o agora.

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