Dia sim, outro também, noticiamos o assassinato de mulheres por ex-maridos, companheiros ou namorados. O último caso a estarrecer o país é o da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, 45 anos, morta pelo marido, na frente das três filhas menores do casal, no Rio de Janeiro. Era véspera de Natal. Que pai é esse? Não bastassem os dias de angústia, insegurança e incerteza que todos estamos vivendo, como uma pessoa pode ser tão cruel com quem disse ou diz amar?
O engenheiro Paulo José Arronenzi, 52, esteve casado com Viviane por 11 anos. Não aceitava a separação. As filhas, gêmeas, de 7 anos, e a mais velha, de 9, pediram, imploraram, gritaram ao pai que parasse de esfaqueá-la. Com vários golpes, ele tirou a vida de uma mãe e a inocência de três meninas, que foram obrigadas a viver o pior momento das suas vidas. Não fugiu, foi preso em flagrante e se recusou a prestar depoimento à polícia. Só falará em juízo.
A brutalidade do crime é chocante. O fato de a vítima ser uma juíza arrancou diversas manifestações de entidades, grande repercussão nas redes sociais e muito espaço na mídia. O presidente da Associação dos Magistrados do RJ, Felipe Gonçalves afirmou que “o crime não ficará impune”. Os grandes nomes da Justiça no país, no Supremo Tribunal Federal, no Superior Tribunal de Justiça, manifestaram repúdio — atitude que se espera, diante de tanta perversidade.
Mas, como Viviane, dezenas, centenas de Marias, Cristinas, Fernandas e tantas mais tombam, diariamente, diante dos seus algozes. Não é possível que todos esses representantes da Justiça não consigam entender que a lei, por mais rigorosa que seja no papel, na prática, continua deixando a mulher em insegurança!
Viviane, por ser juíza, tinha direito a escolta policial. Quantas mulheres brasileiras podem contar com esse tipo de proteção? Ela foi acompanhada por seis homens armados, em dois carros, por 24 horas, desde que registrou queixa por ameaça e lesão corporal, em setembro. Dois meses depois, dispensou. Por que teria feito isso? Não é difícil imaginar. Na prática, ela estava sem liberdade. E o ex-marido? Impedido — por um papel — de se aproximar, entrar em contato, ou outras medidas determinadas pela Justiça.
Quem é mulher sabe que, ao denunciar um homem por agressão, terá a sua rotina virada pelo avesso. Há casos em que mulheres precisam ser levadas a abrigo, trocar de residência etc. Como fazer com trabalho, filhos, diversas atividades necessárias e, ao mesmo tempo, ficar em constante vigilância? Por que o homem não é afastado? Por que não colocá-lo numa casa de recuperação, para aprender a valorizar a mulher, respeitar e aceitar as suas decisões? O homem que agride, persegue e ameaça, está disposto a matar. Ele não pode ficar em liberdade enquanto a mulher se esconde, tem medo, cala e se torna alvo fácil para o assassino.
É preciso, e é urgente, proteger as nossas mulheres.
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