Os desafios são muitos neste ano que se inicia, mas o principal e de mais urgente solução é a vacinação contra a covid-19. Até porque este é o único caminho para que o país reencontre os trilhos do crescimento econômico sustentável. As perspectivas para a economia não são nada boas diante da indecisão do governo quanto ao início da vacinação em massa da população e o fim do auxílio emergencial que beneficiou cerca de 68 milhões de brasileiros nos 10 meses de pandemia que assolou o Brasil no ano que se foi. E que continuará causando estragos incomensuráveis se a imunização continuar sendo postergada.
As consequências pela falta de iniciativas concretas por parte do governo federal se tornarão mais graves ainda, quando mais de 14 milhões de trabalhadores continuam sem emprego com carteira assinada. A situação fica mais delicada quando se sabe que não existe espaço fiscal para a prorrogação de medidas emergenciais que garantiram um mínimo de renda para o exército de desempregados formais e a força de trabalho informal, além do socorro a empresas, estados e municípios.
Não tem como pagar um novo auxílio aos desamparados sem romper o teto de gastos, conquista da sociedade que deve ser mantida a todo custo. Se, por ventura, os gastos públicos saírem do controle imposto pela legislação, o país, certamente, enfrentará tempos mais difíceis do que os de hoje, com a inflação subindo a cada mês, a falta de vagas no mercado de trabalho aumentando e os tão desejados investimentos desaparecendo de vez. Responsabilidade fiscal pode ser traduzida por uma única palavra: confiança. E é isso que o Brasil mais precisa no momento, tanto no plano econômico quanto no da saúde.
Inaceitável que, até agora, o Ministério da Saúde não tenha apresentado um calendário de vacinação contra o novo coronavírus, enquanto dezenas de nações já iniciaram a imunização em massa de suas populações, inclusive a Argentina. A pandemia já causou danos demais e a indefinição das autoridades federais só contribui para o aumento dos mortos e infectados. Quando se move, o governo o faz lentamente e sem uma linha coerente de atuação — só conseguiu, por exemplo, adquirir número limitadíssimo de seringas e agulhas devido a sua inércia. A aplicação da vacina, que está atrasadíssima, é prioridade zero e não pode mais ser postergada.
Incrível a postura de governantes que parecem não entender que, sem a vacinação, dificilmente serão dadas as condições para a retomada da economia, que, no ano que se findou, terá um saldo negativo entre 4,5% a 5%. A pandemia avança e é real o perigo de fechamento, novamente, das atividades econômicas não essenciais, o que atrasará ainda mais a recuperação econômica. Assim, claro está que as autoridades, sobretudo as federais, têm a obrigação de apresentar, o quanto antes, um programa concreto de vacinação dos brasileiros.
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