É evidente o desdém que temos pela nossa própria humanidade, já que, não raramente, argumentamos sobre como a Terra seria muito melhor sem nosso reino. A mim sempre chama a atenção esse pensamento, e num modo negativo, porque não me cabe no coração esse desprezo pelos meus semelhantes e diferentes.
Ao contrário, sob as condições limitantes e trágicas que nos envolveram em 2020, desenvolvi mais admiração pelo ser humano, observei que nosso reino é composto de heróis e heroínas do dia a dia, que dão conta de tudo a despeito de interiormente estar, na maior parte do tempo, à beira de um ataque de nervos. Mas, os ataques de nervos são atividades de luxo nessas horas em que a necessidade é mais importante do que o prazer de surtar. Filhos cuidados, comida na mesa, prazeres mínimos, sonhos máximos temporariamente abalados, tentar manter a sanidade no meio de um mundo a cada dia mais insano, desinformação gritante, ideias perigosas de solução final sendo bem recebidas, tudo isso embrulhado em pacotes digitais multiplicados viralmente.
Heróis e heroínas, porque apesar de passarmos uma boa parte do tempo entretidos com nosso idílio com a dor, com essa intimidade que advém da certeza de que nascer neste planeta é para tudo ser dor mesmo, encaixando tudo dentro dessa perspectiva; mesmo assim, não é que, apesar dessa estranha operação, nós também nos rebelamos contra esse destino ingrato, e mesmo que isso dure pouco, já que à dor voltamos por inércia; fazemos isso com um ardor inconfundível que nos faz sentir vivos.
Heróis e heroínas, porque arde em nós a chama da liberdade e, por isso, quanto mais nos oprimem, ou quanto mais nós mesmos inventamos opressões, mais e mais usamos nossa astúcia criativa para nos libertar delas.
Ninguém pode tirar isso de um ser humano, porém, ninguém, tampouco, pode oferecer essa virtude a nenhum ser humano, cada um de nós, ou se apossa desse instrumento, ou finge que não é capaz e segue em frente.
Está aí toda a diferença entre um destino no qual você seja protagonista; de outro em que você é arrastado pela corrente da vida.
Em cada um de nós está a chama que nos torna heróis e heroínas da história em que estamos inseridos, aquilo que nos torna protagonistas, verdadeiras influências e exemplos para todas as pessoas com que nos relacionamos.
Assim, vamos nos tornando o mundo que nós queremos, e não o que nos é imposto.
Agora e sempre.
*Psicólogo de formação e astrólogo autodidata
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