Mais de 5,5 mil prefeitos tomaram posse, ontem, Brasil afora com desafios gigantescos pela frente. Não se tem notícia, em quase um século, de governantes assumindo o poder em meio a uma grave crise econômica e uma pandemia que já matou quase 200 mil brasileiros. A maioria dos eleitores que foram as urnas deu um recado claro: não quer aventuras nem amadorismo. Tanto que prevaleceu a experiência na hora da escolha. Aqueles que não corresponderem às expectativas tenderão a ser limados do mapa político. Ninguém aceita mais aventureiros.
Caberá aos prefeitos empossados entrarem com tudo no jogo da distribuição das vacinas contra a covid-19. As prefeituras terão o importante papel de facilitar o acesso aos imunizantes, pois são a estrutura de poder mais próxima da população. Nesse processo, não caberá ideologia ou ideias estapafúrdias que coloquem em risco a saúde das pessoas. Já chega o que se vê no governo central, que põe em xeque a eficácia dos medicamentos, fundamentais para trazer a normalidade à vida de todos e permitir maior segurança à retomada da economia.
O bom funcionamento das atividades produtivas, por sinal, é imprescindível para que os municípios, com os caixas fragilizados pela pandemia do novo coronavírus, possam ampliar a arrecadação e equacionar as contas que estão no vermelho. Números mais recentes apontam que quase dois terços das cidades do país estão em situação falimentar, dependendo cada vez mais dos repasses do governo federal para não fecharem as portas. Não por acaso, houve uma piora absurda nos serviços prestados pelas prefeituras, sobretudo na saúde e na educação. Trata-se de um verdadeiro desastre.
Dentro desse contexto alarmante, está o aumento das desigualdades sociais. Nunca se viu a miséria tão escancarada nas cidades. Se nada for feito rapidamente, esse quadro tenderá a se agravar com o fim do auxílio emergencial. Mas que fique claro: problemas como esse não se resolvem com paliativos. Será preciso ações concretas, com efeito direto entre as populações mais vulneráveis. A urgência explicita que acabou o tempo de promessas fáceis. É questão de gestão, não de populismo descarado, como se tornou rotina nesse país tão injusto.
Em meio a esses tempos tão difíceis, bons ventos estão soprando, como a diversidade que se vê nos comandos das prefeituras e nas Câmaras de Vereadores. Negros, mulheres, transexuais, indígenas estão mais bem representados — longe do ideal, é verdade —, desejo de sua excelência, o eleitor. Essa diversidade tem tudo para se refletir em políticas públicas mais inclusivas, das quais os administradores regionais não poderão fugir. Assim como decidiu por dar uma cara nova aos eleitos, a sociedade terá de se manter atenta para cobrar resultados e riscar o conformismo do dicionário.
A contagem regressiva começou. Os próximos quatro anos mostrarão aqueles que se conectaram com o mundo pós-pandemia e os que ficaram com os pés enterrados no atraso. Eficiência, diálogo, transparência e foco estarão na ordem do dia. Portanto, senhores prefeitos e senhores vereadores, mãos à obra. De discursos baratos, todos estão cheios.
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