As inacreditáveis cenas de aglomerações que vimos no Natal e na virada de ano são o retrato mais cruel de como valores tão importante, como respeito e solidariedade, estão se decompondo. Mesmo com todos os alertas de médicos, cientistas e epidemiologistas sobre a importância do distanciamento social em meio à pandemia do novo coronavírus, foram inúmeros os registros de festas, praias e ruas lotadas, com todos os presentes sem máscaras. A preocupação com a própria vida e as das demais pessoas tornou-se banalidade. Que sociedade é esta que estamos vendo?
Já se repetiu milhares de vezes que todos estão cansados das medidas restritivas impostas pela covid-19. Sim, são 10 meses de privações, mas nada justifica o desrespeito que tomou conta do país, num momento gravíssimo, em que, novamente, há filas de espera por um leito de UTI nos hospitais. Infelizmente, os profissionais de saúde começam a se deparar com o duro dilema de escolher quem será salvo. Por que é tão difícil para boa parte das pessoas entender que a hora é de união, de pensar no próximo, de ter um pouco mais de sensibilidade? Afinal, todas as vidas importam.
Depois de tantos sacrifícios, falta tão pouco para que todos possam retomar a normalidade de suas vidas. As vacinas contra o novo coronavírus já estão sendo aplicadas em vários países e devem ser liberadas ainda neste mês de janeiro, no Brasil. É verdade que falta uma grande liderança para conclamar a população a se engajar em um projeto de imunização, resgatando o Brasil que sempre foi uma referência global nesse quesito. Mas bom senso independe de uma voz política. Está intrinsecamente ligado a nossa formação como seres humanos.
A historiadora Heloísa Starling, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), não exagera quando diz que as imagens de aglomerações vistas Brasil afora expressam uma sociedade degradada. Ela ressalta que fez uma ampla pesquisa e, em nenhum período da história do país, encontrou um comportamento da população semelhante ao que se viu nos últimos dias. Durante a gripe espanhola, no início do século passado, houve exatamente o contrário. Diante das milhares de mortes pela doença, acrescenta ela, a solidariedade imperou em todas as cidades do país.
Hoje, mesmo com quase 200 mil vidas perdidas para a covid, parte dos brasileiros está mais preocupada em se divertir do que em emitir gestos de conforto às famílias destroçadas, cujo fim de ano foi de luto pela ausência de pais, mães, irmãos, tios, sobrinhos. Entre os especialistas, fica a intrigante pergunta: esse comportamento já existia antes da pandemia e não queríamos ver? Os mais céticos dizem que a perda de referências sociais e de valores vem de longe. Agora, contudo, as pessoas estão se sentido mais confortáveis para colocar para fora o que têm de pior.
É difícil pensar em um futuro em que a falta de respeito e o individualismo serão as marcas da sociedade. Mas ainda dá tempo de se reverter esse quadro. Sempre há a esperança de que as pessoas podem melhorar. Tomara que essa consciência não venha acompanhada da dor de perder entes queridos.
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Chega de pirotecnias e lero-leros
Já não esperamos 2021; é ele que espera por nós. No primeiro domingo do ano, gostaria de falar sobre a única mudança possível a curto prazo: a pessoal. Entramos o novo ano com a pandemia escorada nas costas, profissionais da saúde exauridos, hospitais lotados, escolas ainda fechadas e sem previsão de volta e a economia em sofrimento. Não, não dá para esperar o carnaval passar para promover nossas pequenas grandes mudanças.
Caso não tenhamos a consciência de que todo esse colapso tem nossa parcela de responsabilidade, atravessar o pântano que ainda virá será ainda mais penoso. Pirotecnias não vão adiantar se cada um de nós não assumir sua parte e entender que o planeta precisa de nossa generosidade e cuidado. Precisamos ser parceiros com nossa morada e encarar de frente os desafios para torná-la mais acolhedora. Se não houver uma transformação profunda no modo de viver e ver as coisas, seremos reféns ainda de outras catástrofes e pandemias.
Acordemos para enfrentar a realidade com consciência e plena atenção. Vamos aproveitar a onda de imunização, prima-irmã da esperança. Vamos fazer uma faxina nos pensamentos e nas atitudes. Vamos entender de uma vez por todas que há um vasto mundo entre o fatalismo e a esperança, entre as polaridades extremas. Vamos deixar de lado as irmãs cizânia, desavença e encrenca. Vamos ter a exata compreensão de que é preciso cobrar de quem é pago para servir: os políticos. E assumir nossa responsabilidade de separar os bons e os maus serviços.
De que lado você quer estar: junto a quem só espalha o ódio e o vírus ou de quem semeia o bem? Só há uma forma de fazer o amor e a paz prosperarem: entender que a raiz dos nossos problemas é profunda e não se arranca com canetadas. Além do voto, temos a nosso favor a esperança realizadora, aquela que convida à reflexão e ao despertar. Por um mundo melhor, devemos ser melhores, capazes de reavaliar atitudes diárias que contribuem para tornar ainda mais abissais as desigualdades e os preconceitos.
Assistimos absortos a uma pandemia devastadora, abrindo covas e feridas em nossos corações, deixando família órfãs e grandes potências em perigo. O que diferencia os povos não são as cores de suas bandeiras, mas a capacidade de confrontar as dificuldades e de se reconstruir sobre novas bases. Ninguém faz isso sozinho, mas se cada um fizer sua parte, o outro ser humano agradece.
Temos um ano inteirinho pela frente. Em 2021, vamos olhar com carinho, alegria e mais esperança para nossas boas diferenças, que, no fundo, representam a nossa riqueza cultural, social e até econômica. A fé no que virá só tem um mártir: você e seu pensamento na coletividade.
Desabafo
>> Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição
Voltando à realidade... Feliz ano-novo de novo.
José Ribamar Pinheiro Filho – Asa Norte
O negacionismo aí vigente é a imagem do prego enferrujado na mão de Jesus Cristo.
Eduardo Pereira – Jardim Botânico
E, pela primeira vez, a humanidade entenderá que todos nós estamos sobre a mesma bola. E comer um pezinho de frango recheado com arroz e açafrão, poderá ser uma iguaria!
José Eustáquio dos Reis – Asa Sul
O presidente mostrou talento como nadador, no litoral paulista! Espero que o banho de mar do dia 1º de janeiro traga mais equilíbrio ao chefe da nação nestes tempos tão difíceis.
Vera Cruz – Asa Norte
O Vasco trouxe Luxemburgo de volta. O futebol brasileiro nunca sai do mesmo lugar...
Joaquim Souza – Sobradinho
>> Sr. Redator
Aida dos Santos
Parabéns ao Correio Brasiliense em prestar uma homenagem à heroína brasileira das Olimpíadas de Tóquio de 1964. É triste ver que o Brasil não cultua seus heróis e, principalmente, suas heroínas. Única representante feminina num total de 68 atletas, Aida dos Santos foi a quarta melhor saltadora em altura do mundo, sem apoio nenhum por parte dos dirigentes esportivos, não tendo sequer sapatilhas próprias para salto. Espantosa e triste essa história. Parabéns Aida dos Santos, você, de fato, é uma pessoa que honra o esporte brasileiro.
» Paulo Molina Prates,
Asa Norte
Educação
Agradeço pelos esclarecimentos do Professor Cristovam Buarque na edição do Correio Braziliense de 1/1/21. Concordo com ele quanto à prioridade da educação. Contudo, considero que esta é uma condição necessária, mas não suficiente. Ela deveria fazer parte de um tripé. O segundo pé seriam políticas ativas de inclusão social e de distribuição de renda, não apenas pela concessão de bolsas de subsistência, mas qualificando e organizando as pequenas comunidades para atividades produtivas e sustentáveis. O terceiro seria o desenvolvimento científico e tecnológico, visando criar empreendimentos modernos e competitivos. Infelizmente, aqui, ainda prevalecem investimentos paralisantes em imóveis e especulações financeiras. Países como Japão e Coreia do Sul executaram programas de conversão industrial, em que empresas do setor tradicional foram transformadas em mais modernas. Por exemplo, a coreana Hyundai evoluiu de uma empresa tradicional de construção civil para áreas mais competitivas, como a construção naval, automobilística e informática, pela ação governamental. Enquanto isso, aqui, empresas de construção não conseguem evoluir, preferindo permanecer estagnados, mesmo recorrendo a medidas de corrupção para manterem o status quo.
» Itiro Iida,
Lago Norte
Vacina
Acorda, Brasil! 2021chegou abençoando todos nós brasileiros. Por essa razão, o Brasil não pertence ao presidente Bolsonaro e nem ao governador Doria. O Brasil é formado por mais de 210 milhões de cidadãos.Vivemos em um regime democrático e merecemos respeito. Por isso, senhores donos da verdade, deixem a Anvisa e o Ministério da Saúde resolverem urgentemente a questão da vacinação no país, antes que a maioria dos brasileiros venham a óbito, contaminados pela covid19.
» Evanildo Sales Santos,
Gama
2021
Rogo para que 2021 traga mais emoções e menos desilusões. Mais amor, menos desamor. Mais ternura, menos amargura. Mais paixão, menos compaixão. Mais alegria, menos tristeza. Mais tolerância, menos impaciência. Mais solidariedade, menos rancor. Mais empatia, menos antipatia. Mais educação, menos estupidez. Mais vacinas, menos politicalha e torpeza. Mais abraços, menos despedidas. Mais compreensão, menos arrogância. Mais fé, menos pessimismo. Mais emprego, menos fome e miséria. Mais diálogo, menos deboche. Mais atitude, menos acomodação.
» Vicente Limongi Netto,
Lago Norte
Prefeitos
Primeiro de janeiro de 2021 é a data em que os prefeitos eleitos tomam posse à frente das prefeituras das capitais e dos municípios. Como não deixa de ser diferente no Brasil, muitos deles (prefeitos) já foram condenados pela Justiça em primeira instância e outros respondem a processos judiciais. O que não causa nenhum espanto é o caso do Rio de Janeiro. Todo dia surgem mais casos de corrupção; o antecessor, Marcelo Crivella, está em prisão domiciliar (com tornozeleira eletrônica) e seu sucessor, Eduardo Paes, responde a vários processos na Justiça. Infelizmente, nada mudou; e, pelo visto, nada mudará. É o futuro repetindo o passado...
» Sinvallino Mariano,
Vicente Pires
Charge
Um presidente para chamar de seu
Diga-me, mídia minha, se haverá presidente pior do que o meu? É inacreditável o que se passa neste país. O carroção não anda, o país não cresce, mas, dentro da carroça, é uma brigalhada sem fim. É só ver o que se deu com Álvaro Antônio demitido após briga de foice com a Secretaria de Governo. Ele é lá do Barreiro, Belo Horizonte, era o único mineiro no desgoverno do circense Bolsonaro. Eram velhos amigos do “baixo clero”.
Segundo Rodrigo Maia, “o governo está desesperado para tomar conta da Presidência da Câmara e desorganizar a agenda ambiental, flexibilizar a venda de armas e tocar a pauta de costumes”. É dizer: limitar as hipóteses de aborto e ir contra os gays, lésbicas e simpatizantes. Bem, as pessoas nascem assim, não se tornam! Bolsonaro quer ser Deus e distinguir as pessoas, segundo seus critérios do bem e do mal. Além disso, tudo tem uma ideia de Deus de curso primário de escolas religiosas, um Deus de meter medo.
O cronista Luiz Carlos Azedo, do Correio, discorre bem: “A pauta da Câmara é o ponto de partida para a agenda de Bolsonaro, cujo eixo é o desmonte da legislação relativa aos direitos humanos e ao meio ambiente, e dos instrumentos de controle institucional da sociedade sobre o Executivo. Para levar adiante muitas de suas propostas, o presidente da República precisa do apoio do presidente da Câmara. Quando Maia diz que o Palácio do Planalto está jogando pesado, isso significa que não está economizando cargos e verbas para obter apoio parlamentar, o tradicional toma lá dá cá”, priorizando o Centrão, no qual estão alguns corruptos bem conhecidos.
Bolsonaro é igual aos antigos políticos. No seu caso, é um falso messias e o é literalmente, pois a falsidade e o fingimento começam já no nome que lhe deram. É Jair (profeta) e Messias (redentor hebraico) em que pese seu eleitorado evangélico. Os católicos que se cuidem. Onde está a CNBB?
Para um que chegou a presidente bradando contra a política, depois de mamar nas tetas do Poder Legislativo — em companhia de Álvaro Antônio — do “baixo clero”, ora demitido, por 27 anos, é ser muito “cara de pau” dizer-se um “renovador”. (Resta saber do quê, pois não inova, mas repete todos os defeitos do nosso mundo político).
É ver o que significa em termos de cargos e ilustração a sua base de sustentação na Câmara dos Deputados, o chamado Centrão a receber cargos e sinecuras, como sempre ocorreu nas “repúblicas” de Lula a Bolsonaro, supostos renovadores da política nacional (duas grandes decepções). Mas, Bolsonaro é pior. Grita franqueza e respira hipocrisia e ainda exerce a violência por fora, segundo se comenta, o que reluto em acreditar, pois não vi nenhum ato dessa natureza. Vamos deixar isso de lado, por ora.
O demitido, Marcelo Álvaro Antônio, foi eleito deputado federal pelo PSL. Esteve, antes mesmo de ser ministro, indiciado pela Polícia Federal e foi denunciado pelo Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais por crimes relacionados ao lançamento de candidaturas de “fachada” do PSL que o elegeu juntamente com Bolsonaro em 2018. A “meta optata” desses crimes era lançar na cota das mulheres candidatas (laranjas) com o fito de se apossar de cotas do fundo público de campanha. Álvaro Antônio era o presidente estadual do partido (lé com lé, cré com cré). O PSL fez isso de caso pensado no Brasil inteiro (corrupção eleitoral).
A afinidade do deputado do PSL e ministro de Bolsonaro, amigo íntimo do mesmo, desde o Congresso e durante a campanha além do convívio, nesses dois anos de governo, fez com que o mesmo, fiado nos atos e segredos em comum, atacasse duramente o general incumbido da articulação política do governo, o que lhe rendeu a demissão. Foi uma briga de cachorro grande e terá desdobramentos dentro do Congresso Nacional, que, até o presente momento, não se deixou ainda enredar pelo Centrão, oportunista, com um bom número de parlamentares venais. Vamos ver na era pós-Maia o que vai ocorrer.
Seja lá como for, os focos políticos estarão voltados para os nomes que conduzirão o Senado e a Câmara dos Deputados na segunda metade da administração de Bolsonaro. Conheceremos a cara definitiva do governo. Na Câmara, Bolsonaro quer Arthur Lira, de Alagoas, com um balaio nas costas de denúncias por crimes e desvios de verbas.
2021 é o ano de mostrar a que veio. 2022 será o ano eleitoral do “vale-tudo”. Dois anos se passaram e não vimos nada de novo, a não ser brigas, desentendimentos, nenhuma reforma. Merecemos um tempo claro e solar, neste gigante eternamente adormecido em berço esplendido. O som aqui ora é de escola de samba, ora de paródia militar. Depois, continuará tudo como era antes no quartel de Abrantes? Duvido!
Precisamos proteger as pessoas
São poucos os países que ousaram propor um sistema de saúde integral e com princípios como a universalidade, a equidade e a integralidade. No Brasil, há mais de 30 anos, usufruímos desse conceito, que colocou o país em uma posição de vanguarda na saúde pública. A criação do Sistema Único de Saúde (SUS), com a Constituição Federal de 1988, iniciou um legado de acesso à saúde para todos os brasileiros.
Em 2020, a saúde tornou-se protagonista do debate mundial com a pandemia do novo coronavírus. E a Covid-19 nos trouxe diversas lições. Uma delas é a necessidade de cooperação entre todos os setores da sociedade, e entre saúde pública e saúde suplementar. Somente com os sistemas de saúde trabalhando de forma integrada conseguiremos potencializar a efetividade do SUS, nosso alicerce nessa crise, que, além de ser uma crise de saúde, também é humanitária.
É notável que vivemos uma sindemia. Esse neologismo, que une os conceitos sinergia e pandemia, foi destacado recentemente no periódico britânico The Lancet, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo. Essa ideia busca explicar uma situação na qual duas ou mais doenças interagem entre si, causando danos muito maiores do que o esperado.
No Brasil, ela escancara as vulnerabilidades intrínsecas e extrínsecas de nossa sociedade de uma forma inédita. Isso porque a sindemia também é caracterizada pelas condições sociais e ambientais, que podem ou não aumentar a vulnerabilidade de uma população perante uma situação adversa. Dessa forma, é primordial entendermos esse fenômeno para enfrentarmos esse momento em suas múltiplas complexidades.
Nesse cenário desafiador, seguimos com a parceria com o Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Nosso interesse genuíno pelo fortalecimento do SUS possibilita uma ação sistemática e continuada para proteger, além do sistema como um todo, o recurso mais nobre em qualquer sociedade: as pessoas.
Após tantos meses de pandemia, a realidade é que nossos heróis estão esgotados. Os profissionais de saúde que estiveram na linha de frente no combate à doença são os mesmos que enfrentarão uma possível segunda onda, que já está se formando em diversas regiões do Brasil. Mas, se os profissionais de saúde vão seguir exaustos, como podemos minimizar esse dano?
Recentemente, montamos um squad care, que promove um cuidado 360º para os colaboradores, olhando de perto as dimensões e os impactos psicológicos da pandemia. Em um período de crise, as pessoas podem se estagnar por conta do medo. Portanto, um acompanhamento nesse nível é essencial, pois, se não cuidarmos e protegermos nossas pessoas, não conseguiremos continuar entregando com excelência.
No SUS, o desafio é ainda maior. Por meio do Proadis, acompanhamos UTIs via telemedicina, realizamos visitas in loco para qualificação de profissionais e municiamos o Ministério da Saúde com dados que ajudarão a compreender melhor o comportamento da pandemia. No entanto, além de ofertarmos todo o recurso técnico e inovativo, é preciso também olhar com um cuidado especial para as outras dimensões da pandemia.
A nossa missão é melhorar a vida das pessoas. Em um momento como esse, ajustamos o nosso propósito para amenizar o sofrimento humano, seja ele físico ou psicológico. Precisamos, acima de tudo, continuar protegendo as pessoas.
Visto, lido e ouvido
Feliz ano nada de novo
Ao desejarmos feliz ano-novo, de modo protocolar e até mecânico, em nossas mensagens desta época, muitas vezes, o fazemos deixando de lado a causa principal que faz com que cada primeiro de janeiro pudesse representar um novo e glorioso começo. O que poderia, de fato, provocar uma diferença evolutiva no ano que começa principia com uma mudança em nós mesmos.
Se essa reforma interna não acontece, os anos se repetem num andamento monótono, inquietante e cada vez mais complicado. Por certo, a pandemia não cessará com a passagem de ano, nem mesmo outros problemas ligados diretamente ao país, como o comportamento repreensível da maioria de nossas autoridades. A carga tributária não apenas não arrefecerá, como, por certo, aumentará, assim como uma relação infinita de outras questões irresolvidas no ano que terminou.
O feliz ano-novo começa da porta de casa para dentro e, daí, para nosso íntimo, e só desse ponto é que pode avançar para o infinito. E é aí que essa revolução tão desejada tem sua bandeira de largada. Um bom começo já o temos traçado há pelo menos 2.000 anos, com as possibilidades, sempre abertas, de humanização crescente dos habitantes do planeta por meio do caminho da paz cristã ou de outros a indicar o caminho do meio, da concórdia e da solidariedade. Essa mesma solidariedade demonstrada agora por tantos médicos e enfermeiros e outros profissionais da saúde em prol da assistência aos enfermos atingidos por essa moléstia. A eles, mais até do que a muitos políticos e outras pretensas lideranças, devem os brasileiros.
Apenas com esse exemplo pode ficar demonstrado que, muito mais do que lideranças ideológicas, na hora do arrocho, restaram aos enfermos apenas a mão amiga desses trabalhadores entrincheirados em hospitais sem recursos. Por isso, ensinamentos a pregar a ética nas relações entre os indivíduos são mais valiosos e urgentes do que ideologias partidárias. Mesmos os caminhantes mais experimentados, quando se veem perdidos, olham para trás em busca da retomada da estrada certa. É justamente esse desejo de feliz ano-novo, desejado por um indivíduo intimamente renovado que necessitamos.
Por certo a história tem demonstrado que a violência revolucionária que pretendeu acabar com as estruturas geradoras de injustiça em várias partes do mundo não lograram construir um regime justo e, por isso, fracassaram. Foi justamente ao pregar mais liberdades que esses movimentos, apartados de uma ética espiritual, impuseram as mais iníquas formas de opressão, escravizando seus cidadãos em troca de esmolas como o congelamento forçado nos preços de um pão miúdo e sempre escasso, controlado por uma nomenclatura estatal, burocrática e corrupta.
Não é esse ano novo que se deseja. O agravamento da miséria em todo o mundo teve, ao longo de seu processo, que percorrer os caminhos apartados do verdadeiro humanismo. Não por outra razão, levaram muitos crédulos a experimentarem as mais indignas condições de injustiças e de pobreza extrema.
O que temos visto até aqui, tanto a Leste quanto a Oeste, à direita e à esquerda, as recompensas aos crédulos, levados a uma espécie de “vale dos miseráveis”, sempre será dada na forma de poços de águas salobras e contaminadas. Nesse sítio ilusório, onde a alma foi a priori encarcerada em um ponto distante, restaram, além de um arrependimento tardio, a certeza do engano, da multiplicação de miseráveis e a formação de uma pequena classe, incrustada no topo do Estado, enriquecida e indiferente, mas sempre pronta para reprimir possíveis discordantes.
É essa reforma erguida apenas no lado externo, sem o humanismo necessário, e que sempre favorecerá uns e prejudicará outros que não se quer mais.
A frase que foi pronunciada
“Nossas grandes democracias ainda tendem a pensar que um homem estúpido tem mais probabilidade de ser honesto do que um homem inteligente, e nossos políticos se aproveitam desse preconceito fingindo ser ainda mais estúpidos do que a natureza os fez.”
Bertrand Russell, um dos mais influentes matemáticos, filósofos, ensaístas, historiadores e lógicos que viveram no século XX.
Cobrança
» Hoje já são 1307 dias de dribles, chapéus, desvios de assunto e indiferença à proposta de emenda à Constituição que acaba com o foro privilegiado de autoridades. O autor da PEC, senador Álvaro Dias (Podemos-PR), escreveu nas redes sociais: “Há 1.300 dias esperamos para que o projeto que acaba com os privilégios das autoridades saia da gaveta do Rodrigo Maia. Não sabemos quanto tempo ainda teremos que esperar, mas uma coisa é certa: nossa persistência diária nos trará a motivação para lutar por uma justiça que seja igual para todos. Seguiremos tentando e somos gratos pelo apoio de todos vocês”.
História de Brasília
A tese principal é a da transferência, com prioridade, do Ministério da Fazenda. Concomitantemente, virá também o Banco do Brasil, que dispõe de mil apartamentos para os seus funcionários.
(Publicado em 23/01/1962)