Artigo

Visão do Correio: Vacinas e economia

Será preciso um forte engajamento das autoridades para que o Brasil siga, rapidamente, o caminho de mais de 50 países que já estão imunizando seus cidadãos

Correio Braziliense
postado em 04/01/2021 22:08 / atualizado em 05/01/2021 09:16
 (crédito: Sameer Al-DOUMY / AFP)
(crédito: Sameer Al-DOUMY / AFP)

Ainda que de forma moderada, há um sentimento de otimismo entre os agentes econômicos em relação à recuperação da atividade produtiva em 2021. As projeções apontam para crescimento de até 4% do Produto Interno Bruto (PIB). São muitos os empresários dispostos a tirarem projetos das gavetas para ampliar seus negócios e abrir vagas no mercado de trabalho. Tudo, porém, passa pela vacinação em massa da população.
Entre os donos do dinheiro, há a percepção clara sobre os potenciais da economia brasileira. Mas, diante da pandemia do novo coronavírus que não dá trégua, será preciso um forte engajamento das autoridades para que o Brasil siga, rapidamente, o caminho de mais de 50 países que já estão imunizando seus cidadãos. Está claro para todos que não dá para manter o nível de confiança em alta porque ainda há um horizonte nebuloso sobre os rumos da covid-19.

Nos últimos meses de 2020, um ano complicadíssimo, o emprego formal mostrou reação. Mesmo nos indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem uma visão mais ampla do mercado de trabalho, pois contempla a informalidade, os números sustentam a esperança de dias melhores na economia. Há um desejo claro dos empresários pela volta à normalidade, mas sem riscos de retrocessos. O retorno precisa se dar com todas as garantias de segurança.

A perspectiva é de que o Ministério da Saúde anuncie o plano nacional de imunização contra a covid-19 ainda nesta semana. Será, para comerciantes, industriais e produtores agrícolas, um marco de que, efetivamente, o país trabalhará firme para conter a disseminação do novo coronavírus. As demais condições para o crescimento sustentado da economia estão dadas. Falta apenas a ajuda da área de saúde.

Vale lembrar que a taxa básica de juros (Selic), de 2% ano, mesmo que suba nos próximos meses, continuará em níveis, historicamente, muito baixos. A inflação, por fatores sazonais, deve continuar em alta até o fim do primeiro semestre, mas voltará, rapidamente, para perto do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 3,75%. Há, segundo os bancos, uma importante disposição em liberar crédito para empresas e consumidores. E há poupança disponível para puxar a demanda.

Portanto, se o Brasil correr com a vacinação, certamente, terá condições de pavimentar o esperado bom desempenho da economia. Sobretudo, se o Congresso der uma resposta vigorosa em termos de aprovação de reformas para conter o deficit fiscal. A expectativa em relação ao futuro comando da Câmara dos Deputados e do Senado é de que as prioridades nas pautas de votações incluam os ajustes no sistema tributário e a redução do tamanho do Estado.

Enfim, está nas mãos das autoridades definirem para onde vai o país, se para a estagnação econômica ou para uma retomada que permita mais geração de empregos e renda. Os empresários estão dispostos a darem a sua conta. A população se mostra ansiosa para que os tempos difíceis e de incertezas sejam deixados para trás. É possível atender aos anseios de todos. Basta vontade e bom senso. As cartas estão na mesa.

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