ARTIGO

Xô, radicalismo

''Temos um governo alinhado com os pensamentos do presidente Donald Trump, que, como se sabe, incentivou o ataque ao Congresso norte-americano''

Roberto Fonseca
postado em 08/01/2021 06:00
 (crédito: Kleber/CB/D.A Press )
(crédito: Kleber/CB/D.A Press )

2021 ainda está na primeira semana, mas as imagens da invasão de manifestantes a um dos pilares da democracia dos Estados Unidos estarão nas tradicionais retrospectivas de fim de ano com toda certeza. Mais do que assustadoras, são a ratificação de que o radicalismo político segue ascedente, com uma sensação de instabilidade muito grande. O que é um perigo, ainda mais no momento em que vivemos, com uma grave crise sanitária arrasando as economias de todo o planeta.

A polarização política é importante. Seguindo todos os preceitos de se ouvir a voz contrária e estar disposto ao debate, só engrandece uma sociedade. Ninguém sabe tudo sempre. Quantas vezes não mudamos de opinião após ouvir argumentos convincentes? O que não dá para aceitar, no entanto, é o radicalismo, principalmente o que prega calar ou exterminar quem tem o pensamento contrário. E a invasão do Capitólio vai nesta linha de extremismo. Ocupar o Congresso para impedir a confirmação da vitória do seu adversário beira a barbárie. É não aceitar as regras vigentes.

E, por isso, precisamos ficar preocupados desde já com os efeitos no Brasil. Temos um governo alinhado com os pensamentos do presidente Donald Trump, que, como se sabe, incentivou o ataque ao Congresso norte-americano. Na própria noite de quarta-feira, extremistas passaram a articular manifestações contra candidatos de esquerda que pretendem participar das disputas pela Mesa Diretora do Congresso, assembleias legislativas e câmaras municipais Brasil afora.

Se as manifestações estiverem dentro da ordem democrática, perfeito. Protestar é um direito de todos. Mas “impedir candidatos comunistas de tomarem posse”, como pregam alguns disparos de WhatsApp feitos, é inaceitável. É semelhante ao que apoiadores de Trump tentaram fazer nos Estados Unidos. E, nesses casos, as forças de segurança precisam agir para controlar líderes e seguidores. É função das autoridades garantir a ordem e a paz social.

Xô, radicalismo. Discurso de ódio não pode ter vez. 

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