A seis dias de deixar a Casa Branca, Donald Trump, avaliado como o pior presidente dos Estados Unidos, teve o segundo pedido impeachment aprovado pela Câmara dos Representantes, por 232 a 197 votos, sendo 10 votos de republicanos. Ele é acusado de “incitar uma insurreição”, que resultou, há uma semana, na invasão do Capitólio por centenas de seguidores radicais, que vandalizaram as instalações, entraram em confronto com seguranças e policiais, o que ocasionou a morte de cinco pessoas, entre elas, a de um guarda do Legislativo.
A agressão contra o Congresso ocorreu durante a sessão marcada para parlamentares chancelarem o resultado do Colégio Eleitoral que confirmou a vitória do democrata Joe Biden como o novo presidente dos Estados Unidos, por 306 votos contra 232 dados a Trump. Em fevereiro de 2020, o primeiro impedimento de Trump foi aprovado pela Câmara, mas ele acabou absolvido pelo Senado. Na época, uma investigação da Câmara revelou que o presidente norte-americano havia solicitado ajuda da Ucrânia para interferir nas eleições, acusando o filho de corrupção.
O segundo processo de impeachment de Trump, agora, será julgado pelo Senado. A Alta Câmara está, literalmente, dividida entre republicanos e democratas — cada um dos partidos ocupa 50 cadeiras. Serão necessários 67 votos (2/3 dos senadores) para que a decisão dos deputados seja confirmada. Ou seja, além dos votos de todos os democratas, serão precisos mais 17 apoios de republicanos para que Trump seja o primeiro presidente impedido dos EUA, em 232 anos de República.
Ainda que o impeachment do quase ex-presidente se confirme, isso não significa que o mundo estará livre de seu retorno ao poder. Para tirá-lo do mapa político, será preciso que o Senado, numa segunda votação, reafirme a decisão contrária a ele, com base em um dos artigos da 14ª Emenda à Constituição, que veda a ocupação de cargos na administração pública por pessoas que tenham participado de insurreições ou rebeliões. Restará a Trump apelar à Justiça e aproveitar a ausência de lei que regulamenta o dispositivo constitucional.
Em quatro anos de mandato, Trump usou e abusou de fake news, revelou-se autoritário, demonstrou total e absoluta falta de empatia com os menos favorecidos, estimulou a violência contra os negros, dividiu a sociedade norte-americana com discursos e atitudes de ódio. Com a derrota nas urnas, depreciou o Judiciário e apelou para mais mentiras, ao alegar que houve fraude.
No momento mais crucial da nação, com o avanço da pandemia do novo coronavírus, ele tentou minimizar o impacto em defesa da economia. Foi obrigado a recuar quando o país se tornou epicentro da crise e, hoje, têm o maior número de infectados e mortos do planeta. Ele não só foi considerado um péssimo governante, mas se fragilizou ainda mais com os seus últimos atos contra a democracia norte-americana, até então, um ícone entre as nações que têm igual regime de governo. Trump partirá sem deixar saudades, e entra para a história como um desastrado.
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