O orçamento doméstico do brasileiro está cada vez mais apertado, o que é sentido, principalmente, nas compras de supermercados, feiras e sacolões. Os preços dos alimentos não param de subir e a torcida é para que a inflação não siga em escala ascendente, principalmente depois do fim do auxílio emergencial pago pelo governo até dezembro, na tentativa de mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus. Em março do ano passado, os empresários foram obrigados a suspender suas atividades econômicas, a não ser as consideradas essenciais, devido ao isolamento social, o que acabou causando sérios prejuízos à economia.
O que mais pesou na composição da inflação de 4,52% do ano passado foram alimentação e bebidas, com elevação de 14,09% no acumulado do período. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBG). O grave é que, segundo técnicos do órgão, os preços devem continuar subindo, pelo menos no início de 2021, comprimindo ainda mais a defasada renda da população. A realidade é que o poder de compra das famílias se reduziu com a pandemia, pois o custo de vida aumentou e os salários não foram reajustados. E em pior situação se encontram aqueles que perderam o emprego e a ajuda emergencial.
Apesar da elevação dos preços, a inflação de 2020 ficou dentro do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que poderia oscilar entre 3,5% a 5,5% — o centro da meta definido e perseguido pela autoridade monetária era de 4%. A taxa de 4,52% ao ano foi a maior desde 2016, quando o país amargava uma das piores crises econômicas de sua história, com a recessão patrocinada por políticas irresponsáveis e sem qualquer compromisso com o equilíbrio fiscal.
Economistas consideram que a alta dos preços dos alimentos se deu, principalmente, por causa da pandemia, que estimulou a compra desses produtos, além da valorização do dólar, que encarece as importações, e a disparada das cotações das commodities no mercado internacional. Entre os alimentos que mais subiram, em 2020, estão óleo de soja (103,79%), arroz (76,01%) frutas (25,40%) e carnes (17,97%). No caso do arroz, o governo chegou a suspender o imposto de importação na tentativa de derrubar o preço do cereal.
Especialistas preocupam-se com o fato de que a pressão sobre os alimentos, certamente, vai persistir, uma vez que a demanda interna permanece aquecida. E o orçamento familiar ficará ainda mais comprometido porque estão previstos reajustes nos planos de saúde, aluguéis e combustíveis, entre outros itens. Além das despesas de todo início de ano, como IPTU, IPVA e matrículas escolares.
As perspectivas são incertas para 2021, uma vez que o controle, ou não, da pandemia continua sendo fator preponderante para o desempenho da economia. Eis a razão pela qual o governo não pode mais postergar o plano de vacinação em massa da população, pois 10 em 10 economistas apostam que somente com a aplicação da vacina de forma abrangente o processo econômico retomará o fôlego.
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