Visto, lido e ouvido

Desde 1960 Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br

Correio Braziliense
postado em 15/01/2021 06:00

Bancos de memória

Dar um novo significado ao papel desempenhado pelos bancos, na economia e na vida dos cidadãos em geral, não apenas as instituições pertencentes ao Estado, mas de modo geral, parece ser, queiram ou não os governos ou seus acionistas majoritários, a única saída para enfrentar os desafios impostos pelo novo milênio e pela pandemia mundial.

A introdução e o desenvolvimento da tecnologia da informática, associada à internet, obrigou tanto os bancos do Estado quanto os privados, a uma mudança em suas relações com os clientes, ao mesmo tempo em que agilizou a prestação de contas, de modo imediato, com o Banco Central fazendo dessas operações quase que um toque de dedo. Mais importante do que tudo isso e, talvez, o mais prejudicial para cada um dos lados do balcão, vai paulatinamente eliminando o contato pessoal dos correntistas com o pessoal de suas agências originais.

Está sendo instituída uma espécie de relacionamento impessoal recíproco. Mesmo nas chamadas de atendimento por telefone, quem atende são robôs com script pré-definido, esfriando qualquer possibilidade de interlocução humana. Tempo houve em que o gerente de uma agência era visto como um misto de bancário mais graduado, como confidente, psicólogo e orientador, disposto a resolver problemas que iam da falta de crédito a conflitos familiares.

Esse tempo ficou para trás, como ficaram no passado também as garantias pessoais e os relacionamentos mais humanos. Não que os bancos fossem conventos de virtudes. De fato, muita derrocada nos negócios e perda da casa própria se deram por vontade onipotente dos bancos e as intransigências que o dinheiro impõe. Mas, quanto ao fenômeno da impessoalidade e da interlocução com robôs, tem sido o máximo da tortura. Vivemos nesse campo como que exilados na Sibéria gélida, sem possibilidade de contato.

Essa é a nova cara dos bancos, quer se goste ou não. Do lado de dentro do balcão, a vida profissional dos bancários não tem sido facilitada pela introdução das novas tecnologias. Demissões e terceirizações de diversos serviços e setores têm posto na rua milhares de profissionais que já não têm a quem recorrer, já que mesmo os antigos e poderosos sindicatos, pelo esvaziamento de filiados, perderam a força e o poder de impor negociações.

Foi-se o tempo em que ser funcionário de instituições como o Banco do Brasil ou da Caixa Econômica era sinal de status e de garantia de uma boa carreira. Ao final, a tecnologia cuidou de cobrir com sua neve espessa os antigos relacionamentos, congelando, num tempo distante, o que eram as agências bancárias de outrora.

No mundo sem alma dos negócios e dos juros pecaminosos nada restou, nem ao menos a saudade. O que fica de preocupação e de incertezas é que toda essa informalidade acabe por condenar os correntistas e mesmo os acionistas a serem reduzidos a códigos e outros dígitos incompreensíveis, também despossuídos de alma e rosto. O fato é que essa é a cara do novo mundo: impessoal e sem voz.

Por certo, o dinheiro em espécie sumirá, assim como a maioria das agências tal qual conhecemos hoje. Depois, sumirão os bancários, os sindicatos dessa categoria, as logomarcas e tudo mais. Houvesse, por parte do atual governo, mais miolo e menos proselitismo vazio, por certo, ao menos o Banco do Brasil se fundiria com a Caixa Econômica, criando, assim, uma instituição mais enxuta e, quiçá, mais preparada para esses tempos de redemoinhos, surgindo uma espécie de Banco Econômico Federal ou coisa semelhante, prolongando a vida dessas instituições e retirando-as do corredor da morte, abatidas pela modernidade.


A frase que foi pronunciada

“Político é como piloto de avião: se souber decolar e aterrissar, o resto vai bem.”
Dizia o senador Dinarte Mariz, do Rio Grande do Norte


Crime livre
Flagrados por câmera vandalizando em placas de sinalização da cidade precisam receber o castigo certo. Limpar a sujeira que fizeram. O que não pode acontecer é essa complacência com o crime. O DER recuperou mais de 300 placas. Vamos acompanhar quanto tempo vão durar limpas.


Covardia
Em discussão pelo Facebook, a moça repetia o script de que era dona do próprio corpo e faria aborto na hora em que quisesse. Ao replicar que o corpo abortado não era dela, a briga esquentou tanto que, com os comentários feitos com a abortista, o interlocutor saiu-se com essa: “Você parece corajosa para lutar pelos seus direitos. Pena que seja às custas de um ser humano indefeso, sem armas e que não está pronto para correr do seu ataque.”


Parabéns
Professor Bohmil Med lembra que hoje é Dia dos Compositores. Tanto faz, nas teclas do piano ou do computador. Usando notas musicais ou produzindo notas informativas. Notícias fortíssimas ou em pianíssimo. Com vida acelerada, desacelerada sempre com rubatos entre elas. Uma coisa é certa. Tanto a notícia quanto a música precisam ser boas ou para ter o reconhecimento do público ou para gerar a satisfação ao criador.


História de Brasília

É triste a gente ver tanto apartamento vago, com seu proprietário no Rio, enquanto o Hospital Distrital se ressente de enfermeiros de categoria por falta de habitação. Funcionários estão no Rio, prontos para embarcar, muitos já venderam seus móveis e pertences, e não podem viajar por falta de moradia. Tudo isto é assunto para revisão.
(Publicado em 24/01/1962)

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