Um olhar, mesmo que superficial, sobre as manchetes que estampam os principais jornais do país e mesmo aqueles disponíveis em português, pode fornecer uma dimensão ampla e resumida dos problemas atuais vividos pela população brasileira e a visão que o mundo exterior vai fazendo de nós, e da nossa capacidade de resiliência, diante de uma pandemia que parece recrudescer através de uma variante ainda mais mortífera.
Obviamente que o que ocorre conosco, é fruto de um conjunto formado por ações e inércias tanto do governo, como por parte da sociedade. O pouco empenho das autoridades, desmotivadas pelo insistente negacionismo das ciências médicas, feitas pelo próprio chefe do Executivo e, por tabela, da população, que parece ter relaxado demasiadamente nas medidas protetivas e nos protocolos que orientam o distanciamento físico entre as pessoas, vão mostrando seus resultados macabros de curto prazo.
Ainda assim, em meio ao pânico instalado há mais de um ano, e que já ceifou mais de 200 mil cidadãos internamente e 10 vezes mais em todo o mundo, o que se vê, por parte das principais lideranças do país, é uma total e cínica indiferença com as agruras experimentadas pelos brasileiros. O que se vê, lê e é ouvido, na maioria das reportagens publicadas nesses dias recentes, mostram nossos homens públicos imersos e devotados exclusivamente aos assuntos que lhes dizem respeito direto e que podem render dividendos imediatos.
Discutem, suas excelências, em debates acalorados e com mútuas acusações e impropérios diversos, assuntos “urgentes” como as próximas eleições para a Mesa das duas Casas Legislativas e outros temas correlatos e distantes da dura realidade enfrentada pela nação.
O presidente da República, que em momento algum se mostrou presente fisicamente nos hospitais do país, como recomenda o cargo e a ética pública, para oferecer seu apoio moral aos combalidos pela covid, resume e gasta seu curto expediente diário com discussões vazias, com temas impróprios, como é caso de sua rusga pessoal contra adversários políticos e a imprensa em geral.
Só para colocar em termos comparativos, o que trouxe grande prestígio, junto aos britânicos e que perdura até hoje, foi a demonstração de coragem da realeza ao permanecer numa Londres, assolada por um intenso bombardeio e consumida pelas chamas. Pessoalmente a própria rainha Elizabeth II, conduzia uma ambulância do Exército no socorro às vítimas, numa demonstração de desprendimento e patriotismo coragem, mostrando-se sempre e atuante durante o sofrimento de seus súditos. Igual denoto jamais foi visto por essas bandas. Ao invés disso, o que se observa por essas bandas, são as férias, fora de contexto, desfrutadas em praias badaladas e outras atividades lúdicas, e mesmo afrontosas, diante do morticínio de muitos compatriotas, esquecidos em hospitais mal equipados e enterrados em covas rasas às centenas diariamente.
A frase que não foi pronunciada
“A boa escrita imita a arte das lavadeiras de roupa acocoradas à beira dos rios e açudes de Alagoas. Carece de bater na pedra e enxugar o pano, uma, duas, três vezes, até levá-lo ao varal quase sem água. Escrever é secar ao sol.”
Graciliano Ramos
Muito nojento
» Apesar de preços acima do justo, os produtos oferecidos em supermercados continuam abaixo da qualidade. Como occoreu no Big Box do Lago Norte. Um salmão que se desmanchava ao toque. Não se vê mais a fiscalização de agentes sanitários. Principalmente depois da pandemia.
CIVEBRA
» No Paraná foram mais de 2 mil alunos inscritos na Oficina de Música, que reuniu 10 países e um público de 60 mil pessoas. Nesse ano 80 concertos e 73 cursos estão no programa em ambiente virtual. Já sobre a Escola de Música de Brasília e sobre o Curso Internacional de Verão não há notícias.
Transparência
» Todos os comprovantes de pagamentos emitidos pelo governo federal ou distrital aos contribuintes deveriam ter a descrição da referência. Que taxa ou imposto está sendo recebido, referente a que mês, e detalhes de identificação, normais em notas fiscais.
Caesb
» Com escritórios abertos a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal, Caesb, voltou ao atendimento público nos escritórios. Mas é preciso agendar.
Seu voto
» A última ata de sessão plenária da Câmara Legislativa é de novembro de 2020. Com a pandemia e a transparência da Casa, é possível acompanhar o vazio.
História de Brasília
Novas adesões à campanha de apadrinhamentos das árvores. O dr. Araújo Cavalcante, diretor do Senam, em telegrama declara que cuidará de todas as árvores em frente à Casa do Município.
(Publicado em 24/01/1962)
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