Quais técnicos de seleção no mundo podem se dar ao luxo de chegar ao fim de uma temporada com tantas revelações de jogadores nascidos depois de 1995 para tocar o processo de renovação? Adenor Leonardo Bachi é um deles. Apesar do calendário maluco provocado pela pandemia do novo coronavírus e da paralisação do futebol por três meses, o país colhe talentos — nenhum fora de série — na chamada geração Z. Basta olhar, sem clubismo, para os times da moda, finalistas da Libertadores, Copa do Brasil e o líder isolado do Brasileirão.
A decisão continental no próximo dia 30, às 17h, no Maracanã, tem perfil “teen”. Coroa os investimentos de Santos e Palmeiras nas divisões de base. A Vila Belmiro é historicamente indústria de ponta na produção de craques. Do Rei Pelé aos meninos Diego, Robinho, Neymar e Rodrygo. A fábrica entregou nesta temporada modelos como o volante Sandry Roberto e o centroavante Kaio Jorge, ambos de 18 anos. Há 14 meses, eles conquistaram o Mundial Sub-17 na virada por 2 x 1 sobre o México, no Bezerrão. Hoje, são trunfos para o tetra alvinegro.
Adversário do Palmeiras na inédita final da Libertadores, o Palmeiras tem seus antídotos na caça ao bi sul-americano. Patrick de Paula (21), Gabriel Menino (20), Danilo (19) e Gabriel Veron (18) são os ícones de uma temporada em que o time alviverde pode conquistar até cinco títulos. Ganhou o Paulistão, é finalista da Copa do Brasil e da Libertadores, mantém 7% de esperança no Campeonato Brasileiro e pode ir ao Mundial de Clubes, em fevereiro.
Rival do Palmeiras na decisão da Copa do Brasil e concorrente alviverde também na maratona pelo troféu do Brasileirão, o Grêmio ostenta guris bons de bola à pronta entrega. O camisa 10 Jean Pyerre (22), é um deles. Mais um na linha de produção que colocou no pátio Luan, rei da América em 2017, e Éverton Cebolinha, substituto de Neymar na Seleção na conquista da Copa América 2019. O atacante Pepê (23), já é disputado por clubes periféricos da Europa. Sem contar o excelente volante Matheus Henrique — mais uma joia sub-23.
Líder do Brasileirão, o São Paulo é uma grife na formação de talentos. Cito pelo menos três nesta campanha pelo hepta: o volante Luan Santos e o excelente par moderno de meias formado por Igor Gomes e Gabriel Sara. As três crias de Cotia têm apenas 21 anos.
Tite é atento. Não tem preguiça. Escolhe jogos a dedo para assistir in loco. Visionário, convocou recentemente Gabriel Menino como alternativa para a lateral direita. Chamou Matheus Henrique e avaliou o trabalho dele na Granja Comary. Monitora as sequências de Jean Pyerre, Igor Gomes e Gabriel Sara nos times e nas seleções de base antes de promovê-los.
O desafio de Tite e todos os técnicos do país é aprimorar o relacionamento com a nova safra. São jogadores blindados por estafes de dificuldades comuns do dia a dia. Exposta a uma rotina de privilégios que, quase sempre, se converte em superproteção e deslumbre. Eis o desafio: manter a Geração Z focada para que se transforme, talvez no Qatar, em geração H. De hexa!
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