Conceição
Naquele tempo [anos 1970], não havia Google. O acesso a livros e revistas de medicina era aleatório, quase impossível, difícil. Quem salvava os residentes era a Conceição: “Olha, chegou o livro que você estava procurando”; “Já chegou a revista!”, dizia, entusiasmada, como quem anuncia um tesouro. Tirava xerox dos artigos mais interessantes e colava no mural. Nos tempos do (Hospital) Sarah, eu fazia um jornalzinho chapa quente, e Conceição digitava e formatava os textos na máquina de escrever elétrica. Era exímia datilógrafa, paciente e incansável, cheia das ideias, que gostava de compartilhar, com aquele sorriso largo e fácil. No intervalo do almoço, jogava vôlei. Muito alta e animada, era a alma do time. Na Biblioteca Demonstrativa, expandiu seus serviços à comunidade; sua onipresença movia céus e terra para dar um realce às atividades da biblioteca, que iam além dos livros, e viravam música, encontros, exposições,brincadeiras. Conceição estava em todas, alto astral, prestando serviço a todos que procuravam a biblioteca. Conceição: uma lágrima, uma flor, uma saudade. Conceição, eu me lembro muito bem.
» Thelma B. Oliveira,
Asa Norte
Duelo
Estamos vivendo uma batalha política em volta da crise na saúde. De um lado o governador de São Paulo, João Doria. De outro, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro. Doria quer porque quer ser o primeiro a posar ao lado de um brasileiro tomando a tão esperada vacina contra a covid-19. A histeria, a ânsia, a apelação explicitou-se na sexta-feira num programa de tevê ao aloprar e chamar o presidente de “facínora”. Doria perdeu a linha. Demonstrou o quão é um governador despreparado para administrar o estado mais rico do país. Ao sofrer o ataque de Doria, Bolsonaro partiu para o contra-ataque e abaixo da linha da cintura, bateu forte e chamou o governador de “moleque”. Mas o que quer Dória? Quer sair na primeira foto de um brasileiro a tomar a tal vacina tão esperada. Bolsonaro quer aparecer na fita, pois dará votos. Ambos estão se digladiando e poderá sobrar para o povão. Quem for o primeiro com certeza ganhará votos de milhões de brasileiros. Acho uma palhaçada por parte do “calça apertada” e do “mito”.
» José Monte Aragão,
Sobradinho
» Que vexame! Que constrangimento para nós brasileiros! O presidente da República chamar o governador de São Paulo de “moleque”, e o governador de São Paulo chamar o presidente de facínora! E no meio desse bate-boca está o povo brasileiro. E quem está com a razão? Nenhum deles, pois um bate-boca desses revela a pequenez de cada um, a falta de respeito e a falta de seriedade com o tratamento da saúde do povo brasileiro. Senhores, deixem a política rasteira de lado e prestem atenção à tragédia que ceifou mais de 200 mil vidas de brasileiros. Deixem de olhar os seus futuros políticos e prestem atenção aos pobres coitados que estão à procura de se salvarem dessa tragédia, e que se sentiram tremendamente ofendidos de serem chamados de maricas. Que mau exemplo estão dando para as nossas gerações futuras! Lamentável, sobre todos os pontos de vista!
» Paulo Molina Prates,
Asa Norte
Na contramão
O presidente Jair Bolsonaro teve o meu voto, mas não posso deixar de ressaltar que ele tem de ser interpretado dentro do seu repertório relativamente limitado de ações, das quais lança mão para construir a sua figura de governante. Nesse sentido, sua postura de desafio a saberes técnicos e científicos em nome de um senso comum, digamos, “egoísta”, ou seja, uma sociabilidade voltada apenas aos interesses imediato do indivíduo, é marcante. Por exemplo: ele se posicionou contra radares nas estradas, acusando-os de serem caça-níqueis; contra regras de segurança, como cadeiras para crianças nos carros; contra reservas ambientais que impedem o uso turístico de áreas naturais; entre outros absurdos. Há mais: ele nega o aquecimento global e queria acabar com o Ministério do Meio Ambiente, e só não o fez porque isso prejudicava certificações internacionais do agronegócio, mas mesmo assim minimizou a pasta, indo na contramão do debate mundial. O presidente Bolsonaro, pela sua característica explosiva e insensata, pela incapacidade, pelas limitações de articulações políticas, se utiliza do toma lá dá cá, acrescenta diversos elementos que contribuem para a instabilidade e põe na pauta, exigindo especial atenção, a opção a ser adotada pela burguesia e alas reacionárias e ultraliberais da política brasileira. No atual cenário de crise econômica e social, em meio à grave pandemia da covid-19, o custo da luta interna da burguesia e da política ultraliberal está sendo pago com a vida de trabalhadores, somado aos 14 milhões de desempregados. Vamos torcer para que o céu seja de brigadeiro, azul, como a companhia aérea que fez o voo da esperança de vida e nos traga a vacina.
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
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