Abolição da economia do faz de contas
É sabido que, desde que foi criado o cargo de ministro da Economia, das Finanças, da Fazenda ou seja lá que outra denominação tenha essa função, sempre foi delegado não apenas àqueles que tinham alguma expertise nas ciências econômicas, mas, sobretudo, aos peritos nas artes de descobrir onde jazem os recursos captados pela nação.
Não seria exagero afirmar que aos ministros da Economia caberiam a tarefa de prospectar, como fazem os garimpeiros, os veios do dinheiro público, explorando essa jazida o máximo possível. Não surpreende que, uma vez terminado o trabalho, o que fica para trás assemelha-se a uma terra arrasada e tomada de buracos e crateras gigantescas, uma paisagem que muito lembra o que restou do antigo garimpo de Serra Pelada.
O que fica na lembrança de todos, após a passagem de seguidos ministros da Economia, são imagens de um país exaurido e pelado por uma série de medidas que, em última análise, não vão ao encontro das necessidades básicas da população, atendendo, tão somente, a programas de governos quase sempre desconectados da realidade e do cotidiano de todos. E o que é pior, com a mudança das cadeiras a cada eleição, a maioria desses custosos programas é descartada no lixo, dando início a um novo ciclo de políticas econômicas, que, por sua vez, atenderá a outros programas extemporâneos de governos, tudo num ciclo sem fim, sem propósito ou razão.
Seguimos como cachorro neurótico correndo sem parar atrás do próprio rabo.
Na essência, tudo permanece como sempre esteve: intocável, como querem as forças políticas do atraso, ávidas pela manutenção do status quo. É dessas idas e vindas que temos de nos livrar, mexendo no imexível. Mas, para isso, será necessário dar início ao fim de todos os privilégios que fazem do Brasil um Estado rico e para os ricos, custeado por uma maioria de cidadãos pobres e de segunda classe. E é aí que toda e qualquer política econômica, seja de que governo for, encontra sua muralha de retenção.
Seguindo essa toada, conhecida por muitos e atalhada desde sempre pelas elites, teríamos que recuar até a própria Constituição, dando um novo sentido e razão prática à redação do art. 5º da nossa Carta, assegurando que todos sejam realmente iguais perante a lei, tanto em direitos quanto em obrigações. Apenas por esse enunciado, tomado ao pé da letra, já seria banido todo o tipo de privilégios e sinecuras, assegurando a todos os mesmos benefícios que, hoje, são concedidos apenas aos áulicos e aos encastelados nos altos escalões da máquina pública. Com isso, também a carga tributária incidiria conforme o padrão econômico de cada um. E todo um longo processo de injustiças seria abolido.
Na verdade, é justamente a palavra abolição, no seu sentido mais preciso, que se faz necessário estabelecer, abolindo, de vez, as seculares e vergonhosas vantagens concedidas a uns poucos e que tornam toda e qualquer política econômica de governo um arremedo e um faz de contas, feita sob medida para iludir os incautos.
A frase que foi pronunciada
“Não permito que nenhuma reflexão filosófica me tire a alegria das coisas simples da vida.”
Sigmund Freud, sem convencer seus seguidores
Luvas
» Sempre incomoda aos pacientes ver que profissionais da saúde não usam luvas descartáveis. Imagens de pessoas tomando vacina aplicada de braço em braço sem a proteção na mão dos enfermeiros, para um leigo, é aterrador sem pandemia. Imagine em plena tentativa de controle da doença.
Prata da casa
» Rogério Resende, afinador de piano em Brasília, conquista os visitantes que vêm à capital para conhecer seu trabalho. Além de afinar, Rogério restaura e inventa pianos, como o siamês. Cria ferramentas que o auxiliam no trabalho. Fundou a Casa do Piano e o Museu do Piano, que é um caminhão itinerante carregando os instrumentos que carregam história.
É hora de Brasília valorizar mais essa joia. Para visitar, é preciso agendar. Veja como fazer, no Blog do Ari Cunha.
Bate papo
» Hoje, às 15h, os jornalistas Walberto Maciel e Paulo Miranda vão fazer uma live sobre os órfãos da covid-19. Mais detalhes no Blog do Ari Cunha.
História de Brasília
Um grupo de moradores da Quadra 28 hipoteca igual solidariedade. A Remington Rand, no mesmo passo, cuidará das que estão em frente à sua sede. A Padaria Royal está cobrando 10 cruzeiros por um cafezinho, maltrata fregueses e recebe reclamações de todos os lados. E para terminar, anote-se o número de títulos protestados ultimamente, de um estabelecimento de excelentes lucros. (Publicado em 24/01/1962)
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