As despesas com plano de saúde tornaram-se pesadas e até insuportáveis para muitos usuários do sistema privado. O reajuste de 7,35%, fixado em 2020, foi suspenso pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que determinou que cobrança fosse diluída em 12 parcelas. A conta retroativa chegou, acompanhada do aumento deste ano e, em alguns casos, do reajuste referente à mudança de faixa etária. As mensalidades saltaram até 30%. Um baque nas finanças tanto dos que têm plano individual, quantos dos que são beneficiados por planos empresariais. A má notícia fica pior quando os brasileiros se deparam com uma inflação em alta — 4,52% em 2020 —, provocada, sobretudo, pelo custo dos alimentos.
Os Procons — órgãos de defesa dos consumidores — começam a se organizar para judicializar os aumentos aplicados aos convênios médicos. Até agora, contundo, só têm orientado os usuários sobre as possíveis providências a serem tomadas. Mas não descartam recorrer ao Judiciário para que haja limites aos reajustes. Pelo menos 20 milhões, dos 46,8 milhões de associados a planos de saúde, verão os gastos assumirem proporções incompatíveis com o bolso.
Entre as missões da Agência Nacional de Saúde (ANS) está a de “promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regular as operadoras setoriais — inclusive, quanto às suas relações com prestadores e consumidores — e contribuir para o desenvolvimento das ações de saúde no país”. As relações entre prestadores e usuários estão abaladas, frente aos reajustes acima das correções salariais, mas, também, pela expansão do desemprego. Lembrando que o lucro das operadoras mais do que dobrou em 2020, apesar da pandemia.
O interesse público deve se sobrepor aos das prestadoras de serviço, levando em conta a conjuntura econômica adversa, que perpassa pela maioria das camadas sociais do país e afeta, profundamente, as empresas dos mais variados portes. Em julho do ano passado, a agência constatou que os planos de saúde perderam 283 mil clientes, quando a crise sanitária ainda estava no seu auge, com elevados números de infectados e óbitos. Ou seja, a evasão ocorreu no momento em que demanda por atendimento médico-hospitalar estava em ascensão. Mas, fechado o ano, houve saldo positivo de mais de 500 mil clientes.
Com o avanço da segunda onda da pandemia, a crise econômica tenderá a se manter latente. Embora a vacina contra a covid-19 tenha chegado ao país, será longa a trajetória para a imunização em massa da população. Nos casos mais graves, os brasileiros têm sido acolhidos nas unidades hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS), nas quais está a maior concentração de pacientes. Até que seja possível um ambiente próximo à normalidade da pré-crise sanitária, a economia não terá fôlego suficiente para dar um salto. O contexto tem enorme peso na renda dos brasileiros.
Impõe-se, portanto, que a ANS seja a articuladora entre as necessidades do usuários e das administradoras de planos de saúde. Os aumentos das mensalidades têm de ser contidos. É inconcebível que, diante da calamidade epidemiológica, as empresas aproveitem desse momento para elevar seus ganhos e ter lucro mais robustos. Entre todos os setores produtivos, os da saúde têm a obrigação de estar entre os mais humanizados.
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Coisas do "lelé" do Cuca
Escrevi em 12 de setembro do ano passado no meu blog no site do Correio que Alexi Stival, o Cuca, faz o melhor trabalho da temporada entre os técnicos brasileiros. Até agora, ele não me fez passar vergonha. É finalista da Libertadores. Pode tornar o Santos o primeiro time do país tetracampeão continental. Tem a chance de ganhar o segundo título do torneio na carreira. O primeiro foi há sete edições, em 2013, na conquista do Atlético-MG. Supersticioso, Cuca disputará a final contra o Palmeiras no estádio em que festejou o primeiro troféu como treinador — o Maracanã. Era o comandante do Flamengo, em 2009, na campanha do tri carioca. Exorcizou a fama de pé-frio.
Falo sobre Cuca a propósito de uma ambição do paranaense de 57 anos. Em tempos de cobrança pela presença de treinador brasileiro em algum time de ponta da Europa, ele prefere a América do Sul. Trabalhar em um país vizinho. “O Boca Juniors é gigante, nunca vai deixar de sê-lo porque perdeu o jogo. O Boca é muito grande para mim, e vou treiná-lo, se Deus quiser, gostaria de fazer, mas nunca me chamaram”, afirmou em entrevista ao site argentino Infobae depois de eliminar o time xeneize na semifinal da Libertadores no placar agregado: 3 x 0.
Cuca não seria o primeiro brasileiro a assumir o Boca. Vicente Feola teve a honra em 1961, três anos depois de levar a Seleção ao primeiro dos cinco títulos na Copa do Mundo. Dino Sani passou por lá, em 1984.
O Boca precisa de Cuca? Sim! Poucas vezes vimos o time hexacampeão da América apresentar repertório tão pobre. Cuca precisa do Boca? Agora, não. O Brasil ainda necessita dele. Torço pelo sucesso do Cuca na final da Libertadores por causa de uma palavra-chave: humildade.
Atribuo parte do sucesso dele no Santos ao reconhecimento, respeito pelo trabalho dos colegas estrangeiros no Brasil. Em vez de gastar saliva menosprezando ou relativizando os feitos recentes de Jorge Jesus e Jorge Sampaoli no país, rendeu-se, no fim de 2019, ao trabalho do português no campeão brasieliro Flamengo e do argentino no Peixe.
O Santos finalista da Libertadores mostra que Cuca estudou, assimilou e colocou em prática — com êxito — um pouquinho dos temperos de Jesus e Sampaoli. Pode até fechar a temporada sem conquistar nada, mas provou aos técnicos brasileiros que, sim, é possível reinventar-se engolindo nem que seja a seco um tiquinho dos conceitos vindos de fora.
Pois assim é o Santos. Assim pode ser o Boca se, um dia, render-se às ideias, conceitos, superstições e mania de jogar bonito do competentíssimo “lelé”do Cuca. Na Argentina, ele seria rebatizado de “El loco” Cuca.
Sr. Redator
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Distopia
Não precisa ser esquerdopata para “pirar” com a situação. A carroça presidencial está desnorteada. Nega a pandemia, daí, tem de cortejar China e Índia para receber as vacinas. Trump caiu? Bora escrever ao Biden, para merecer um afago dos americanos. Cloroquina não funciona? Que vamos fazer com o estoque de milhões de comprimidos? Não acreditando em medidas de prevenção, que tal acenar aos caminhoneiros baianos prioridade na vacinação? Temos uma arquitetura arrojada, com projeto de Lelé para o memorial de Athos Bulcão; por que não criar um Museu da Bíblia? Vivemos uma distopia total, nem os cavalos sabem qual será o próximo rumo. O jeito é cortejar os indecisos para garantir votos em 2022. Se o mundo não houver acabado até lá.
Thelma B. Oliveira, Asa Norte
Decepção
Tivesse algum traço de humildade, decência e bom caráter, coisas que não podemos esperar do seu chefe/feitor, o general Pazuello, uma grande decepção para mim, deveria ter se desculpado com o Instituto Butantan, que, muitas vezes, foi vilipendiado por sua pasta. Não fosse a CoronaVac e a humilhação do general, que nem na logística do qual se dizia “especialista” mostrou competência mínima, a situação seria mais completa ainda. Lamentavelmente, o general, ainda, absorveu a pior psicopatia de Bolsonaro: o vício da mentira crônica. Com isso, desonra a farda que veste e, por ser da ativa, envergonha os seus pares do Exército Brasileiro. Com todo o respeito, general, pegue o quepe e vá para casa já!
José Salles Neto, Brasília
Desencontros
O precário planejamento do governo federal referente ao combate da covid-19 é impressionante. O Brasil contabiliza mais de 214 mil óbitos e 8,6 milhões de casos. Mesmo diante desses números recordes, o desencontro de informações é ridículo, para não dizer, trágico. Bolsonaro fala uma coisa bem diferente do ministro da Saúde. A Fiocruz e o Butantan divulgam informações mais desconcertantes ainda. É uma falta de sincronismo incrível, com muita mentira incluída. Que se dane a saúde no Brasil, não é mesmo, presidente? O Brasil merece o diploma de país mais desorganizado do mundo no combate à pandemia. Os investidores fogem de cenários incertos e instalibidade política. Qual é a verdade? Onde estão as vacinas?
José Carlos Saraiva da Costa, Belo Horizonte - Minas Gerais
Fila
Esperar o seu lugar na fila é a atitude correta de qualquer cidadão em sã consciência. Isso serve também para as categorias profissionais. Exigir a vacina para voltar a trabalhar é, no mínimo, ser mais infantil do que o próprio presidente da República em relação à covid-19!
Fábio Venturoli, Goiânia - Goiás
Trump
Quatro anos atrás, Donald Trump iniciava seu governo com seu discurso de carnificina ao tomar posse em Washington. Qualquer esperança de que pudesse amenizar seu tom racista, xenófobo, islamofóbico e extremista se esvaiu. Ainda assim, não dava para imaginar que sua administração seria tão ruim. Por mais pessimistas as expectativas, a sociedade americana não imaginava um presidente antidemocrático incapaz de aceitar a sua derrota nas urnas. Incapaz de citar o nome de Joe Biden, vencedor da eleição, em seu discurso de despedida. Trump incitou organizações supremacistas e fascistas a invadirem o Congresso dos EUA. Mais grave, Trump deixa 400 mil mortos na maior pandemia em um século. Sim, houve mortos por todo o planeta. Mas, o ex-presidente americano integrou um grupo de lideranças negacionistas, como Bolsonaro, que agravaram ainda mais o cenário. Vergonhosamente, Trump se recusou a ir à cerimônia de posse de Biden. Optou por fugir para Flórida, e que seja feliz lá. Não fará falta! Ao contrário, será um alívio para o povo americano não ter esse desequilibrado e mentiroso compulsivo na Presidência. Falou mais de 30 mil mentiras em sua administração, segundo contabilidade do Washington Post. O mundo ficará mais suave sem Trump. Acabou o pesadelo da era Trump. Pode-se criticar Biden. Mas, é uma pessoa normal. Trump era mau.
Renato Mendes Prestes, Águas Claras
Desabafo
Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição
Achologia não é ciência. É crença.
Sylvain Levy — Asa Norte
Ministério Público apura se houve ‘bicicleta’ na vacinação de políticos e apaniguados no reino da esperteza.
José Matias-Pereira — Park Way
Vacinação: muito ajuda quem não atrapalha. Nem isso Bolsonaro consegue fazer pelo país.
Joaquim Honório — Asa Sul
Que medo! O ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, apostou num vermífugo contra o coronavírus. Agora, vai coordenar uma vacina nacional contra a covid-19.
Giovanna Gouveia — Águas Claras
Depois de defender a cloroquina, o voto impresso e questionar a vacina anticovid, a deputada Kicis vai propor a volta do carburador, da sanguessuga para sangrias e dos dinossauros na W3.
Ludovico Ribondi — Noroeste
O mundo tem ilhas demais, pontes de menos e poucos proprietários para uma extensão de terra tomada pela soja e pelo pasto.
Eriston Cartaxo — Setor Noroeste