Fim da politização e do negacionismo, além do esforço efetivo para que o Brasil tenha acesso a doses de vacinas contra a covid-19 já disponíveis em dezenas de países é o mínimo a esperar do governo federal e de lideranças políticas, independentemente de cor partidária. O momento de esperança renovada da população de vencer a doença, com a chegada da CoronaVac e do imunizante da Oxford/AstraZeneca, embora em doses muito pequenas, traz também a expectativa dos investidores sobre os rumos da economia brasileira. Como justificar que a maior nação latino-americana e uma das maiores economias do mundo não conseguiu contratar vacinas como seus pares do mundo em desenvolvimento?
A competição com os destinos do dinheiro no planeta será difícil para um Brasil que se permitiu atrasar no enfrentamento da pandemia. Empresários e economistas de grandes corretoras e bancos já vêm admitindo a importância da imunização como mecanismo essencial na recuperação da atividade econômica. Quanto maior for o atraso no processo, mais demorada será a recuperação do país, que teve, em 2020, baixa de investimentos, curva ascendente de preços e desemprego recorde.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) observou, em comunicado, que a vacinação significará retorno seguro ao trabalho, com afastamento dos riscos da doença e a consequente reativação de setores da economia. Imunizar implica dissipar incertezas e injeta confiança, segundo a CNI, fator necessário para dar gás novo ao consumo e capacidade de o país reverter perdas de renda da população.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou, neste mês, pesquisa mostrando que 64% da população pretendem se vacinar. De acordo com a entidade, o brasileiro mantém a convicção de que a vida financeira vai melhorar, apesar da ressalva de que os pés ficarão pregados ao chão. A instituição considera imprescindíveis as medidas sanitárias e de combate à doença.
Em Belo Horizonte, a Câmara de Dirigentes Lojistas destacou, esta semana, que a vacinação representa alívio, esperança de dias melhores e de retomada do crescimento. O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu a vacinação como fator importante para sustentar a recuperação da economia ao garantir a volta da população ao trabalho presencial. Muito mais do que isso já deveria justificar que o governo incentive a vacinação.
Em relatório de dezembro, o Credite Suisse estima que, somente no quarto trimestre, o Brasil chegará ao nível de 70% da população imunizada ou acima disso. Com vacinação atrasada, fim do auxílio emergencial, desemprego recorde e recuperação muito vagarosa do emprego, o começo do ano será fraco, como prevê o Banco Inter, que admite queda de 0,5% frente a janeiro, fevereiro e março de 2020.
As estimativas para o crescimento do Brasil feitas pelo FMI são de 2,8%, em 2021, e de 2,3%, em 2022. Trata-se de um percentual medíocre comparado às taxas de 6%, em 2021, e 5,1%, em 2022 projetadas para os países emergentes. A projeção foi feita em outubro passado. A aposta na expansão da economia mundial é de 5,2%, neste ano, e 4,2%, em 2022. A Bolsa brasileira, a B3, terminou 2020 com valorização de 2,92%, mas os investidores estrangeiros retiraram R$ 33,9 bilhões. Números, portanto, não faltam como alerta.
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