A morte da influenciadora digital Liliane Amorim, de 26 anos, por complicações de uma lipoaspiração, colocou de volta aos holofotes um tema importante, que tem se tornado alvo de debate: a banalização das cirurgias plásticas nas redes sociais.
O Brasil é, hoje, o país em que mais se realiza procedimentos estéticos no mundo, segundo os dados da Sociedade Internacional da Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Em 2018, foi registrado mais de 1,498 milhão de cirurgias plásticas no país, além de mais de 969 mil intervenções não cirúrgicas.
Desde o ano passado, as mídias sociais exibem publicações sobre procedimentos estéticos, desde os mais invasivos, como a “queridinha” do momento Lipo HD ou LAD, aos menos, como a harmonização facial.
Essa onda em torno de intervenções estéticas reforça a busca por um ideal de beleza impossível de ser conquistado e que tem sido disseminado em plataformas, como o Instagram, em que todos estão sempre bonitos e felizes, com fotos e vídeos repletos de filtros, num nível de perfeição inatingível, mas vendido como algo fácil e necessário.
O caso de Liliane expõe os perigos da lipoaspiração. Em menos de uma semana após a cirurgia, a influencer voltou ao hospital com dores abdominais e dias depois deu entrada na UTI. Até que, no último domingo, acabou não resistindo e morreu.
A morte chocou e trouxe relatos como o da influenciadora Thaynara OG que revelou ter passado uma semana na UTI após uma lipo e que a fez ter crises de ansiedade. Outro é o da influenciadora Alexandra Gurgel que fez uma lipoescultura, aos 23 anos, gerando fibrose e várias dores pelo corpo. Meses depois do procedimento, ela tentou suicídio. Em todos esses casos, há um fator em comum: a busca por seguir uma pressão social de ter um corpo dentro dos padrões estéticos impostos.
Na semana passada, o Correio publicou a reportagem “Respeito ao corpo”, em que se debatia a necessidade do entendimento de que há diversos tipos de corpos e que a gente precisa saber aceitar isso. São pessoas cada vez mais jovens em busca de plásticas que acarretam outros problemas — basta lembrar os relatos da “doença do silicone”, em que algumas mulheres passaram a ter sintomas inexplicáveis e sérios após a colocação de implantes. Há ainda o dano psicológico da não aceitação e do ódio ao próprio corpo. Sem falar em casos tristes, como o de Liliane, em que a própria vida é perdida.
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