Amanhã, 1º de fevereiro, Câmara e Senado Federal elegerão as respectivas mesas diretoras para um mandato de dois anos. A disputa será acirrada, sobretudo, na Casa dos deputados. Nas mãos dos vitoriosos, estará o rumo que será dado ao país. A partir do dia seguinte, caberá aos presidentes eleitos definir as pautas de votação, de acordo com a seleção de projetos e emendas que serão levados à apreciação de deputados e senadores. Um processo que exige avaliação profunda dos efeitos sobre os rumos do Brasil, sem subserviência a interesses menores, que desprezem os anseios da sociedade.
Hoje, o país está arrasado pela maior crise sanitária dos últimos 100 anos. A economia foi dilacerada, quando, ainda, tentava sair do fundo do poço, no início de 2020, um ano morto pelo ataque do novo coronavírus. Até agora são mais de 220 mil mortos e 9 milhões de infectados. O embate contra a doença está longe de findar. Faltam vacinas para imunizar os mais de 211 milhões de brasileiros.
Pelo menos 68 milhões de pessoas ficaram sem meios de sobrevivência, com o fim do auxílio emergencial. Em contrapartida, houve o agravamento da crise na saúde, que, a cada dia, põe fim à vida de mil brasileiros. Ao lado desta tragédia, estão mais de 14 milhões de desempregados e 13,5 milhões de miseráveis. O dólar em alta empurra a inflação para cima, o que forçará o Banco Central a elevar a taxa básica de juros (Selic), mais um baque no bolso dos trabalhadores.
Enfrenta-se quadro que provoca desânimo e insegurança entre os empresários, uma vez que tanto o Executivo quanto o Legislativo não apresentam alternativas para reverter, positivamente, a realidade nacional. A soma de todos esses fatores às antigas demandas da sociedade — a mesma que elege deputados e senadores —, não foram respondidas pelos governos passados nem pelo atual. O Brasil se mantém entre os países com elevados índices de desigualdades socioeconômicas. As políticas de educação, saúde, segurança pública, ambiental, saneamento e outras são incompatíveis com as necessidades dos brasileiros. A evasão de investidores é um dos danos causados por esse cenário bastante sombrio.
No Congresso, há mais de um ano, adormecem as reformas tributária e administrativa. Mudanças consideradas emergenciais e indispensáveis para o equilíbrio das contas públicas, tanto da União quanto dos estados e municípios. Nem mesmo a PEC Emergencial avançou. A reforma administrativa é tida como fundamental para reduzir os gastos do Executivo e diminuir o deficit fiscal, apesar de não incluir as despesas do Judiciário e do Legislativo, para que seu impacto seja expressivo no caixa da União. As relações nada amistosas com países europeus e, agora, com posições divergentes às do presidente norte-americano, Joe Biden, empurram o país ao isolamento.
Diante da dimensão dos desafios colocados ao Brasil, os futuros dirigentes do Congresso Nacional têm papel relevante na aprovação de medidas que tirem o país do fundo do poço, sem aviltar a relação harmoniosa que deve existir entre os Poderes da República. As mudanças não podem se restringir à troca de comando. As diferenças ideológicas devem ser deixadas de lado. Neste momento da vida nacional, o Congresso precisa romper com o maniqueísmo que fraturou a nação e direcionar suas energias e esforços na reconstrução do país, para que haja um reencontro com o caminho do desenvolvimento social e econômico.
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