Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 30/01/2021 21:45

Mestiçagem

Incompleta, a abolição da escravatura não significou para os negros a efetivação plena de sua cidadania. Os brancos ainda gozam de privilégios, ficando com o melhor da brasilidade. Não se enfrenta de peito aberto o racismo, porque a ilusão falaciosa da miscigenação e o mito da democracia racial impuseram suas ideologias de comando. Logo, pagamos caro pelos caprichos perversos e mimados da mentalidade escravocrata. Trabalho, neste país, ainda é regido pela exploração escravista. Aqui e ali, um verniz liberal só para inglês ver. Em campo, mestiçagem contra pluralismo, conforme ressalta o antropólogo Kabengele Munanga, em Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra (2019): “A mestiçagem, como articulada no pensamento brasileiro entre o fim do século 19 e meados do século 20, seja na sua forma biológica (miscigenação), seja na sua forma cultural (sincretismo cultural), desembocaria numa sociedade uniracial e unicultural. Uma tal sociedade seria construída segundo o modelo hegemônico racial e cultural branco ao qual deveriam ser assimiladas todas as outras raças e suas respectivas produções culturais”.
» Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte

O avesso

A Defensoria Pública da União não se atentou à história e ignora a realidade brasileira desde o século 16. Em vez de defender os vulneráveis e historicamente explorados e alijados do desenvolvimento do país, criou a figura do racismo reverso, em que os brancos seriam vítimas de discriminação, para endossar a loucura dos verdadeiros racistas que se opuseram à fantástica iniciativa do Magazine Luiza de abrir processo seletivo para a contratação de pretos e pardos. A insanidade foi rebatida por promotores do Trabalho que, em parecer, sugerem o arquivamento da ação judicial contra a empresa. A iniciativa do Magazine deveria servir de exemplo a outros grandes conglomerados e empresas, a fim de estabelecer equidade étnica e de gênero, rompendo, de uma vez por todas, com as afrontas que negros e mulheres enfrentam no dia a dia deste país. Envergonhei-me ao ler a informação no site do Correio. Um órgão de Estado se opor à sensatez da empresária Luiza Trajano, uma mulher de vanguarda e atenta à dura realidade dos negros neste país, suponho, seria cumprir o avesso da sua missão de agir em defesa dos cidadãos brasileiros, independentemente da cor da pele, e aplaudir as boas ações que se contrapõem à hipócrita democracia racial. Sou negra e espero nunca precisar dos bons préstimos da DPU.
» Walquíria Ramos,
Park Way

Fura-filas

Os maus exemplos de outros estados e municípios infectaram também o Distrito Federal. A mídia local informa que unidades de saúde da rede pública estão permitindo que os fura-filas — gente sem caráter e sem educação, afeita à corrupção — estão sendo vacinados, em escandalosa burla às regras estabelecidas pelo plano nacional de vacinação contra a covid-19. É vergonhoso ler uma notícia dessa. Todos estão no mesmo barco. Se não houver um bom controle e muita fiscalização, considerando que as doses disponíveis são insuficientes e não há previsão, devido ao péssimo governo que temos no país e no âmbito local, faltará doses para o público prioritário e para o restante da sociedade. O país precisa se vacinar também contra o mau caratismo. É preciso que haja respeito às regras. Não há outra maneira de vencer essa avacalhação governamental no combate à epidemia. Já fomos enganados com a eleição do capitão. Até quando viveremos num país esculhambado como o nosso? As mudanças não dependem dos políticos. É a sociedade que muda a política e seus atores.
» Euzébio Queiroz,
Octogonal

Política e polícia

Como a política é um caso de polícia. Quanto ao Butantan, o melhor mesmo é ele se ater às suas cobras e continuar a fazer as vacinas contra as peçonhentas. Aliás, como tem jararaca fora de seu habitat natural. O diretor do respectivo instituto tenta impor ao governo federal a comprar além do acordado, e deixa um caso de saúde se tornar comercial. Vamos parar de hipocrisia e ser mais humano e patriota. Senhor Doria, sua excelência, já fez tanto mal ao estado de São Paulo e ao Brasil, que chegou a hora de o senhor pegar o Butantan e seus componentes e mudarem-se para a China ou qualquer outro lugar que julguem pertinente. Aqui, no nosso Brasil amado, não tem mais espaço para eles.
» José Bonifácio,
Cruzeiro.

Será?

O presidente Jair Bolsonaro diz que “se Deus quiser“ influirá na eleição para a Presidência da Câmara dos Deputados. Fará isso, segundo ele, em busca de um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil. É a tal da governabilidade. Ninguém está pensando no Brasil. Tem outros interesses por trás disso. É decepcionante para o eleitor que votou na esperança de que o toma lá dá cá não faria parte desse governo, ver agora que está tudo como dantes no quartel de Abrantes. O Poder Legislativo não pode perder a sua independência. Legislar e fiscalizar os atos do Executivo é o que estabelece a Constituição. Democracia é coisa boa demais. É muito perigoso um Poder exercer domínio sobre o outro. Se cada um cumprir o seu dever, tudo irá bem. Até quando iremos esperar por dias melhores? O meu avô morreu esperando.
» Jeovah Ferreira,
Taquari

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