Pressionada pela guerra geopolítica deflagrada pelo governo Donald Trump contra a China, a maior fabricante global de telecomunicações, a chinesa Huawei, vem tentando derrubar as barreiras impostas por diversos países para impedir o avanço da sua tecnologia de quinta geração de serviços móveis (5G). Além de seu mercado doméstico, que é imenso, onde a companhia vem obtendo a maior aceitação, é a União Europeia. Dos 27 países desse bloco, mais de 60% adotaram a tecnologia 5G da Huawei, afirmou ao Valor o diretor de Cibersegurança da companhia, Marcelo Motta. Os demais 40% ainda não tomaram uma decisão.
A Alemanha foi um dos mais recentes países do bloco a aceitar a presença da fabricante chinesa. Há pouco mais de uma semana, o governo alemão aprovou uma nova lei de segurança de redes que permite o uso da tecnologia 5G da Huawei. Em troca, exigiu garantias sobre a segurança de seus equipamentos. República Tcheca e Espanha também se posicionaram a favor da companhia. Equivale a dizer que a China está na vanguarda da inovação tecnológica.
Fora da União Europeia, a presença mais forte da gigante chinesa é nos países do Oriente Médio. Suas maiores redes estão na Ásia, e crescem na Coreia do Sul. No mercado chinês, há mais de 800 mil estações radiobase 5G instaladas. Até o fim de dezembro de 2020, a previsão era que o total chegaria a 1 milhão, segundo o diretor. Está bem posicionada, mas revela participação de mercado. Conhecidos como ERBs, rádios ou antenas, as estações radiobase são equipamentos que as operadoras colocam nas torres de celular para formar suas redes e possibilitar que os usuários se comuniquem.
No Brasil, o Grupo de trabalho 5G da Câmara dos Deputados tenta comprovar a segurança dos sistemas da Huawei, uma reação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se opõe ao presidente Jair Bolsonaro, que aderiu à briga comercial dos EUA contra a China, uma atitude ideológica sectária e boba. Mas o que esperar de um despreparado?
Contrários ao banimento da empresa chinesa, presidentes das principais operadoras, liderados pela Conexis Brasil Digital, que as representam, se reuniram com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, no fim de novembro. As teles rechaçam qualquer interferência ideológica nos rumos dos negócios no país. Na semana passada, a Conexis afirmou que o resultado do encontro tem sido positivo. Desde 1998 no Brasil, a Huawei participou de todo o processo de construção das novas redes. Sua infraestrutura está instalada em todas as grandes operadoras, além das pequenas regionais e provedores de internet. Mesmo assim, enfrenta a oposição do governo Bolsonaro. “Em função do cenário, é normal que o governo tenha desconfiança. Estamos aqui para esclarecer” minimizou Motta. Bolsonaro é um cara defasado e confuso, temos que admitir.
Mais de 90% das instalações de 4G no Brasil são divididas entre Huawei e a sueca Ericsson, ficando outros fornecedores com 10% restantes. Dos 90%, a Huawei detém fatia de 40% a 45% dos rádios instalados, segundo Motta. A Huawei tem dois centros globais de transparência e segurança cibernética, um na China e outro na Bélgica. Lá, a companhia abre o código fonte para o governo esclarecer dúvidas e fazer testes com base em critérios técnicos, disse o executivo. Os clientes da Huawei usam esses centros, segundo o diretor, para pedir certificação internacional de segurança. No Brasil, isso é feito via Anatel.
A companhia tem fábrica em Sorocaba (SP), que já produz pequenos equipamentos de 5G. Com investimentos feitos na automação, conseguiu reduzir o tempo de produção de 17 para 7 horas, disse Motta. Outra fábrica em Manaus (AM) produz equipamentos para banda larga. O Brasil precisa deixar de ser besta e saber escolher entre o que tem o melhor preço e a melhor tecnologia. A rede brasileira é da Huawei, em sua equipagem. E Bolsonaro nem sequer sabe disso!
Mas, além disso, para que indispor-se com a China? Não é ela a maior compradora de produtos básicos e do agronegócio do Brasil? Questão ideológica? Como assim? A maior corrente comercial do mundo é entre China e EUA – Canadá, concorrentes nossos em milho, soja e minérios. Definitivamente, não consigo ver racionalidade em nossa política externa econômica. Estamos nas mãos de maus governantes. E quem nos socorreu agora? A China deu litros e litros de IFA (núcleo das vacinas CoronaVac e Astra-Zeneca) o que permitirá replicar e produzir no Butantan vacinas em solo nacional. E, também, no Instituto Oswaldo Cruz. Mas o presidente foi obrigado a publicamente (conditio sine qua non), embora a contragosto, agradecer a China!
A Pfizer americana quis nos cobrar uma fortuna para vender com prioridade sua problemática vacina, com efeitos colaterais já certificados pela ciência. Precisamos reavaliar nossas parcerias comerciais, independentemente de ideologias ou afinidades políticas. Como se dizia antigamente: Amigos, amigos, mas negócios à parte! Parece que nosso governo vivia ou ainda vive no mundo da lua.
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