Estamos a uma semana do que seria o início de mais um carnaval, a maior festa popular do Brasil. Não fosse a pandemia do novo coronavírus, o momento agora seria de finalizar os preparativos, revitalizar adereços e montar o roteiro de viagens, blocos e passeios. Diante de uma doença que já infectou 104,5 milhões de pessoas em todo o mundo, matando mais de 2,2 milhões, e com um programa de vacinação que avança a lentos passos, pular o carnaval, em 2021, vai significar apenas saltar o evento no calendário. Um ato de cautela em respeito à vida.
A exemplo do que ocorreu depois das festas de fim de ano, quando milhares de pessoas — sobretudo jovens — ignoraram as advertências das autoridades em saúde para se aglomerar em festas de Norte a Sul do país, os festejos de Momo podem, mais uma vez, fazer explodir o contágio.
A semana epidemiológica compreendida entre 10 e 16 de janeiro concentrou o maior número de casos confirmados no Brasil desde o início da pandemia. Ao todo, mais de 379 mil exames no Brasil tiveram resultado positivo no período, em claro reflexo das festas de réveillon. A semana anterior, entre 3 e 9 de janeiro, já carregava as consequências dos encontros natalinos e confraternizações de fim de ano, com 359,5 mil casos confirmados. A relação direta fica clara quando se compara os números aos da semana imediatamente anterior, quando foram confirmados 250 mil casos.
A curva de óbitos, também em alta, acompanha a de casos e o que separa as duas é exatamente o tempo que os pacientes passam, em agonia, batalhando pela vida nos cada vez mais escassos leitos de hospitais. A relação direta entre aglomeração, adoecimento e morte está desenhada nos gráficos do Ministério da Saúde e negar o irrefutável só irá causar mais sofrimento.
Em todo o país, cada vez mais estados e prefeituras, além de cancelar as festas de carnaval, têm suspendido o feriado e o ponto facultativo, mantendo expediente normal nas repartições públicas e no comércio autorizado a funcionar. O objetivo é conter o ímpeto folião que nos coloca a todos em risco. Ao mesmo tempo, infelizmente, também em várias cidades, blocos e agremiações ameaçam ignorar as advertências e reunir seus cordões clandestinamente, à revelia da saúde pública.
A vacina não é mais uma esperança, é realidade. Seu alívio, no entanto, não será imediato. Mas virá. O momento pede cautela e, mais uma vez, paciência. A ciência fez a sua parte, os governos, igualmente, tentam fazê-la, mas evitar o contágio, é, acima de tudo, dever individual, exercício de empatia e demonstração de cidadania. Que o carnaval de 2021 tenha a marca da responsabilidade de todos em benefício da saúde e da vida.
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