VACINAÇÃO

Alívio e inquietação

''Mas, ao mesmo tempo, com a vacinação, vem um desassossego. Começa a ganhar corpo na sociedade a sensação de que a pandemia está acabando. E, infelizmente, não é verdade. Falta muito para deixarmos de lado as medidas de prevenção''

Roberto Fonseca
postado em 05/02/2021 06:00 / atualizado em 05/02/2021 08:44
 (crédito: Andrew Matthews/AFP)
(crédito: Andrew Matthews/AFP)

O avanço da vacinação contra a covid-19 traz um misto de alívio e de preocupação em todos nós. Conforta ver as imagens de idosos, grupos prioritários e profissionais recebendo a primeira dose da CoronaVac ou da “Vacina de Oxford”. Para muitos, se não a grande parte, é o sonho de voltar a ter uma vida normal, aquela existente antes de março do ano passado, em que podíamos fazer coisas simples, como nos reunirmos socialmente ou dar um abraço caloroso em uma pessoa querida quando ela tanto precisa.

Mas, ao mesmo tempo, com a vacinação, vem um desassossego. Começa a ganhar corpo na sociedade a sensação de que a pandemia está acabando. E, infelizmente, não é verdade. Falta muito para deixarmos de lado as medidas de prevenção. É ainda importante lavar as mãos com frequência, usar álcool em gel, estar sempre com a máscara em público. Todos sabemos de cor e salteado como agir. E precisamos cobrar que o outro também o faça. Afinal, a média móvel de mortes e novos casos está em alta no Distrito Federal em comparação com 14 dias atrás. Há, também, a ameaça da nova cepa do Sars-Cov-2. Não é momento de relaxar.

Causa inquietação, ainda, presenciar que os primeiros dias do processo de vacinação dos idosos foram marcados por longas filas e aglomerações. Sinal claro da falta de planejamento, uma característica tão comum na prestação de serviços públicos. Se esses problemas ocorreram com uma parcela de menor quantidade da população, como será quando chegar a vez de imunizar, de forma universal, todos os adultos? O processo melhorou no decorrer dos dias, mas fica de alerta para as autoridades. O que não precisamos neste momento é de gente se acotovelando em unidades de saúde.

Por isso, é necessário pensar em alternativas. Se vacinamos 3% da população até agora, é preciso ter um plano estruturado para imunizar o grupo restante, que é 32 vezes maior. Não seria mais prudente agendar o horário de vacinação de cada um, de acordo com a capacidade de atendimento de cada unidade? Com a tecnologia, tudo pode ser feito por meio de aplicativos. Rápido, ordeiro, eficaz, sem estresse. Todos sairiam ganhando. Tanto a população quanto os profissionais de saúde.

Há a expectativa de que o processo de vacinação seja concluído, no DF, até o fim de outubro, caso se confirme a quantidade de doses disponíveis. São pouco mais de oito meses até lá. Passa rápido, mas é tempo suficiente para que tudo seja feito sem sobressaltos. É o que se espera.

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