Opinião

Dilema compartilhado pelos pais

Sibele Negromonte
postado em 16/02/2021 08:05 / atualizado em 16/02/2021 09:58

Comecei 2021 vivendo um dilema que, tenho certeza, muitos pais compartilham comigo: mandar ou não os filhos para a escola? Eu, que sou ferrenha defensora do isolamento social, nem me imagino fazendo esse questionamento três meses atrás. Não cogitei a volta presencial deles quando houve a reabertura dos colégios, em setembro de 2020, e estava segura de que manteria a opção pelo ensino a distância neste ano letivo.
Mas, após quase um ano de pandemia, um fator passou a me preocupar com mais frequência: a saúde mental das crianças. Elas até pareciam bem, mas comecei a percebê-las mais ansiosas, sem falar que o excesso de tempo gasto em frente das telas passou a me incomodar. Com aulas on-line e sem que pudessem brincar com os amigos pessoalmente, passamos a fazer vista grossa ao uso de eletrônicos.
O caminho natural foi pesquisar sobre o assunto. Eu e meu marido lemos reportagens e artigos com opinião de pediatras, psicólogos e infectologistas para entender os prós e os contras do retorno. Nessa busca, encontramos, claro, relatos contraditórios — o que é normal, visto que ainda há muito a se descobrir sobre esse vírus.
Em artigo publicado na revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria, os médicos Benjamin Lee e William V. Raszka, da Universidade de Vermont (EUA), após revisão de estudos científicos realizados em diferentes países, chegaram a duas conclusões principais. A primeira é que as crianças não são transmissoras significativas da covid-19, e a segunda que é possível reduzir drasticamente, com cuidados, a possibilidade de contágio no meio escolar.
Na tarde da sexta-feira, o Centro para o Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), principal autoridade epidemiológica do governo dos EUA, divulgou diretrizes para a reabertura das escolas naquele país. Indicou a combinação de aulas presenciais e on-line, em sistema de rodízio, a fim de evitar a aglomeração de alunos e professores, mas apenas nas localidades em que transmissão viral seja baixa. Em locais com alta transmissão, apenas aulas on-line.
O que pesou mesmo na decisão de deixar meus filhos voltarem para o colégio foi a questão emocional. A felicidade da caçula ao contar as aventuras vividas em sala, “com distanciamento”, como faz questão de afirmar, é contagiante. O adolescente também se mostrou menos ansioso e mais leve com a ressocialização presencial.
Sei que não se trata de uma escolha fácil e tudo vai depender da realidade de cada família. Apesar de toda orientação que damos, não temos certeza de que nossos filhos estão seguindo os protocolos de segurança. O coração fica na mão, mas, depois de um ano convivendo com o vírus, aprendemos que precisamos, aos poucos, ir nos adaptando ao novo normal.

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