O 26 de fevereiro tornou-se uma efeméride da covid-19 no Brasil. Há exato um ano, em plena quarta-feira de cinzas, o Ministério da Saúde anunciava a confirmação do primeiro caso registrado no país. Era uma mera formalidade. Afinal, epidemiologistas alertavam que tratava-se de questão de tempo, tendo em vista a propagação em massa que ocorria pelo mundo naquele instante. E cá estamos, 12 meses depois, com mais dúvidas do que certezas sobre o que nos espera pela frente. Por isso, é importante traçar cenários.
O retrato atual é dramático. São 36 dias seguidos com média móvel diária acima de 1 mil mortes. Estamos vivenciando os maiores números desde o início da pandemia. O colapso na saúde ocorre em muitas capitais e diversas cidades de médio porte do interior. Está ao nosso lado, basta ver o Entorno. E há uma tendência de agravamento, por conta das aglomerações registradas no carnaval. Março de 2021 será muito mais duro para os brasileiros do que o do ano passado.
E o que tem sido feito para mudar o quadro? Praticamente nada. Vemos o novo comando do Congresso mais preocupado em blindar seus pares da prisão do que discutir e aprovar medidas que possam melhorar a situação da população e das empresas. É hora de um pacto social urgente. Se não bastasse o luto de familiares e amigos das 250 mil vítimas da covid-19, presenciamos o crescimento da pobreza extrema. É nítido o aumento da população de rua, em situação de vulnerabilidade. Não é preciso estatísticas ou estudos para comprovar o que vemos nas portas de supermercados, embaixo de marquises, nas praças: a tragédia social está diante dos nossos olhos.
Nem a vacinação avança a contento. Pouco mais de um mês depois de iniciada, o país caminha a passos lentos. Erros ocorrem aos montes: doses enviadas de forma errada para os estados, estoques baixos, falta de planejamento, fura-filas e até falsa aplicação da vacina. Sem contar a ampla campanha de desinformação patrocinada por muitas autoridades. Por isso, aplaudo profissionais de saúde e divulgadores científicos que atuam em duas grandes frentes de combate à covid-19, as unidades hospitalares e as redes sociais. Desmentir boatos e mentiras é uma realidade no dia a dia deles.
Vivemos um ano de desalento. E é preciso fazer diferente daqui para frente. Para o bem de todos que nos cercam.
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