Opinião

Artigo: Eu tive covid

Durante a noite, uma explosão de dor no abdômen entrecortada com diarreia. Nunca tinha tido aquilo e quando passou, já ao amanhecer, atribuí a alguma bactéria que tivesse se alojado no queijo. Algumas noites seguintes, tive uma crise de dor na coluna, daquelas que analgésico não resolve

Liana Sabo
postado em 01/03/2021 06:01

Como acontece sempre, eu entro em férias no começo de um novo ano. 2021 não foi diferente. Escolhi o litoral catarinense, onde tenho parentes que me acolhem bem. Como gosto de andar em bando, chamei dois sobrinhos-netos, Felipe e José Francisco. Eu viajei sozinha, eles apareceram cada um num dia. Por precaução, pedi a um médico amigo orientações de prevenção contra a peste.

Dois voos foram necessários para chegar à Floripa. O Aeroporto Viracopos (que já foi muito famoso na crônica política) em tempos de pandemia é uma zorra! Muita, muita gente. Não havia lugar nas lanchonetes. Caminhei bastante até encontrar uma mesa. Comi meu lanche (a empresa aérea oferece apenas um minienvelope de álcool) e corri até achar a outra asa do próximo embarque.

Imenso e confortável é o novo aeroporto de Florianópolis. Numa bela tarde de sol (depois se viu que foi talvez a única do mês), fui recebida pelos primos Waldez e Alicia, que há sete meses trocaram o endereço de Canoas (RS) por Garopaba (SC), antiga vila de pescadores, que deu origem a uma charmosa cidade de praia, hoje com quase 25 mil habitantes.

Nossa primeira investida foi numa cantina, comandada por um jovem chef italiano que acabara de inaugurar a casa, ainda sem vinho. Éramos três comensais e cada um escolheu um molho, o meu gorgonzola sobre fettuccinne.

Durante a noite, uma explosão de dor no abdômen entrecortada com diarreia. Nunca tinha tido aquilo e quando passou, já ao amanhecer, atribuí a alguma bactéria que tivesse se alojado no queijo. Algumas noites seguintes, tive uma crise de dor na coluna, daquelas que analgésico não resolve. Até que chegou Felipe e quatro dias mais tarde se queixou de indisposição. Conseguimos agendar um teste na Farmácia São João, no caminho do Rosa, e deu positivo! Na mesma segunda-feira, 25 de janeiro, nos submetemos todos à averiguação pela narina da presença do antígeno de covid-19 e, com exceção do festeiro José Francisco (merece um estudo à parte) testamos positivo. Pra mim, foi um choque, não tinha o que dizer, nem fazer.

Imediatamente informado, o pai de Felipe, que é coordenador da força-tarefa do MPDFT de fiscalização do protocolo de segurança contra covid-19, nos colocou em contato com a médica de Brasília Silvia Marchant Gomes, que nos orientou por áudio como proceder e tomar um monte de medicação. Nós quatro nos mantivemos isolados em casa. Felipe recebeu a visita dos pais, que se alojaram numa pousada próxima e acompanharam a evolução da doença até resgatar o filho.

Quando a doutora sentenciou “vocês não infectam mais ninguém; podem fazer o teste que acusará doença passada”, corremos outra vez à Panvel. E dito e feito: estávamos livre. No dia 3 de fevereiro, eu me despedia da bela e Santa Catarina, sem ter usufruído de suas praias, mas salvos, graças a Deus, todos nós quatro, no aguardo da vacina que, um dia virá para todos.

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