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Correio Braziliense
postado em 01/03/2021 21:15

Presos no passado

Excelentes os textos de Antônio Machado, Perdidos no passado (212), e de Luiz Carlos Azedo, Avante para o Passado (24/2) sobre a situação atual do Brasil. Ambos tratam dos desvios dos últimos governos e da falta de condições para o país crescer com o inchaço do Estado, deficit públicos e dívida crescentes, que elevam os juros e afastam o investidor. Apesar do discurso liberal inicial, o atual governo é muito parecido com os governos petistas. Ambos estão presos ao passado. Têm uma visão bipolar do mundo: comunismo X capitalismo, que não existe mais. O capital americano e europeu é que desenvolveu a China, e os produtos são feitos numa escala global, da qual o Brasil está fora. Sem a Índia e a China não teríamos vacinas. Ficamos na nossa ilha da fantasia, com indústrias ultrapassadas e sem recursos para saúde e educação nem para investimento, infraestrutura, tecnologia e inovação. Apesar de o Estado estar quase falido, Bolsonaro deu gordos aumentos a servidores (militares), criou empresa estatal e destinou R$ 8 bilhões para o eterno projeto de submarino nuclear da Marinha. Sem propostas e soluções para tirar o país do retrocesso, ambos priorizam o domínio do poder, por meio de medidas populistas, como bolsas, auxílios e baixo preço dos combustíveis. A intervenção na Petrobras tirou R$ 100 bilhões do valor de mercado da estatal. Se tivessem uma política econômica séria e confiável, que cortasse privilégios e gastos inúteis, o deficit cairia e, com ele, os juros da dívida e a taxa do dólar. O projeto liberal, defendido por Paulo Guedes, evaporou-se com a equipe de Guedes. Bolsonaro optou pelo nacional desenvolvimentismo, o mesmo dos governos Geisel e Dilma. Nos dois casos, deixou um deficit enorme e uma inflação crescente. A proposta liberal de enxugar a máquina, modernizar, incentivar a ciência e a pesquisa e abrir o país a investimentos novos de alta tecnologia está órfã e aguarda um novo defensor.
» Ricardo Pires,
Asa Sul


Pandemia

Na carta publicada neste domingo, o leitor José Carlos Saraiva da Costa, de Belo Horizonte, meu conterrâneo, tece comentários sobre os resultados do combate à pandemia no Brasil, comparando os 1.582 óbitos ocorridos no país em um só dia (25/fev), com os 1.581 óbitos ocorridos na Noruega e Finlândia no período de um ano. A primeira impressão que se tem é de que, no Brasil, está acontecendo um massacre e que, nos dois países nórdicos, a pandemia praticamente não existe. Mas não é bem assim. No campo social, não se pode comparar matematicamente um país que é o quinto mais populoso do mundo, com 212 milhões de habitantes, com países de 10 milhões de habitantes, sem compensar a enorme diferença populacional. Os 1.580 óbitos representam 1 para cada conjunto de 134.100 habitantes no Brasil, enquanto que para Noruega e Finlândia significam 1 óbito para cada 6.800 habitantes. Assim, guardadas as devidas proporções, significa que no Brasil ocorreram 19 vezes menos óbitos do que os dois países. Mas o missivista tem razão quando denuncia o absurdo da insuficiência de leitos de UTI, cujas montagens, no primeiro semestre de 2020, consumiram bilhões de reais dos estados e prefeituras, inclusive substanciais transferências de recursos federais, conforme anunciado pelos governos e noticiado pela mídia.
» Cid Lopes,
Lago Sul


» Ao ler a reportagem do caderno Cidades (1º/03), no tocante à parte “viés político”, tenho o seguinte comentário a fazer sobre as senhoras Bia Kicis, Júlia Lucy, Paula Belmonte e o seu marido: nada a comentar, pois se trata de “gado bolsonarista”, que tenta aproveitar o momento, de forma política, em vez de atuar para que se faça a vacinação em massa da população do DF e também do país. Quanto ao senhor Izalci Lucas, eterno candidato a governador do DF, em vez de condenar o governador, que, diga-se de passagem, também tem culpa pelo que está ocorrendo no DF, pois tem autonomia para, inclusive, comprar a vacina, deveria estar no Senado tentando convencer os demais senadores a adotarem as medidas sanitárias que o assunto requer, pois, só com a vacinação em massa, a economia pode voltar a andar e, com isso, fazer com que os empregos voltem a aparecer.
» Joanir Serafim Weirich,
Asa Sul


Desalento

É desalentador ver pela mídia que um ex-presidente, condenado pela Justiça em segunda instância e que, de acordo com procuradores da República, comandou assaltos jamais vistos aos cofres públicos da nação, está por aí, solto, livre, na expectativa de novo beneplácito do Supremo. Que a Suprema Corte do país possa anular suas condenações, com base nas mensagens da Lava-Jato e que possibilite ao seu partido indicá-lo, novamente, para concorrer ao Palácio do Planalto. Desalentador não, revoltante!
» Vilmar Oliva de Salles,
Taguatinga


Explicação

Penso que o Correio Braziliense deve uma explicação a seus leitores. Refleti muito sobre essa ideia durante toda a semana que passou, desde que o CB publicou meia página com uma matéria paga assinada por uma Associação de Recife, sobre a utilização de medicamentos reconhecidamente ineficazes contra a virose covid-19. Por motivos econômicos, pode se entender essa publicação, porém, por razões éticas e pelo compromisso com a verdade fica incompreensível. Pergunto: pelas mesmas motivações comerciais o Correio publicaria um manifesto pela ditadura ou defendendo qualquer forma de racismo ou negando o holocausto?
» Sylvain Levy,
Asa Norte

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