Desde 1960 Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
Enquanto não se sabe qual o destino das dezenas de bilhões de reais que o governo federal jura ter destinado aos estados para conter a crise do coronavírus, a população continua sem saber onde foram parar os milionários hospitais de campanha que foram erguidos pelo país afora.
São questões fundamentais que necessitam de resposta para ontem, antes que a montanha de mortos dessa pandemia se transforme numa cordilheira. De fato, não há respostas para nenhuma dessas questões. E é certo que não virão tão cedo. A não ser que o Tribunal de Contas da União (TCU) cumpra o dever cívico de cobrar respostas e esclarecer o mistério.
Enquanto os órgãos de fiscalização parecem entorpecidos pela pandemia, a incúria com os escassos recursos públicos segue solta, dando ainda mais força para a disseminação dessa doença. A imagem simbólica que fica desse descontrole geral por falta absoluta de um minucioso planejamento de defesa é a de um Brasil derrotado antes mesmo de o combate esquentar.
É nessas horas que fica patente o descompasso do modelo de presidencialismo que desenvolvemos ao longo do tempo. Mais uma vez, fica demonstrado a pequena estatura moral, ética e política da maioria dos ocupantes dessa função, em face da enormidade de responsabilidade e seriedade que o cargo demanda. Pior do que isso é a passividade dos que pagam os mais altos impostos do mundo com menos retorno em serviços.
O tamanho da atual crise é assim. Exemplos podem ser conferidos em vários países onde os chefes de governo se cercaram, desde a primeira hora, de uma ampla equipe formada por renomados virologistas, médicos sanitaristas, biólogos e outros especialistas em pandemia para traçar modelos de gestão extraordinária para minimizar os efeitos da virose.
Por aqui, o problema ganhou contornos de disputas político-eleitorais, como o presidente açulando confrontos diversos e entregando, literalmente, o governo aos cuidados das Forças Armadas, num revival de 1964. Não por outra razão, em meio à maior crise sanitária que o país assiste em toda a sua história, temos o Congresso exigindo mais de R$ 18 bilhões para emendas parlamentares, ou se preocupando com a confecção de leis que garantam a impunidade política total, enquanto crescem, por todo lado, os pedidos de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Com isso, os feitos dessa virose irão se prolongar por ainda muito tempo na forma de acusações mútuas, tanto no desvio de verbas que seriam para a saúde quanto na forma estranha de encarar um vírus que acovardou o mundo em responsabilizar o culpado.
Aos brasileiros que restarem vivos depois desse “dilúvio”, restará o compromisso moral e cristão de cobrar para que todos esses desatinos não fiquem impunes nem se tornem página virada em nossa triste história.
A frase que foi pronunciada
“Intelectuais sérios conhecem algumas das características fundamentais do marxismo: a pretensão de não só explicar o mundo em sua completude, mas reconstruí-lo por meio da revolução total, isto é, a destruição da ordem, das estruturas governamentais aos costumes mais arraigados da população; o maquiavelismo absoluto, para o qual toda prática é sempre oportuna e está previamente justificada se servir, de forma tática ou estratégica, à conquista do poder, ou seja, dispensa-se, por princípio, qualquer preocupação ética; para desagregar, confundir e, se possível, estabelecer o caos, vociferar contra tudo, apontando interesses escusos e irreveláveis mesmo quando não existem, de maneira que restem apenas os próprios marxistas como exemplos de honestidade.”
Flávio Gordon, A corrupção da inteligência
Novidade
Perto de acontecer uma mudança no registro civil. O nome da madrasta pode ser incluído no documento sem o prejuízo dos pais biológicos.
Legislação
Crime de tortura contra vulneráveis também terá pena aumentada. O trâmite está avançado e com apoio maciço.
Castigo
Bem lembrado pelos leitores. Não há abuso maior do que o telefone pré-pago. Com R$ 50 de crédito, é possível fazer poucas ligações de poucos minutos. Outro absurdo é que, mesmo quem economiza créditos para alguma emergência no futuro, se não usar em certo período, perde o que pagou. Muito diferente do que acontece em outros países. Consumidores passivos, prejuízo maior.
História de Brasília
Somos de acordo, pessoalmente, com as “dobradinhas” para a Prefeitura, a Novacap e a Polícia, porque hoje o custo de vida e as dificuldades são iguais para todos, e não é justo que haja privilegiados.
(Publicado em 27/01/1962)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.