O treinador do América-MG, Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, o Lisca, trouxe para o debate público o adiamento de competições esportivas diante do agravamento da pandemia no país. Em entrevista na noite de quarta-feira antes de uma simples partida da fase classificatória do Campeonato Mineiro, o comandante do Coelho fez um apelo à CBF para não dar início à Copa do Brasil de 2021, prevista para a semana que vem. O discurso de pouco mais de 40 segundos teve ampla repercussão ontem nas redes sociais.
O argumento de Lisca é de que, neste momento em que o Brasil se aproxima de 2 mil mortes diárias provocadas pela covid-19, não há sentido em se começar uma competição em que as delegações dos clubes, de 30 a 40 pessoas, terão que se deslocar de avião para outras unidades da Federação. Há o risco de os times irem para cidades em que a transmissão do vírus está pior do que a de origem. “Eu sou pai de família, tenho duas filhas e uma esposa. Eu quero viver, gente. E ninguém sabe. O que está acontecendo com o nosso país? Nós precisamos nos posicionar, precisamos lutar contra isso”, desabafou o treinador.
Penso de forma muito semelhante a Lisca. O treinador defende, inclusive, a manutenção dos campeonatos estaduais, mas quer uma pausa nas competições nacionais. Ele está certo. O momento agora é de cautela máxima, de manutenção das atividades essenciais para o funcionamento do país. O futebol não precisa parar totalmente, como ocorreu em março do ano passado, mas é necessário, sim, se pensar numa adaptação ao momento atual.
O protocolo adotado pela CBF para retorno das partidas mostrou falhas. Tivemos caso de atleta substituído no intervalo porque estava com covid-19 e o exame só ficou pronto durante o jogo. O país mostra-se diante de um iminente colapso na saúde, e a última coisa de que necessitamos é do futebol a todo vapor. É preciso encontrar um meio-termo sem aumentar a exposição ao risco.
Nas redes sociais, muitos classificam Lisca como “hipócrita”. O motivo: em novembro do ano passado, desceu do ônibus e comemorou com torcedores do América-MG a classificação para a semifinal da Copa do Brasil. “Aglomerou”, como se diz na conjugação do verbo da moda. Apesar de o comportamento ter ocorrido em um outro momento da pandemia, quando o país estava na decrescente de casos, um erro no passado não deslegitima o acerto do presente. Um ano depois, vivemos a pior fase da disseminação do novo coronavírus, com as suas variantes. Não precisamos de extremos. Precisamos do bom senso. De todos. Da população e dos governantes.
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