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Visto, lido e ouvido — Bolsonaro tenta evitar que Brasil seja levado à pobreza extrema

Correio Braziliense
postado em 06/03/2021 06:00

Por Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br

Chama a atenção Relatório anual intitulado Panorama Social da América Latina 2020 elaborado pelos técnicos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e publicado há pouco. Não apenas pelas previsões pessimistas que dão conta de que a pandemia de covid-19 aprofundará, ainda mais, o quadro de pobreza generalizada em toda a América Latina, mas pela grandeza nos números que mostram que esse continente já abriga uma população superior a 209 milhões de pessoas vivendo em condições de extrema penúria.

Trata-se, segundo consta nesse documento, de um fenômeno que já vinha crescendo, mas que, nos últimos anos, experimentou um aumento sem precedentes. No espaço de um ano, houve aumento de 22 milhões de pessoas em condições de pobreza extrema, o que mostra que esses índices podem conduzir todo o continente para uma situação de calamidade, com reflexos negativos em todas as áreas.

Por extrema pobreza se entende como sendo a forma mais intensa de escassez de bens básicos, como alimentos, moradia, remédios, roupas e outras necessidades básicas. De acordo com a Cepal, um em cada oito latino-americanos vive na pobreza, sendo que esse contingente tem aumentado significativamente desde o ano 2000, principalmente pelo recrudescimento de fatores que existiam nessa região e que foram catalisados, agora, pela pandemia que corrói os índices de crescimento do continente há mais de um ano e sem perspectiva para terminar no médio prazo.

Trata-se de um cenário que agora ganhou uma complexidade nunca vista, envolvendo, ao mesmo tempo, aspectos sociais, políticos e econômicos numa mistura explosiva, cuja as consequências dramáticas podem emergir na forma de convulsões e agitações sociais imprevisíveis. Além disso, diz o relatório, “essa situação expõe as desigualdades estruturais que caracterizam as sociedades latino-americanas e os altos níveis de informalidade e desproteção social, bem como a injusta divisão sexual do trabalho e a organização social do cuidado, que comprometem o pleno exercício dos direitos e a autonomia das mulheres.”

Nesse contexto, o documento aponta a possibilidade de uma queda de 7,7% no Produto Interno Bruto (PIB) da região, com uma taxa de extrema pobreza em torno de 12,5% e de pobreza em 33,7%, o que resulta num contingente de mais de 78 milhões de sul-americanos vivendo em penúria total.

É preciso destacar que, não fossem os programas de transferência emergencial de renda, que atenderam cerca de 49,4% da população do continente, essa situação seria ainda mais alarmante, elevando o porcentual dos que vivem em extrema pobreza para quase 16% da população. A pandemia, salienta a técnica da Cepal, Alícia Bárcena, “evidenciou e exacerbou as grandes lacunas estruturais da região e, atualmente, vive-se um momento de elevada incerteza em que ainda não estão delineadas nem a forma nem a velocidade da saída da crise. Não há dúvida de que os custos da desigualdade se tornaram insustentáveis e que é necessário reconstruir com igualdade e sustentabilidade, apontando para a criação de um verdadeiro Estado de bem-estar, tarefa há muito adiada na região”.

Se os brasileiros não se unirem agora, enquanto há tempo, o destino do país será um túnel onde a única luz no fim do túnel será se curvar a países que nos tirarão dos trilhos.

 

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