Opinião

O que temos é um ao outro

Ana Dubeux
postado em 21/03/2021 08:08 / atualizado em 22/03/2021 09:42
 (crédito: Daniel Búrigo/CB/D.A Press)
(crédito: Daniel Búrigo/CB/D.A Press)

No meio do caos, do redemoinho de desinformações, do desgoverno, temos poucas escolhas a serem feitas. O caminho é o outro. Quando nosso ego está impregnado de confusões e a mente entorpecida pela falta de rumo, saia de si e foque no próximo. Esticar a mão, aprimorar a escuta e ter uma voz de conforto a soprar no ouvido de quem precisa de um pouco de alento pode nos tirar do escuro. Há uma luz adiante e ela ilumina a necessidade de alguém muito próximo. Olhe, observe com atenção e escolha o alvo.


Pessoalmente, há alguns dias me sinto leve. Convenci três amigas a tomar vacina. Para que a gente serve, afinal? O que devemos fazer é ajudar. Portanto, saia do seu desconforto, do seu desespero e ajude alguém a enfrentar esse caos. Você pode fazer isso com atos políticos, você pode protestar, continuar na linha de frente de trabalhos essenciais, arrecadar e distribuir alimentos, comprar daquele pequeno comerciante da quadra. Você pode ligar para um amigo e ouvir como ele está. Você pode ser uma mão esticada, um ombro amigo, um cafuné virtual, uma palavra que consola.


A arte de acolher é bonita que só. Tira a gente do individualismo e nos joga naquele bote salva-vidas com um remo potente para levar as pessoas até a margem. É de uma ingenuidade ímpar pensar que, apenas focando no próprio bem-estar, estaremos prontos para sobreviver à tempestade. Não vivemos sós; não estamos sós. Neste momento, em que o sofrimento é mood de cada dia e o isolamento se impõe como a medida sanitária mais efetiva, é importante saber e reconhecer que somos apenas uma partezinha do todo.
Sentimentos ruins são hoje como mercadorias a granel. Para dar e vender. Podem abastecer o universo inteiro com palavras mesquinhas, egoísmo exacerbado, falta de empatia, pessimismo. Nossa saúde mental exige outro tipo de colheita. A solidariedade pode te ajudar a sair dessa sensação de abandono e de solidão. Pode te levar direto a um lugar de genuíno bem-estar.


Hoje, quando beiramos os 3 mil mortos por dia, quando assistimos a uma luta inglória entre vírus matador X vacina escassa, temos pouco a nosso lado: a esperança que resiste; a solidariedade que persiste; a vida que insiste apesar de tudo e de todos os que agem em desfavor dela. Você está vivo — olha que loteria! Então, seja grato e ajude alguém.


Faça o que pedem as autoridades sanitárias, os cientistas de todo o mundo. Tenha ouvidos moucos para a bestialidade dos maus políticos e de seus pérfidos seguidores. Aguce os sentidos, abra o coração e olhe adiante. E, acima de tudo, leve alguém consigo pela mão. Acredite: a recompensa é imediata.

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