Eles fazem jogo de palavras, usam expressões impactantes, pregam urgência, mas, enquanto fingem empatia, há pessoas passando fome. E o auxílio emergencial não chega. Passaram-se três meses, evoluindo a passos lentíssimos uma decisão sobre a retomada do socorro aos mais vulneráveis. E só vão começar a pagar no mês que vem. ‘Ah, mas abril está próximo’. Só que a fome não espera. E os vulneráveis estão à deriva desde o fim da primeira rodada do auxílio.
Demoraram tanto em aprovar a retomada do benefício que parecia estar em discussão um valor digno às famílias necessitadas. Qual nada. São parcos R$ 250, em média, num país com alta na inflação. A quantia paga menos de um terço da despesa com alimentação básica, como mostrou reportagem do Estadão na semana passada. Sem contar que o número de atendidos caiu de 68 milhões para 45,6 milhões e que não haverá novo cadastro para quem ficou fora do programa em 2020.
E o que disseram as autoridades sobre a quantia? “É pouco, né? Mas é o que a nação pode dar”; “são valores menores dos que foram pagos no ano passado, mas a política social e a área econômica são duas faces da mesma moeda, então, isso foi o possível de ser viabilizado”. Alegam não ter fonte para financiar volume maior. Um país que gasta R$ 1,5 trilhão por ano não tem onde cortar despesas! Então, os famintos que se virem.
O Congresso pode aumentar o valor do auxílio, e há parlamentares focados nisso — é bom registrar. Eles não precisam nem ter coração para se comover com a penúria das famílias, basta cumprirem o dever que assumiram ao serem eleitos, de trabalhar pelo povo. Mas uma corrente grande e poderosa no Parlamento, instigada pelo governo, quer impedir mudanças na medida provisória que definiu o retorno do benefício com valores insuficientes para a subsistência dos necessitados. Fiquemos atentos ao nome de cada um deles, no Legislativo e no Executivo, porque, no ano que vem, há eleições marcadas.
Espero que os que hoje sofrem de barriga vazia lembrem-se dos cínicos que pedirão voto em 2022.
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