No país, praticamente já há unanimidade: só com vacinação em massa o Brasil conseguirá deter a escalada letal do coronavírus. Desde o início da pandemia até ontem, foram confirmados mais de 13 milhões de casos de covid-19 e nada menos que 332.752 brasileiros perderam a vida para a doença. Acontece que, no papel, o Ministério da Saúde contabiliza mais de 500 milhões de doses de imunizantes contra a doença, o que daria para imunizar, com folga, toda a população. Na realidade, contudo, a fórmula salvadora é escassa, há atraso na distribuição dos fármacos para aplicação no Distrito Federal e estados e, em consequência disso, a população enfrenta filas e lentidão para ser vacinada.
No último sábado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reafirmou a promessa de que o Brasil aplicará um milhão de vacinas por dia. Para este mês, disse, 30 milhões de doses estariam garantidas. Em março, no entanto, o governo federal mudou cinco vezes a previsão de entrega dos imunizantes, sempre devido a problemas com os fornecedores, uma vez que há escassez de vacinas tanto no país quanto no exterior. Uma situação bem diferente da dos Estados Unidos, onde, no último domingo, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças anunciou que, naquele dia, o país havia conseguido aplicar quatro milhões de doses contra a covid-19 em 24 horas.
No Brasil, nem a injeção de um milhão de imunizantes por dia ainda é realidade, apesar de, pela primeira vez, em pleno 1º de abril, o famoso “dia da mentira”, mais de 1 milhão de brasileiros receberam uma dose de vacina. Mesmo que a promessa do ministro se torne realidade, a necessidade do país neste momento é bem maior. Segundo estudo feito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Brasil precisaria imunizar dois milhões de habitantes por dia para conseguir controlar a pandemia em até um ano. Especialistas afirmam que a estrutura existente hoje permitiria a vacinação desse contingente diário se houvesse essa quantidade de doses disponíveis.
Com a falta de vacinas para compra no mercado internacional, o Butantan corre para tentar aprovar o primeiro imunizante nacional. O instituto concluiu a fase de experimentos em laboratório e com animais. Espera, agora, sinal verde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar, possivelmente ainda neste mês, as etapas 1 e 2 dos testes com humanos. Se tudo continuar evoluindo de forma positiva, a produção da Butanvac, como a vacina foi batizada, seria iniciada em maio. A expectativa é fabricar 40 milhões de doses até o fim deste ano. Com a vantagem de poder usar, para isso, a mesma estrutura em que o Butantan produz, atualmente, o imunizante contra a gripe.
Como o ministro Paulo Guedes e especialistas vêm cobrando com insistência, a vacina será crucial para estancar não apenas a trajetória assassina da covid-19 no país, mas também para que a economia volte a funcionar a pleno vapor. Com a retomada do crescimento, viria também a criação de empregos. Afinal, hoje, no país, há mais de 4 milhões de brasileiros sem trabalho nem renda para levar o pão à mesa de suas famílias. Que venha, rápida e em grande quantidade, a bendita vacina.
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