ARTIGO

Reescreva a própria história

Se a pandemia não tirou você da zona de conforto, há algo errado por aí

ana dubeux anadubeux.df@dabr.com.br
postado em 11/04/2021 07:00 / atualizado em 11/04/2021 11:36
 (crédito: Lucca Farinasso)
(crédito: Lucca Farinasso)

Existe um lugar em nós que é sempre quentinho. Como colo de mãe, abraço de amigo ou cama macia com edredom. Chama-se zona de conforto. Se você pode passar dias e noites morando nesse espaço aconchegante, por que mesmo haveria de querer mudar? Eu te digo: porque é necessário, sempre é necessário sair e ver o mundo. Ainda que ele, muitas vezes, pareça feio, difícil, frio e escuro.

Se a pandemia não tirou você da zona de conforto, há algo errado por aí. Desconfie se a tristeza não bateu na porta, se a angústia não pediu abrigo, se o desespero não gritou em algum momento. Pede pra sair. Há um mundo lá fora e você precisa olhar para ele. É preciso enxergar mais na frente, ao lado, atrás. Ver por todos os ângulos e, ainda assim, perceber o quanto muitos de nós somos privilegiados. Aí a gente se dá conta de que há muito a ser feito, mesmo confinados, isolados, desmotivados e pouco esperançosos.

Para mim, a zona de conforto é como uma trincheira de guerra. É difícil sair dela quando tem tiro para todo lado. Ao mesmo tempo, sei que não é um lugar seguro de estar neste momento. O que nos traz segurança é paz de espírito, e ela inclui enfrentar os temores mais profundos, estender a mão para ajudar o próximo, cuidar da família e dos amigos, buscar soluções diferentes para problemas contínuos.

Há inimigos lá fora. Gente de todo tipo, que nega a pandemia, que negligencia cuidados básicos, que celebra a escalada de mortes. No poder, há quem atente contra a vida de tantos, colocando a ciência debaixo da lupa dos ignorantes e postergando nosso encontro com a vacina que salva vidas. É preciso enfrentá-los o quanto antes. Para isso, se fortaleça.

Também há inimigos dentro de nós. Assim é a mente, serpente que não perde uma oportunidade de dar o bote. Acalmá-la é essencial. Eu, que já tive uma experiência sublime com a prática de meditação, sugiro o curso da Sociedade Vipassana. Acesse a página da entidade (sociedadevipassana.org.br) e entenda o que o Programa de Redução do Estresse, que começa ainda em abril, pode fazer pela sua saúde física e emocional.

Existem outros remédios para sair da zona de conforto. Um hobby, uma prática manual, um talento escondido que pode aflorar. Dona Valeriana, mãe de um amigo, nunca teve e-mail, celular ou redes sociais, mas tinha o bordado como passatempo. Na pandemia, trabalhou como nunca. Para surpresa do filho, ela criou uma loja no Instagram e pôs o ofício no mundo. Segue lá: @ponto.a.ponto17.

Quantos de nós são capazes de sair do lugar e tentar algo novo? Sempre é tempo. E essa é a melhor forma de lidar com a pandemia. Não dá mais pra ser igualzinho a antes. A inércia hoje é estupidez. Aprenda qualquer coisa nova, mexa o corpo, saia da casinha e mostre ao próximo que ele também é capaz.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação