Leitor reclamou de Ary Barroso com a música Meu Brasil brasileiro. Ora, caríssimo, o pronome possessivo cabe muito bem aí. Todos nós podemos falar em “meu Brasil” ou em “nosso Brasil”. Ninguém pode se apropriar de “meu ou nosso Brasil” como sua propriedade. Mas pode evocá-lo, saudá-lo, honrá-lo. O Exército, as Forças Armadas, os prédios públicos, as ruas, os parlamentos, os ministérios, os palácios, os tribunais, as autarquias, nada disso é propriedade particular. O solo, o verde de nossas matas, o ouro do nosso chão, o azul do nosso céu são tudo “coisa nossa”, pois tudo pertence ao povo brasileiro. Rodovias, ferrovias, monumentos, portos, aeroportos, tudo isso são entidades físicas ou simbólicas que servem ao público. Quem nelas trabalha é chamado de ‘servidor público’; do menor ao maior, todos são/somos servidores, sem exceção. Ary Barroso foi extremamente feliz com sua aquarela do Brasil. O Brasil é nosso, é do povo que aqui nasce, aqui trabalha, aqui paga impostos para a sua manutenção. Os coqueiros que dão coco, as fontes murmurantes, as praias e montanhas, a fauna e a flora, os risonhos e lindos campos — tudo é nosso. É tudo do povo brasileiro e de mais ninguém!
» Thelma B. Oliveira,
Asa Norte
Fé e covid
Na disputa por uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) vale tudo para agradar a Jair Bolsonaro. Até ignorar a ciência e defender a reabertura de templos no pior momento da pandemia. Na quarta-feira (31/3), o procurador-geral da República pediu a derrubada do decreto paulista que suspendeu temporariamente os cultos presenciais. A medida fez parte de um pacote emergencial para tentar frear o avanço da covid-19. Sem argumentos racionais à mão, Augusto Aras apelou a um misto de negacionismo com misticismo. O procurador-geral disse estar preocupado com a “saúde mental e espiritual da população brasileira, que precisa de assistência religiosa para o enfrentamento de momento tão grave da pandemia”. No dia seguinte, o então ministro da Justiça correu para endossar o pedido. O papa Francisco deu o exemplo ao conduzir a cerimônia da Via-Sacra sem público pelo segundo ano seguido. O lobby para reabrir os templos no Brasil tem motivações menos espirituais do que terrenas. Desde o início da pandemia, religiosos que apoiam o governo têm reclamado da queda na receita. Sem cultos presenciais, a arrecadação do dízimo despencou. Isso explica a pregação em nome de Deus contra as medidas sanitárias que salvam vidas. Com meus respeitos, esses religiosos insensatos priorizam com volúpia e ganância suas arrecadações financeiras, em vez de preservar a saúde e a vida dos seus fiéis. Esdrúxulo e estapafúrdio, o ministro da Advocacia-Geral da União afirmou que “os religiosos não estão matando pela sua fé, mas estão dispostos a morrer por ela”. Legítimo disparate! Senhor ministro e pastor presbiteriano, isso é amor ao próximo?
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
Justiça
Uma vez que no Brasil nos espelhamos em muitas das ações do povo norte-americano, não seria também ocasião oportuna de se efetuar uma reforma na nossa Suprema Corte, cujos integrantes, em alguns casos, são outsiders da carreira jurídica e de “questionável” notável saber jurídico, como está explícito na Constituição? Não seria também oportuno se estabelecer mandatos e acabar com essa mamata de cargos vitalícios cujos ocupantes são indicados pelos presidentes da República que, como consequência, passam a dever a eles e não ao povo a eterna gratidão?
» Vilmar Oliva de Salles,
Taguatinga
Nosso Rasputin
A duras penas, Bolsonaro se livra da presença do astrólogo Olavo de Carvalho sobre seu governo. Esse aprendiz de Rasputin imita Trump e sua filosofia de extrema direita antiglobalista exercia influência sobre parentes do presidente. Como o monge russo, Olavo fez grandes estragos no governo. Seus adeptos ocuparam ministérios que tiveram o pior desempenho: Educação e Relações Exteriores. Na Educação, nomeou o colombiano Ricardo Rodriguez, que saiu logo, porque não tinha ideia do que fazia ali. Em abril, assumiu Abraham Weintraub, que ficou famoso por declarações ofensivas e agressivas contra educadores e autoridades brasileiras e estrangeiras, como ministros do STF e representantes de países estrangeiros, e saiu do país às pressas. A educação, tão importante para o desenvolvimento, perdeu praticamente dois anos com eles. Nas Relações Exteriores, o caos foi igual ou pior. Ernesto Araújo não tinha perfil de diplomata e não poderia ter sido ministro. Era uma fonte permanente de problemas, com suas declarações polêmicas e inoportunas. Na pandemia, deveria ter ajudado na busca de medicamentos e vacinas, mas só criou atritos e dificuldades. Ele isolou o Brasil no cenário internacional e se orgulhava de o país ser um pária mundial. Saiu sem saber qual era o papel do chanceler e serviu mais a Trump e a Olavo do que ao Brasil. Mas Olavo parece ter mais adeptos no governo, como o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que nega o aquecimento global e os desmatamentos e as queimadas no país. Salles disputou com Ernesto quem causava mais mal à imagem do Brasil no exterior. Era um páreo duro.
» Ricardo Pires,
Asa Sul
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Desabafo
>> Pode até não mudar a situação,
mas altera sua disposição
Fogueira em praça pública:
livros serão taxados.
Eduardo Pereira — Jardim Botânico
Fraternidade é amor ao próximo. As religiões pregam a fraternidade. Aglomerar agora é um risco para a vida dos outros. Deixar de ir temporariamente aos templos é um ato de fé e caridade.
Joaquim Antunes de Carvalho — Asa Norte
Cresce o número de infectados e de óbitos no DF. Mas o governo local insiste em seguir a necropolítica do mito do Planalto.
Joaquim Honório — Asa Sul
CPI para quê? Sabe-se que tudo não passará de encenação.
Os culpados comandam o país.
Arthur de Castro — Asa Sul