A Organização das Nações Unidas (ONU) firmou uma parceria com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), na última sexta-feira, para cooperar no combate à pandemia do novo coronavírus. O entendimento faz todo o sentido. Afinal, é nas cidades, onde a maior parte das pessoas vive, que a covid-19 provoca mais mortes e casos, como atesta relatório da ONU Habitat, ao mostrar que, nos três primeiros meses deste ano, 95% dos contágios foram registrados em centros urbanos. E, no Brasil, a FNP representa 412 municípios com mais de 80 mil habitantes, incluindo todas as capitais.
Intitulado Cidades e pandemias: rumo a um futuro mais justo, verde e saudável, o estudo da ONU Habitat baseia-se em evidências coletadas em mais de 1.700 cidades mundo afora, descreve como estiveram na linha de frente da pandemia e ressalta o papel de prefeitos e líderes comunitários na crise sanitária. “Coube aos governos locais e às comunidades agirem de forma rápida e decisiva para deter a disseminação da covid-19 e mitigar seus efeitos”, disse a diretora executiva da agência, Maimunah Mohd Sharif, no lançamento do documento, em 30 de março.
No relatório, a ONU Habitat afirma que situações de desigualdades, como a falta de acesso a serviços básicos e condições de vida em locais superpovoados, foram as principais responsáveis pelo avanço da covid-19. Chefe de Conhecimento e Inovação da agência, Eduardo Moreno afirma que, devido à pandemia, cerca de 120 milhões de pessoas no mundo serão empurradas para a pobreza e, com isso, os padrões de vida serão reduzidos em 23%. “A conclusão é que renda importa”, diz ele.
Programa das Nações Unidas voltado aos assentamentos urbanos, a ONU Habitat destaca não apenas que os municípios são o carro-chefe do enfrentamento à pandemia. Mas aponta caminhos para que os centros urbanos duramente atingidos pela covid-19 possam, além de reduzir os impactos de surtos futuros, tornar-se socialmente mais justos, sustentáveis e produtivos. O ponto de partida, sugere, é repensar a configuração das cidades, de forma que estejam na vanguarda de um possível contrato social entre governos, sociedade civil e setor privado.
Centros urbanos bem planejados, capazes de combinar espaços residenciais, comerciais e públicos com habitação acessível e fluidez na mobilidade, podem melhorar a saúde pública, a economia local e o meio ambiente, diz o estudo. Outro ponto rumo à sociedade mais justa e sustentável, assinala a agência da ONU, implica políticas de redução da pobreza, complementada por incentivos a pequenos negócios, trabalhadores informais e setores mais vulneráveis.
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