Por JOE VALLE — Empresário. Foi deputado distrital e presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal
Com certeza, você já leu ou ouviu a frase “Brasília, capital da esperança”. Não sei quando, onde ou em qual contexto, mas você a conhece. O que talvez desconheça é que, mais do que uma frase, ela é também um verso que acompanha os habitantes do nosso quadradinho, o Distrito Federal, desde o seu nascimento. Um verso do universo brasiliense. Um verso que se renova a todo momento, que nos motiva, que nos faz buscar o melhor em cada um de nós e que, acima de tudo, nos enche de orgulho. A esperança está em nossa gênese, em nosso DNA. A esperança é o que nos move, é o nosso jeito de viver e acreditar. É a marca de nascença de Brasília e também é a nossa “tag”, nossa “hashtag” nas redes de nossas vidas.
“Brasília, capital da esperança” surgiu como música, em ritmo de marchinha. De autoria de Simão Neto e Ariovaldo Pires (o capitão Furtado, radialista e um dos compositores mais gravados na história da música popular brasileira), foi composta entre 1959 e 1960. De tão tocada nos anos 1960, levou muitos a imaginarem que se tratava do hino oficial do Distrito Federal.
Por destacar o espírito desbravador existente à época e o simbolismo que a nova capital representava para um novo Brasil, suas estrofes caíram no gosto popular: “Em meio à terra virgem desbravada/na mais esplendorosa alvorada/feliz como um sorriso de criança/um sonho transformou-se em realidade/surgiu a mais fantástica cidade/“Brasília, capital da esperança”; e, ainda, “Desperta o gigante brasileiro/desperta e proclama ao mundo inteiro/num brado de orgulho e confiança: nasceu a linda Brasília/a “capital da esperança”.
Nossa cidade não só é, como merece ser a capital da esperança. A capital de todos os brasileiros. Um farol que mostra o caminho a seguir. Por muitos anos, Brasília inspirou, ultrapassou barreiras e foi uma cidade de vanguarda. Ousou na educação, na saúde, na cultura. Ousou ser uma cidade diferente, mas sem perder a capacidade de acolher.
Hoje, sem festas, mas igualmente esperançosos, comemoramos os 61 anos de Brasília. Somos cidade, somos realidade. Resilientes, renovamos nossa esperança. Sonhamos com o futuro, confiamos na ciência e seguimos acreditando na imensa capacidade humana de se reinventar. Nesta pandemia, a inteligência de cada um é necessária para nos adaptarmos e avançarmos coletivamente. A adaptação dependerá do conhecimento disponível, da superação de desavenças e da capacidade de buscarmos o que nos pode unir.
Os tempos não são fáceis. Estamos perdendo muitas pessoas para a covid, profissionais da saúde exaustos, sistema de saúde em colapso, a insegurança alimentar e a fome são realidades, desemprego. A gestão pública também precisa se adaptar. Inovar. Avaliar. Monitorar. Agir. Vivemos tempos de muita desesperança e tristeza. Tenhamos sempre presente palavras do vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa, João Amaro de Matos: “a capacidade de inovar vem do impacto social, por vezes involuntário, refletido na redução da pobreza, das doenças, das guerras e da maior produção de alimentos”.
É longa a caminhada. Inclui interrupções e retrocessos frustrantes. Não podemos parar de nos mobilizar constantemente para que Brasília volte a ser a capital da esperança. Volte a ser uma cidade de vanguarda. Volte a ser tudo o que ela pode ser! Somos sonhadores, apostamos tudo no processo democrático, no lento e persistente trabalho de sensibilizar e mobilizar para conformar maiorias, ouvir e respeitar opiniões, construir consensos. Sonhemos. “É dos sonhos dos homens que uma cidade se inventa”, dizia o poeta recifense Carlos Pena Filho”.
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