Justiça
Em entrevista ao Correio, o brasiliense Anderson Torres ainda revela reflexos da polícia. Não se convenceu de que agora é ministro da Justiça! Vejamos. Entre outras coisas, defende a posse de arma de fogo doméstica; o excludente de ilicitude que permite a impunidade policial; e a investigação sobre a CPI que apura as falhas históricas e diárias do combate à pandemia como todo o universo reconhece. Certamente pertence aos que vão para a cama com a namorada sem antes retirar as meias.
» A.C. Scartezini,
Lago Sul
» Estarrecedora a entrevista do ministro da Justiça, Anderson Torres. Ao defender a posse de armas pelo cidadão comum é trilhar na contramão dos especialistas em segurança pública. Sabe-se que quanto mais armas em circulação, mais a vida das pessoas está ameaçada. O censo de justiça do ministro é, sem dúvida, uma aberração. A lógica de liberar o comércio de armas e munições só favorece as organizações criminosas, cujo poderio bélico supera o das forças de segurança pública. O excludente de licitude é garantia de impunidade dos maus policiais. Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que para cada policial morto em confronto com a bandidagem, pelo menos quatro negros são executados, sejam culpados ou não — e se fossem os autores, deveriam ser julgados, conforme determina a legislação penal. Não é à toa que a cada 21 minutos um jovem negro é executado neste país e as supostas balas perdidas matam crianças negras. O que depreendi da entrevista ao Correio é que o ministro se coloca muito mais como justiceiro do que como um servidor público, que deveria defender a não violência e primar para que houvesse, de fato, justiça neste país, e não fazer, como eu entendi, como apologia aos conflitos. Suas declarações causam terror e pânico aos cidadãos defensores da paz.
» Heloísa Vieira,
Sudoeste
CPI da Covid
Muito pertinente a declaração de um leitor (30/04): “se o governo foi eficiente no enfrentamento da covid-19, não há porque ficar preocupado com a CPI do Senado. De fato, quem não deve não teme. Ou será que agora caiu a ficha sobre declarações infelizes, tipo isso é uma gripezinha, todos vão morrer um dia, os brasileiros são uns maricas ficando em casa confinados, quem tomar a vacina pode virar um jacaré, vai pedir vacina pra sua mãe, etc, etc? Repito: quem não deve não teme.
» Paulo Molina Prates,
Asa Norte
Temor
Se alguém tem motivo para temer alguém, não é a democracia que deve ter medo de Jair Bolsonaro. É o contrário: são as ferramentas democráticas que andam a impor a Jair Bolsonaro o receio de sofrer impedimento ou não conseguir se reeleger. A maior sinalização disso é a escalada defensiva do presidente, que, se de fato se sentisse firme e forte, não precisaria se aliar ao Centrão, oferecendo cargos, o toma lá dá cá, que tanto condenou em sua campanha, bem como pedir apoio às ruas com pouco mais de dois anos de governo, tendo ainda mais dois de mandato pela frente. Situação essa, decorrente de pesquisas que registram ligeira queda em sua avaliação positiva. Bolsonaro faz questão (excessiva até) de aparentar indiferença às críticas, embora suas atitudes digam exatamente o oposto. Não passa um dia sem produzir uma provocação, mas tem o cuidado de fazê-lo no rol de súditos. O presidente pode ser tosco, mas não é tolo. Claudica mental e emocionalmente, o que não o impede de estar na perfeita posse de suas faculdades de visão e de audição. Portanto, já deve ter percebido que o adversário agora é outro, vai muito além do PT e forma um contingente que só faz crescer. A conversa sobre os esquerdopatas, os corruptos, os transgressores da moral e dos bons costumes anima e empolga a torcida restrita, se comparada a grupos e personalidades que o apoiaram em 2018. O protesto do dia 1º de maio concretamente chegará aonde? A lugar nenhum, se a gente somar os efetivos de um lado e de outro. Bolsonaro está em desvantagem em decorrência da grave crise sanitária que não soube administrar e que ceifou a vida, até o momento, de mais de 400 mil brasileiros, além da fome de Norte a Sul e 15 milhões de desempregados. Não há partido político fiel que firme fileiras em favor dele (só o Centrão?); dos Poderes da República não se ouvem sequer manifestações de apreço e mesmo no Executivo muita gente está calada; não existe sinal de apoio das Forças Armadas aos arreganhos autoritários; os governadores protestam e, no Parlamento, o presidente perde sucessivas paradas. Portanto, ainda que pretenda promover algum tipo de quebra da legalidade, contaria com quem? Se alguém tem algo a temer, não é a sociedade nem a democracia, mas quem porventura queira atentar contra a institucionalidade, instância de força muito maior.
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
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