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Brasil e Austrália, relacionamento e perspectivas promissoras

Austrália e Brasil celebraram 75 anos de relações diplomáticas em 2020. Nossas duas nações já alcançaram muito juntas, mas o melhor ainda está por vir

Timothy Kane
postado em 03/05/2021 06:00

Lamentamos, com nossos amigos brasileiros, a perda de vidas e a dor causada por uma das mais letais doenças da história. Porém, também nos voltamos para o futuro, tirando força dos princípios fundadores das nossas sociedades do Novo Mundo. Austrália e Brasil celebraram 75 anos de relações diplomáticas em 2020. Nossas duas nações já alcançaram muito juntas, mas o melhor ainda está por vir.

Nossas duas democracias continentais do Hemisfério Sul compartilham muito mais que o amor ao esporte. Nominalmente, o Brasil e a Austrália são a 9ª e a 13ª maiores economias do mundo (World Bank). A comunidade brasileira é a maior entre as latino-americanas na Austrália e cresceu mais de 800 por cento desde 2001. O português brasileiro é comumente ouvido em Sydney, Melbourne e Brisbane.

É fácil falar da relação amigável entre nós, mas queremos aprofundar e expandir este forte relacionamento existente. Temos raízes em áreas como educação: mais de 27 mil brasileiros estavam estudando na Austrália antes da pandemia, e quase 40 mil brasileiros inscreveram-se em nosso programa on-line FutureLearn durante a covid-19. A contribuição dos brasileiros aos nossos campi já faz com que nossas melhores instituições busquem a expertise brasileira em diversas áreas, da biomedicina à agricultura.

Agradecemos ao Senado brasileiro pela recente aprovação do nosso Acordo de Ciência, Tecnologia e Inovação — o qual vai enriquecer a pesquisa e fazer avançar nossas mais de oito mil publicações conjuntas dos últimos anos.

Provavelmente os negócios nunca estiveram melhor. A brasileira JBS tem mais de US$ 5,5 bilhões investidos na Austrália, emprega cerca de 12 mil australianos e beneficia-se da nossa rede de acordos de livre comércio para acessar a região do Indo-Pacífico a partir de uma base australiana. A Natura tornou-se dona da icônica empresa australiana Aesop em 2016; aviões da Embraer estão cada vez mais presentes no mercado aéreo doméstico ao norte e ao oeste da Austrália; e a Marco Polo fabrica e mantém os ônibus do sistema de transporte público municipal de Perth.

E esta é uma via de mão dupla. As empresas australianas Enegix e Fortescue Future Industries estão desenvolvendo oportunidades em hidrogênio verde, inclusive para exportar, no Ceará e Rio de Janeiro. O grupo bancário Macquarie está no Brasil há décadas e tem ativos em agricultura, reciclagem e mais. A Karoon Energy tem quase US$ 1 bilhão investido na Bacia de Santos; a empresa de engenharia Worley está ajudando a construir um dos maiores data centers do Brasil; a Goodman investiu em armazéns de sete aeroportos para entregas mais rápidas a empresas e consumidores brasileiros; e a Jervois Mining está reimaginando cadeias de fornecimento de cobalto e níquel a partir de suas operações em São Paulo. E esses são apenas alguns exemplos.

Queremos elevar o relacionamento de forma a beneficiar o maior número de brasileiros e australianos possível. Somos parte de uma transição para um mundo melhor, e nossas empresas estão considerando projetos de energia renovável no Brasil, particularmente eólica e solar.

Queremos ajudar a resolver gargalos de infraestrutura, tornando as rodovias melhores e mais acessíveis. E nosso objetivo é racionalizar nosso engajamento: queremos um Acordo Bilateral para Evitar a Dupla Tributação; e estamos avançando com um Programa de Trabalho e Férias para facilitar o trabalho e a viagem de jovens brasileiros e australianos.

Naturalmente, Brasil e Austrália estão focados em suas regiões imediatas. Mas apreciamos o interesse brasileiro no Indo-Pacífico e nos orgulhamos de o Brasil ser o nosso maior parceiro comercial e de investimentos na América Latina.

Estamos trabalhando juntos em mineração sustentável. Apreciamos a imensa contribuição que as mulheres e nossas comunidades indígenas, LGBTQIA+, de imigrantes e demais trazem às nossas sociedades. Podemos fazer mais, compartilhando expertise, em áreas como resposta a incêndios florestais, proteção ambiental e gestão marítima, e o mundo cibernético nos apresenta novas oportunidades animadoras.

Como membros do Grupo de Cairns de países exportadores agrícolas, Austrália e Brasil trabalham para a liberalização do comércio mundial de exportações agrícolas. Estamos comprometidos com uma ordem internacional global baseada em regras; somos membros do G20; e a promoção e proteção dos direitos humanos são uma prioridade mútua. A Austrália apoia a adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Obrigado, Brasil, pelos últimos 75 anos. Estamos ansiosos pelos próximos 75 e além. Uma jornada é sempre melhor quando compartilhada.

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