Sem controle da covid-19, o Brasil patina também na busca por recuperação da economia que não seja apenas pontual. O caminho para que o país reverta o encolhimento da produção de bens e serviços, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), e o desemprego recorde de mais de 14 milhões passa pelo conjunto dos estados mais desenvolvidos e, portanto, essenciais como força motriz do crescimento, mas eles enfrentam grave abalo provocado pela doença respiratória.
Os 10 estados mais importantes na composição do PIB do Brasil sofrem com 69,2% do total de casos de contaminação pelo novo coronavírus e 73,3% das mortes desde o início da pandemia. Os dados são resultado das notificações do boletim epidemiológico de quarta-feira do Ministério da Saúde. Ao todo, 14.930.183 brasileiros já se contaminaram, e 414.399 vidas foram perdidas para o novo coronavírus.
Tamanha concentração da atividade econômica em poucos estados representa dificuldade adicional à esperada reação firme e dinâmica o suficiente para chegar a maior número de brasileiros, reduzindo as desigualdades sociais. Apenas os três maiores PIBs do país — São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, nesta ordem — participam com 51,2% da produção da economia, de acordo com os dados mais recentes do IBGE.
Quando a análise é feita sobre os 10 maiores PIBs e o Distrito Federal, esse pelotão de frente do PIB faz rodar 83,8% da engrenagem que move o Brasil. E é nesse grupo que foram registrados 71,8% dos diagnósticos da covid-19 e 75,21% dos óbitos até quarta-feira. Significa que, a cada 10 brasileiros infectados ou mortos pelo coronavírus, mais de sete registros saíram das unidades da federação que sustentam o PIB e, por isso mesmo, essenciais na recuperação da economia e do emprego.
São Paulo, que responde por 31,6% do PIB — estimado em R$ 7 trilhões pelo IBGE em 2018, última cifra divulgada —, notificou, na quarta-feira, 2,956 milhões de pessoas contaminadas e 98.710 mortes. Segundo colocado no ranking, o Rio sofre com 761.216 diagnósticos acumulados e 45.581 óbitos. Em Minas, terceiro PIB do país, representando 8,8% do total, 1,388 milhão se contaminaram com o vírus e 34.837 não resistiram à infecção.
O Distrito Federal, dono do oitavo PIB do Brasil, conta 383.030 infectados e 7.978 mortos pela doença respiratória. Esse olhar detalhado sobre o reflexo da pandemia nas economias de maior peso no Brasil confirma a estreita relação entre um controle da covid-19, que depende da agilidade na compra e aplicação de imunizantes, e o esforço pela recuperação da economia.
Estudo divulgado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) faz esse alerta, ao enfatizar que “a velocidade e o sucesso do programa de imunização contra a covid-19 são imprescindíveis” para que o país consiga superar a crise econômica gerada pela pandemia. De março de 2020 a fevereiro último, a atividade dos setores da indústria, comércio e serviços em 14 estados analisados pela Firjan (87,8% do PIB do Brasil) caiu 6,7% na comparação com os 12 meses anteriores.
A economia brasileira encolheu 4,1% em 2020, na média, ceifando empregos e renda no país. Sem oportunidade de trabalhar, 400 mil brasileiros entraram na fila do desemprego entre dezembro de 2020 e fevereiro último. Agora, são 14,423 milhões de pessoas desocupadas, contingente mais alto já visto desde 2012, data de início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.
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