O desempenho da indústria brasileira é um dos que mais têm surpreendido em meio à gravíssima crise epidemiológica que o país atravessa. Entre janeiro e março, por exemplo, a atividade no setor cresceu 6,5%, na comparação com o mesmo período de 2020, lucrou mais, empregou mais pelo oitavo mês seguido e se manteve acima do nível de fevereiro do ano passado, antes de a pandemia do novo coronavírus atingir, de forma devastadora, a economia do país.
Nesta semana, estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado na segunda-feira, trouxe uma notícia ainda mais animadora. Ao fazer uma comparação entre os biênios 2007-2008 e 2017-2018, o levantamento constatou que aindústria nacional está reduzindo a concentração no Sudeste e aumentando a participação nas demais regiões do país.Principalmente, em estados do Sul e do Nordeste.
No início do período analisado, o Sudeste concentrava 61,63% do PIB industrial. Uma década depois, recuou para 53,97%, uma baixa de 7,66 pontos percentuais. No novo cenário, o Sul, que detém a segunda maior fatia do setor, ampliou em 2,46 pontos a participação, passando de 16,94% para 19,40%. Em seguida, vem o Nordeste, que avançou 2,06 pontos e agora aparece com 12,93%; o Norte, com 7% (+1,66); e o Centro-Oeste, com 6,7%(+1,48).
No caso de uma análise sobre a participação de estados e do Distrito Federal no PIB da indústria como um todo, São Paulo se mantém bem à frente na liderança, com 30,68%, apesar do recuo de 2,88 pontos percentuais. Depois de cair 4,44 pontos, o maior tombo entre as unidades da Federação, o Rio de Janeiro perdeu o segundo posto para Minas Gerais, que oscilou 0,36pp e avançou de 10,44% para 10,80%.
Quando se aborda o PIB específico do segmento de transformação — que responde por 57% da produção de toda a indústria —, São Paulo registrou a maior queda, de 5,44 pontos percentuais, mas mantém ampla dianteira nesse quesito, com 38,14% de participação. Apesar da oscilação negativa de -0,50 ponto, Minas Gerais continua em segundo lugar, com 10,10%. Rio Grande Sul e Paraná mantiveram, respectivamente, o terceiro e o quarto lugar. Santa Catarina avançou 0,69 ponto e, com 6,63%, ocupa agora a 5ª colocação, empurrando o Rio de Janeiro, quecaiu 1,05 ponto, para o sexto lugar nesse ranking.
Ainda no caso da indústria de transformação, a Bahia foi o estado que mais se destacou. Com alta de 1,40 ponto percentual, o estado passou a Amazônia e figura no oitavo lugar em participação no PIB do segmento, com 4,05%. Em seguida, nesse mesmo ramo, os aumentos mais expressivos foram anotados por Pernambuco (1,30 ponto), Paraná (1,26), Rio Grande do Sul (1,23) e Mato Grosso do Sul (1,07). Apesar de compreender um período anterior à pandemia do novo coronavírus, o levantamento aponta uma tendência. É um movimento benéfico. Isso porque a desconcentração da indústria implica mais empresas, empregos com melhores salários, menos concentração de renda e maior participação de todas as regiões no PIB da indústria nacional. Que esse deslocamento, tão bem-vindo, prossiga mesmo em meio à crise sanitária que assola o país e atinge, tão fortemente, a economia.
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