Visão do Correio

Jovens sem perspectivas

O problema é ainda pior entre os perfis dos menos favorecidos no mercado de trabalho, como mulheres, negros, pessoas de baixa instrução e habitantes de regiões mais pobres

Correio Braziliense
postado em 24/05/2021 06:00
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

Uma das nefastas consequências econômicas e sociais da crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus e que clama por ações urgentes dos governos federal, estaduais e municipais é a enorme quantidade de jovens no país com idade entre 15 e 29 anos que estão sem estudar nem trabalhar. Levantamento do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social) revela que, depois de bater o recorde histórico da série iniciada em 2012, chegando a 29,3% no segundo trimestre de 2020, o percentual dos chamados “nem-nem”, na faixa etária mencionada, até teve um recuo, mas fechou o ano passado em altíssimos 25,5%, ainda perto do pico anterior (26,3% no fim de 2016). Significa que um quarto de um contingente de cerca de 50 milhões de brasileiros ficou sem trabalho e fora da escola, ou seja, entregue à total ociosidade.

De acordo com Marcelo Neri, diretor do FGV Social e coordenador do estudo, o desemprego, que desde a recessão atingia principalmente os mais jovens, se agravou com a pandemia e abarcou mais da metade dos integrantes da faixa etária em foco (56,3%), no fim de 2020, índice pouco abaixo do ápice de 58,6% verificado no segundo e no terceiro trimestres daquele ano.

O problema é ainda pior entre os perfis dos menos favorecidos no mercado de trabalho, como mulheres, negros, pessoas de baixa instrução e habitantes de regiões mais pobres, como Norte e Nordeste. Neri observa que, sem trabalho e com educação precária, caem drasticamente as chances de mobilidade social dessa grande parcela da população, agravando as mazelas sociais.

Ele alerta para a necessidade premente de políticas eficazes de resgate ao ambiente escolar e de inclusão no mercado de trabalho voltadas a esses adolescentes e jovens, sob pena de comprometimento de uma geração inteira, que tenderia a deixar de contribuir para o crescimento do país, mesmo após a superação da pandemia — o que parece ainda distante, devido ao ritmo lento da campanha de vacinação. Portanto, que os gestores públicos tratem de estudar as melhores soluções para enfrentar o problema que aflige milhões de brasileiros e de trabalhar com afinco para a rápida implementação das medidas necessárias.

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